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Ataque a ônibus mata turistas na Península do Sinai

16 de fevereiro de 2014

Explosão ocorreu perto da cidade egípcia de Taba, fronteira com Israel. Região tem sido palco de ataques islamistas desde a queda do presidente Morsi, que responde a acusações de terrorismo, entre outras.

Foto: AFP/Getty Images

Um ataque à bomba contra um ônibus de turistas na Península do Sinai matou pelo menos quatro pessoas e deixou outros 13 gravemente feridos neste domingo (16/02), segundo autoridades do país. Entre os mortos estão três turistas sul-coreanos e o motorista egípcio. Cerca de 30 pessoas estavam a bordo.

A bomba explodiu quando o ônibus chegava a Taba, bem próximo à fronteira com Israel. As circunstâncias do ataque ainda não foram confirmadas. Um agente de segurança do sul do Sinai disse a um canal de televisão que a bomba estava dentro do ônibus. Já a edição online do jornal estatal al-Ahram destacou que, segundo uma fonte não identificada, um homem armado teria atacado o grupo de turistas em frente a um hotel.

A televisão estatal mostrou fotografias do ônibus com as janelas estilhaçadas e o teto parcialmente destruído. "Este foi um ato terrorista realizado com um artefato explosivo", afirmou uma fonte militar. "Terrorista" é a palavra usada por agentes de segurança para se referirem a militantes islâmicos.

A instabilidade no Egito tem afetado duramente o setor do turismo, uma das principais fontes de receitas do país. Segundo dados do governo, o número de turistas em dezembro do ano passado foi 31% inferior ao registrado em dezembro de 2012.

O Sinai tem sido palco de dezenas de ataques de militantes islamistas desde a deposição do presidente Mohamed Morsi, em julho do ano passado, mas este foi o primeiro contra turistas. Até então, os alvos vinham sendo apenas policiais e soldados.

"Os militantes do Sinai agora estão em busca de alvos mais fáceis, sem precisar entrar em confronto com a polícia ou com as Forças Armadas, que já tomaram precauções", avalia Mustapha Kamel al-Sayid, professor de Ciências Políticas da Universidade do Cairo. "Esta é uma vitória fácil para eles e com baixo risco."

Com base no Sinai, o grupo inspirado nos terroristas do Al Qaeda e autodenominado Ansar Bayit al-Maqdis tem assumido a autoria da maioria dos ataques na região.

Morsi compareu a audiência em uma espécie de gaiola de vidro à prova de somFoto: picture-alliance/AP Photo

Morsi em julgamento

A explosão ocorreu no mesmo dia em que Morsi compareceu a um tribunal para responder a um dos inúmeros processos contra ele. Neste, ele é acusado de conspirar com grupos estrangeiros para cometer atos terroristas no Egito.

Advogados do ex-presidente, no entanto, abandonaram a Corte em protesto alegando não conseguirem escutar o cliente, fechado em uma espécie de gaiola de vidro à prova de som. O microfone que permite com que o acusado seja ouvido é controlado pelo juiz.

O magistrado Shaaban el-Shamy ordenou que o sindicato dos advogados nomeie 10 pessoas para defender Morsi na próxima audiência, marcada para o dia 23 deste mês. "Minha consciência profisssional não me permite continuar nesses procedimentos vazios", afirmou Mohamed Salim al-Awa, um dos advogados, à agência Reuters.

Logo no início da sessão, Morsi também reclamou que não conseguia ouvir nada de dentro da cabine. El-Shamy autorizou então que o volume do som lá dentro fosse aumentado. A cabine foi adotada depois de o ex-presidente e seus seguidores interromperam audiências anteriores gritando slogans e impedindo o juiz de se pronunciar.

"Maior conspiração do Egito"

Promotores de Justiça afirmam que a Irmandade Muçulmana, grupo do ex-presidente Morsi, está ligada ao "maior caso de conspiração da história do Egito". Os islamistas teriam desenvolvido um "plano terrorista" em 2005, o qual envolvia o Hamas palestino, os xiitas iranianos e seu aliado libanês Hisbolá. Além de Morsi, outras 25 pessoas estariam envolvidas. O objetivo era, entre outros, tomar o poder das mãos do então presidente Mubarak.

O Hamas negou as acusações afirmando tratar-se de "invenções e mentiras". A Irmandade Muçulmana também rejeita as alegações, garantindo ser uma organização pacífica sem ligação com grupos violentos, e acusa as Forças Armadas de golpe para estabelecer uma ditadura.

MSB/rtr/lusa/ap

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