Kiev e Moscou acusam-se mutuamente pelo bombardeio, que também deixou mais de 80 feridos. Objetivo do comboio era buscar familiares no lado ocupado pelos russos e levá-los para áreas controladas pela Ucrânia.
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Pelo menos 30 pessoas morreram e mais de 80 ficaram feridas nesta sexta-feira (30/09) em um ataque a um comboio de civis na região de Zaporíjia, no sul da Ucrânia, informou a polícia ucraniana.
Moscou e Kiev culpam-se mutuamente pelo bombardeio. Ambos os lados divulgaram fotos de carros destruídos e corpos ao lado deles, mostrando as supostas consequências do ataque. A DW não pode checar as informações de forma independente.
Segundo a Ucrânia, o ataque aos civis ocorreu perto de um posto de controle entre as partes da região controladas pela Ucrânia e pela Rússia. Os foguetes atingiram pessoas que esperavam em seus carros para entrar em território controlado pela Rússia, disse o comissário de direitos humanos do Parlamento ucraniano, Dmytro Lubinets. O objetivo do comboio era buscar familiares no lado ocupado pelos russos e levá-los para áreas controladas pela Ucrânia.
"Somente terroristas absolutos, para quem não há lugar no mundo civilizado, podem agir dessa maneira", escreveu no Telegram o presidente ucraniano, Volodimir Zeleski, ressaltando que "Moscou quer vingança por seus fracassos e pela ininterrupta resistência ucraniana".
De acordo com a Ucrânia, não há instalações militares na área.
Autoridades pró-Rússia culpam Ucrânia
Por outro lado, as autoridades pró-Rússia acusaram a Ucrânia de ser a responsável pelo "ataque terrorista".
O "regime de Kiev" está tentando retratar o incidente como um bombardeio de unidades russas, escreveu o oficial pró-russo Vladimir Rogov no Telegram. Segundo ele, "combatentes ucranianos" cometerem "outro ato de terrorismo", em uma provocação "nefasta".
De acordo com as autoridades pró-Moscou, o objetivo da Ucrânia era impedir que civis chegassem às áreas ocupadas pelos russos.
O ataque ocorreu no dia em que Moscou realizou uma cerimônia de anexação - considerada ilegal e não reconhecida pela comunidade internacional - de Zaporijia e outras três regiões ucranianas: Lugansk, Donetsk e Kherson.
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Ataques também em Dnipro e Mykolaiv
De acordo com a Ucrânia, a cidade de Dnipro também foi atingida por foguetes. Pelo menos uma pessoa morreu e cinco ficaram feridas. Em Mykolaiv, um míssil russo atingiu um prédio, ferindo oito pessoas, informaram as autoridades locais.
A Força Aérea Ucraniana relatou novos ataques de drones em Mykolaiv e Odessa. Os drones entregues pelo Irã têm sido cada vez mais usados pela Rússia nas últimas semanas, aparentemente para evitar a perda de mais pilotos.
Em Kherson, um oficial pró-Rússia foi morto. O vice-chefe de segurança da região, Alexei Katerinichev, morreu em um "ataque preciso" das forças ucranianas, informou o vice-chefe pró-russo de Kherson Kirill Stremusov, segundo a agência de notícias russa TASS.
De acordo com o relato, dois projéteis disparados de um lançador de foguetes Himars teriam atingido a casa do oficial russo.
le (Lusa, ots)
Ataques da Rússia a alvos civis na Ucrânia
Vladimir Putin nega que o exército russo esteja atacando alvos civis na guerra na Ucrânia. Mas os fatos o contradizem, como mostra esta galeria de fotos, que nem de longe abrange todos os ataques russos.
Foto: Maksim Levin/REUTERS
Mais de 5.500 civis mortos
O presidente russo, Vladimir Putin, declarou no fim de junho: "O exército russo não está atacando alvos civis". Observadores independentes discordam: de acordo com dados da ONU, mais de 5.500 civis morreram na Ucrânia desde o início da guerra e mais de 7.800 ficaram feridos como resultado de ataques russos. Na foto, um centro comercial destruído em Kremenchuk, 27/06/2022.
Foto: Efrem Lukatsky/AP Photo/picture alliance
Chaplyne: 25 mortos em bombardeio
Uma enorme cratera em Chaplyne. A pequena cidade no leste da Ucrânia, com cerca de 3.800 habitantes, foi alvo de um ataque russo em 24 de agosto, como admitiu mais tarde o Ministério da Defesa em Moscou. O alvo foi um trem de transporte de armas, mas o ataque também atingiu civis. Segundo a companhia ferroviária ucraniana, 25 foram mortos, incluindo duas crianças.
