1. Pular para o conteúdo
  2. Pular para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

Ataque a escola judaica deixa a França em estado de alerta

19 de março de 2012

Além da França, também a Bélgica e a Holanda reforçam a segurança nos arredores de instituições judaicas. Comunidade internacional repudia atentado que resultou na morte de quatro pessoas, três delas crianças.

Foto: AP

A comunidade internacional condenou o ataque a uma escola judaica em Toulouse, sul da França, nesta segunda-feira (19/03), que deixou um saldo de quatro mortos – três deles crianças – e dezenas de feridos.

Além de Jonathan Sandler, um professor de religião de 30 anos que havia se mudado de Jerusalém para a França no ano passado, foram mortos dois filhos dele, um de 3 e outro de 6 anos, e uma menina de 10 anos. Segundo testemunhas, o atirador chegou pela manhã, numa moto, a abriu fogo contra as pessoas que estavam em frente à escola Ozar Hatorah.

Segundo os investigadores, tudo indica tratar-se da mesma pessoa que dias atrás matou três soldados paraquedistas de origem árabe e feriu gravemente um quarto em dois episódios distintos, em Toulouse e Montauban, mas com vários detalhes em comum. A arma do crime é a mesma, uma pistola semiautomática calibre 11.43, e também a moto, uma Yamaha T-MAX roubada há uma semana.

Revolta em Israel

O governo de Israel liderou as manifestações de repúdio ao ataque. O porta-voz do Parlamento israelense, Reuven Rivlin, afirmou que o ataque à escola judaica foi uma ação contra Israel e os judeus e por isso deveria ser um alerta à comunidade internacional.

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, qualificou o episódio como um assassinato mesquinho. "É muito cedo para determinar exatamente o que está por trás desse ato criminoso, mas certamente não podemos descartar a possibilidade de que tenha sido motivado por um violento e criminoso antissemitismo", afirmou Netanyahu.

O ministro israelense do Exterior, Avigdor Lieberman, declarou ter ficado "profundamente chocado" com o incidente. O Centro Rabino Europeu, sediado em Bruxelas, afirmou: "Difícil acreditar que o principal desafio para o judaísmo europeu continua sendo o antissemitismo e as ameaças a suas vidas".

O Vaticano também se manifestou condenando o ataque. A Igreja Católica expressou indignação por meio de seu porta-voz, Federico Lombardi, com o ato "abominável" neste novo episódio de "violência sem sentido" na França.

O presidente da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso, classificou o crime como "odioso" e "intolerável". "Nada é mais intolerável do que o assassinato de crianças inocentes", disse o português.

Na Alemanha, o ministro do Exterior, Guido Westerwelle, disse esperar que os autores sejam encontrados rapidamente e prestem contas dos seus atos. "Antissemitismo e violência contra instituições ou pessoas de fé judaica não encontram mais lugar na Europa e precisam ser rigorosamente punidas", afirmou Westerwelle.

Reforço na segurança

O presidente francês e candidato à reeleição, Nicolas Sarkozy, considerou evidente a motivação antissemita do ataque e anunciou que elevou para o máximo o alerta antiterrorista na região. Segundo ele, informações transmitidas à presidência pelas autoridades policiais permitem afirmar que "uma mesma pessoa e uma mesma arma" mataram os três militares na semana passada e as quatro pessoas na escola judaica.

O chefe de Estado, que suspendeu a campanha eleitoral "pelo menos até quarta-feira", o dia do enterro dos três militares assassinados na semana passada, assegurou que "este ato odioso não pode ficar impune" e que foram mobilizados "todos os meios disponíveis" para capturar o responsável.

Sarkozy anunciou que o plano de alertas antiterroristas foi elevado ao nível máximo, e que 120 investigadores se encontram em Toulouse, numa investigação coordenada pelo ministro do Interior, Claude Guéant.

Também a Bélgica e Holanda reforçaram a segurança nos arredores de escolas e em outros prédios onde funcionam instituições judaicas, enquando grupos de judeus na Europa cobram das autoridades francesas agilidade na captura do atirador.

"Na medida em que aparecem os detalhes, parece que este foi um ataque premeditado com a intenção de matar crianças judias", disse o presidente do Congresso Judeu Europeu, Moshe Kantor. "Seja lá quem estiver por trás disso, essa pessoa mirou exatamente o ponto mais fraco da comunidade judaica, os jovens, na esperança de espalhar o medo pela comunidade."

Segundo o Ministério francês do Interior, o país abriga a maior comunidade judaica na Europa, formada por 600 mil judeus. Está programado para esta terça-feira um minuto de silêncio no país em homenagem às vítimas.

Palco para candidatos

O ataque contra a escola judaica acabou desviando a atenção dos franceses das eleições presidenciais no país, marcadas para 22 de abril. Os principais candidatos interromoperam as agendas e foram a Toulouse manifestar solidariedade às famílias judias.

O principal adversário de Sarkozy nas urnas, o candidato socialista François Hollande, também esteve na escola e conclamou uma reação comunitária em repúdio ao atentado. "Precisamos fazer de tudo para dar a estes atos antissemitas e ao racismo uma resposta coesa e definitiva de toda a república", afirmou Hollande.

Em terceiro lugar na corrida presidencial, a candidata do principal partido de extrema direita, Marine Le Pen, também condenou um "tiroteio criminoso" e empenho dos poderes públicos para impedir "um novo drama".

Apesar de questões de antissemitismo não terem sido abordadas durante a campanha eleitoral, a grande presença de estrangeiros na França frequentemente é tema dos candidatos. Há cerca de dez dias, Sarkozy afirmou num debate na televisão que o país já tem muitos estrangeiros. E prometeu, num eventual segundo mandato, reduzir à metade o número de novos imigrantes. As declarações foram criticadas por Hollande.

MSB/afp/dpa/lusa
Revisão: Alexandre Schossler