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Terrorismo

Ataque a tiros mata crianças e soldados em desfile no Irã

22 de setembro de 2018

Atiradores disfarçados de membros da Guarda Revolucionária abrem fogo contra dezenas de pessoas em parada militar no sudoeste do país. "Estado Islâmico" e grupo separatista assumem autoria. Teerã culpa rivais do Golfo.

Ataque contra uma parada militar em Ahvaz, no sudoeste do Irã
Parada militar lembrava o aniversário do início da guerra de 1980-1988 contra o IraqueFoto: Mehr

Homens armados abriram fogo neste sábado (22/09) contra um desfile militar no sudoeste do Irã, matando ao menos 29 pessoas, entre elas membros da Guarda Revolucionária, mulheres e crianças. Outras dezenas de pessoas ficaram feridas num dos piores ataques contra a força de elite.

O atentado ocorreu na cidade de Ahvaz, próximo à fronteira iraquiana, durante o evento que marca o aniversário do início da guerra de 1980-1988 contra o Iraque de Saddam Hussein. Agências de notícias relatam que os atiradores estavam disfarçados de soldados durante o desfile.

Imagens gravadas pela televisão estatal iraniana mostram jornalistas e espectadores da parada militar voltando os olhos para os primeiros tiros, e então as filas de marchantes se desfazendo enquanto soldados e civis tentam fugir dos disparos. "Vai, vai, vai! Abaixe-se!", grita um homem, em uma das das imagens, a uma mulher com um bebê no colo.

"De repente percebemos que algumas pessoas armadas vestindo uniformes militares falsos começaram a atacar seus companheiros por trás [do palco] e então abriram fogo contra mulheres e crianças", disse à emissora estatal um soldado ferido não identificado. "Eles atiravam sem rumo e não pareciam ter um alvo específico."

A imprensa local afirmou, contudo, que os atiradores perpetraram o ataque com objetivo de atingir uma tenda onde autoridades iranianas assistiam ao desfile militar.

Quase metade dos mortos eram membros da Guarda Revolucionária, unidade de elite das forças de segurança do Irã, mas vários espectadores do evento acabaram sendo também alvo dos tiros. A televisão estatal fala em cerca de 60 feridos, muitos em estado grave.

Feridos são socorridos por outros membros das forças de segurançaFoto: ISNA/S.H. Najaf

Dois grupos reivindicaram a autoria do atentado: a milícia jihadista "Estado Islâmico" (EI) e um movimento militante árabe conhecido como al-Ahvazieh, que Teerã diz ser apoiado pelo governo da rival Arábia Saudita. Este último grupo defende a separação da região de Ahvaz do Irã, acusando o governo do país de cometer crimes contra o povo local.

Ainda não está claro o que aconteceu com os atiradores, que seriam quatro segundo agências de notícias internacionais. Um porta-voz do governo local disse que dois morreram e outros dois foram capturados, enquanto a televisão estatal afirmou mais tarde que os quatro foram mortos por forças de segurança iranianas.

O líder supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei, responsável pela Guarda Revolucionária, condenou o incidente e acusou os países do Golfo Pérsico de terem cometido o ataque com apoio de Washington.

"Este crime é uma continuação das tramas dos Estados regionais que são fantoches dos Estados Unidos. O objetivo deles é criar insegurança em nosso querido país", disse Khamenei em comunicado.

Mais cedo, o presidente do Irã, Hassan Rohani, prometeu reagir duramente ao atentado. "A resposta da República Islâmica do Irã à menor ameaça será dura, mas aqueles que patrocinam os terroristas devem ser responsabilizados", afirmou em nota.

Por sua vez, o ministro iraniano do Exterior, Mohammad Javad Zarif, também prometeu retaliação ao ataque que, segundo ele, foi perpertrado por forças estrangeiras.

"Terroristas recrutados, treinados, armados e pagos por um regime estrangeiro atacaram Ahvaz", escreveu o ministro no Twitter. "O Irã responsabiliza os patrocinadores regionais do terrorismo e seus mestres americanos por tais ataques. O Irã vai responder rápido e de forma decisiva em defesa das vidas iranianas."

Além dos Estados Unidos, Zarif provavelmente se referia ao governo da Arábia Saudita, uma vez que os laços entre Washington e Riad se fortaleceram desde que o presidente Donald Trump assumiu o cargo e, em maio deste ano, retirou seu país do acordo nuclear iraniano.

Na última década, ataques contra a Guarda Revolucionária do Irã, fundada em 1979, foram muito raros. Em 2009, mais de 40 pessoas, incluindo seis membros da entidade, foram mortas em um atentado suicida cometido por extremistas sunitas na província de Sistão-Baluchistão.

EK/afp/ap/dpa/rtr

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