Foto: Dmytro Smolienko/Ukrinform/IMAGO
Vinnytsia: 28 vítimas em ataque com foguete
Em 14 de julho, o exército russo atingiu com um míssil a Casa dos Oficiais de Vinnytsia, onde teria ocorrido "uma reunião da liderança militar das Forças Armadas ucranianas e fornecedores estrangeiros de armas". Entre os 28 mortos, estavam três crianças e três oficiais, além de mais de 100 feridos. Vinnytsia se localiza a sudoeste de Kiev.
Foto: State Emergency Service of Ukraine/REUTERS
Chasiv Yar: 48 mortos em bombardeio
Na noite de 9 de julho, a pequena cidade de Chasiv Yar, no leste da Ucrânia, foi bombardeada. Segundo a mídia, os lançadores de foguetes múltiplos Uragan foram disparados em áreas residenciais. Um edifício residencial de cinco andares foi duramente atingido, e 48 corpos foram resgatados de seus escombros.
Foto: Nariman El-Mofty/AP/dpa/picture alliance
Serhiyivka: 21 mortos em ataque com mísseis de cruzeiro
Um ataque a Serhiyivka em 1º de julho custou pelo menos 21 vidas. O porto perto de Odessa aparentemente foi atingido por mísseis de cruzeiro durante a noite, como a Anistia Internacional informou após investigações no local. Pelo menos 35 ficaram feridos nos ataques. Por ser um resort de saúde, Serhiyivka é particularmente popular entre os turistas russos.
Foto: Maxim Penko/AP/picture alliance
Kramatorsk: 61 mortos na estação de trem
Imagens terríveis de Kramatorsk deram a volta ao mundo em 8 de abril: vários mísseis submarinos russos 9K79-1 Tochka atingiram a estação ferroviária da cidade no leste da Ucrânia, enquanto passageiros esperavam pelo trem. 61 foram mortos, incluindo sete crianças. Cientistas de balística determinaram que os mísseis haviam sido disparados da área da Ucrânia controlada pelos russos.
Foto: Ukrainian President Volodymyr Zelenskyy's Telegram channel/dpa/picture alliance
Bucha: encontrados 1.316 corpos
Bucha tornou-se sinônimo das ações brutais do Exército russo: depois que as tropas inimigas partiram, em 30 de março, vários corpos jaziam na rua Jablunska. No total, foram encontrados 1.316 corpos em Bucha e arredores. Embora a Rússia tenha negado quaisquer massacres, verificadores de fatos internacionais e equipes de investigação confirmaram execuções de civis por soldados russos.
Foto: Zohra Bensemra/Reuters
Mykolaiv: 36 mortos em ataque à administração regional
Em 29 de março, um ataque aéreo atingiu o prédio da administração regional de Mykolaiv. A parte central do edifício foi completamente destruída, do primeiro ao nono andar, restando apenas um esqueleto do prédio. A explosão também danificou vários edifícios residenciais e administrativos próximos, causando a morte de 36 cidadãos.
Em 16 de março, uma bomba destruiu o teatro no centro de Mariupol. De acordo com a Human Rights Watch, mais de 500 civis estavam se abrigando dos ataques no prédio na época. A palavra "Crianças" escrita em enormes letras brancas na frente e atrás do prédio não serviu como escudo. Segundo a prefeitura, 300 morreram.
Foto: Pavel Klimov/REUTERS
Mariupol: quatro mortos em ataque a clínica
Um ataque aéreo russo em 9 de março destruiu o hospital infantil e a maternidade de Mariupol. Houve menos quatro mortes, incluindo uma grávida e seu bebê, 17 ficaram feridos. Enquanto o Ministério da Defesa russo falou de uma "provocação encenada", o chefe da diplomacia da União Europeia, Josep Borrell, chamou o atentado de "crime de guerra".
Foto: Evgeniy Maloletka/AP/picture alliance
Charkiv: foguete mata 24 pessoas
Um vídeo de vigilância divulgado pelo Ministério das Relações Exteriores da Ucrânia mostrou um foguete atingindo o prédio da Administração Estatal Regional de Kharkiv em 1º de março, causando 24 mortes, inclusive de transeuntes.
Foto: Pavel Dorogoy/AP/picture alliance
Inquérito do Tribunal Penal Internacional
As autoridades ucranianas relatam mais de 29 mil crimes de guerra, do início do conflito, em 24 de fevereiro de 2022, até 26 de agosto. Investigações independentes prosseguem. O Tribunal Penal Internacional enviou equipes para coletar informações. De acordo com as Convenções de Genebra, ataques deliberados a civis são crimes de guerra. No entanto, a Rússia não reconhece a corte sediada em Haia.