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Ataque com faca deixa feridos durante protesto em Hong Kong

3 de novembro de 2019

Um político pró-democracia que teve parte de sua orelha arrancada a mordidas pelo agressor está entre os feridos. Confrontos marcam um dos dias mais violentos desde o início dos atos contra o governo.

Andrew Chiu é um dos feridos durante um ataque a facadas em Hong Kong
Andrew Chiu foi um dos feridos durante um ataque a facadas em Hong KongFoto: Reuters/Stringer

Um homem armado com uma faca feriu ao menos cinco pessoas neste domingo (03/11) durante protestos contra o governo em frente a um shopping no distrito de Tai Koo, em Hong Kong.

Um político local pró-democracia, Andrew Chiu, teve parte de sua orelha arrancada a mordidas pelo agressor após tentar contê-lo, de acordo com a emissora local RTHK, que filmou o ataque.

Testemunhas relataram à imprensa local que o homem falava mandarim e gritava frases a favor do governo em Pequim.

Imagens mostram pessoas presentes no local tentando freneticamente cuidar de um homem inconsciente que estava deitado sobre uma poça de sangue e tinha ferimentos nas costas. Já outro homem foi visto sendo espancado por uma multidão, que o acusava de ter iniciado o ataque.

Mais cedo, o shopping center – que fica no bairro de classe média de Tai Koo Shing – se transformou num campo de batalha entre as forças policiais e os manifestantes antigoverno.

A polícia invadiu o local onde os manifestantes haviam formado uma corrente humana, enquanto outros picharam um restaurante com grafite. Alguns sofreram ferimentos graves. Famílias observavam vitrines de lojas enquanto a violência irrompia, com muitos manifestantes fugindo da polícia.

Os confrontos aconteceram um dia depois que a polícia usou gás lacrimogêneo e canhões d'água para responder aos coquetéis molotov e incêndios provocados por manifestantes nas ruas e em estações de metrô.

A polícia invadiu também outros centros comerciais onde os manifestantes se reuniram, inclusive em Sha Tin, citando a presença de "desordeiros mascarados" quebrando catracas e janelas.

Lojas em outros dois shoppings em New Territories, no norte de Hong Kong, também foram atacadas.

Polícia atua em protesto pró-democracia em um shopping no distrito de Sha TinFoto: picture-alliance/NurPhoto/V. Yuen

Os protestos realizados neste fim de semana foram alguns dos mais violentos desde que as manifestações começaram há 22 semanas. Os manifestantes esperavam mais protestos no domingo, mas foram dissuadidos pela polícia, que procurava frustrar as manifestações pró-democracia.

A chefe de governo de Hong Kong, Carrie Lam, afirmou que terá uma reunião na próxima quarta-feira, em Pequim, com o vice-primeiro ministro da China, Han Zheng.

Esse será o primeiro encontro dos dois desde o início dos protestos, que discutirão como facilitar a vida e o trabalho dos habitantes de Hong Kong na região continental da China.

Os protestos começaram há cerca de cinco meses em oposição a uma lei, já derrubada, que permitiria que a chefe de governo e os tribunais de Hong Kong processassem pedidos de extradição de suspeitos de crimes para jurisdições sem acordos prévios, como para a China continental. 

Os defensores da lei argumentavam que, caso se mantenha a impossibilidade de extraditar suspeitos de crimes para países como a China, Hong Kong poderia se transformar num "refúgio para criminosos internacionais". 

Os manifestantes, por outro lado, dizem temer que Hong Kong fique à mercê do sistema judicial chinês como qualquer outra cidade da China continental e de uma Justiça politizada que não garante a salvaguarda dos direitos humanos. 

Mesmo com a retirada da lei, as manifestações não dão mostras de que vão cessar, em meio aos temores de que o território perca autonomia.

A transferência de Hong Kong e Macau para a República Popular da China, em 1997 e 1999, respetivamente, decorreu sob o princípio "um país, dois sistemas". É exatamente isso que os opositores à nova lei garantem estar agora em xeque. 

Para as duas regiões administrativas especiais da China foi acordado um período de 50 anos com elevado grau de autonomia, a nível executivo, legislativo e judiciário, sendo o governo central chinês responsável apenas pelas relações externas e defesa. 

FC/rtr/afp/ap

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