Unesco condena o bombardeio ao patrimônio histórico, que deixou ao menos seis pessoas mortas. Ataque é atribuído à coalizão liderada pelos sauditas, que nega.
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Um ataque aéreo da coalizão liderada pela Arábia Saudita contra rebeldes xiitas houthis nesta sexta-feira (12/06) matou ao menos seis pessoas e destruiu parte da Cidade Antiga da capital iemenita, Sanaa, declarada patrimônio mundial pela Unesco, noticiou a agência de notícias Saba, controlada pelos rebeldes.
A coalizão liderada pelos sauditas negou, porém, que tenha feito bombardeios na área histórica da cidade. O porta-voz da coalizão, o general-brigadeiro Ahmed al-Assiri, sugeriu que a destruição pode ter sido causada pela detonação de munição dos rebeldes que estaria estocada na região. "É certo que não realizámos qualquer operação na cidade. Sabemos que esses locais são muito importantes", disse Assiri.
O bombardeiro começou nas primeiras horas do dia e feriu várias pessoas, noticiou a Saba. Segundo a agência, cinco casas viraram escombros e vários edifícios foram danificados. "Vimos a luz de um míssil lançado de um avião. Esperávamos que ele explodisse, mas isso não aconteceu. Sentimos o impacto do míssil quando ele atingiu o solo", disse um habitante.
"Ouvimos gritos por volta das 3h da manhã, após o bombardeio saudita na região. Saímos e encontramos três casas totalmente destruídas", afirmou outro morador da Cidade Antiga. "Começamos a cavar para chegar às vítimas e seis horas depois conseguimos regatar apenas cinco corpos, todos da mesma família", completou.
Autoridades iemenitas afirmaram que não há rebeldes xiitas entre as vítimas do bombardeio. Equipes de regaste procuram sobreviventes entre os escombros. O impacto do míssil causou rachaduras em diversas casas, que são construídas lado a lado. A maioria dos edifícios do centro histórico já havia sido esvaziada. Muitos moradores deixaram a região com medo dos ataques aéreos.
"Uma das mais antigas joias"
A Cidade Antiga foi habitada há aproximadamente 2,5 mil anos. Ela possui várias mesquitas, hammams e o tradicional mercado em labirinto. As casas-torre típicas foram construídas em taipa. O local é a principal atração turística da capital iemenita.
A Unesco condenou o bombardeio, ressaltando que construções históricas, monumentos, museus e sítios arqueológicos estão sofrendo os impactos do conflito em todo o país. "Eu estou profundamente angustiada com a perda de vidas humanas, assim como com o dano causado em uma das mais antigas joias da paisagem urbana islâmica mundial", disse Irina Bokova, diretora geral da agência.
Recentemente, os bombardeiros danificaram a grande represa de Marib, datada do século 8, assim com o palácio de Taiz e o Museu Nacional de Dhamar. Segunda a ex-ministra iemenita de Cultura Arwa Osman, o dano na Cidade Antiga de Sanaa foi "extremamente doloroso".
Ela disse ainda que os rebeldes e seus aliados transformaram muitos sítios arqueológicos em quartel-general, como no caso do palácio em Taiz.
A Arábia Saudita e países árabes sunitas iniciaram a campanha aérea contra a milícia xiita houthi no final de março, depois que os rebeldes e seus aliados avançaram sobre Aden.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), mais de 2,5 mil pessoas morreram e outras 11 mil ficaram feridas desde o início do conflito. Negociações mediadas pela ONU para tentar estabelecer a paz no país devem ter início neste domingo em Genebra.
CN/dpa/rtr/ap/lusa
2014: um ano turbulento no Oriente Médio
A região dominou o noticiário em 2014 com a guerra civil na Síria, milícia do "Estado Islâmico" e bombardeios na Faixa de Gaza.
Foto: picture-alliance/AP Photo/Mohammed Zaatari
EI avança no Oriente Médio
Desde 2013, o grupo terrorista "Estado Islâmico" (EI) controla a cidade síria de Raqqa. Em janeiro, os jihadistas conseguem ocupar também a cidade Fallujah, no Iraque. Pela primeira vez, eles se infiltram na província de Anbar, localizada no oeste do país. A partir de lá, o objetivo é conquistar a capital Bagdá.
Foto: Reuters
A eterna disputa nuclear
Após a suspensão do enriquecimento de urânio pelo Irã, os Estados Unidos e a União Europeia atenuaram as sanções econômicas contra o país. Apesar da reaproximação, a disputa não foi finalizada. Em novembro, as negociações foram postergadas para 2015.
Foto: Kazem Ghane/AFP/Getty Images
Julgamentos em massa no Egito
Depois que o governo egípcio incluiu a Irmandade Muçulmana na lista de organizações terroristas, todos os associados ao grupo ficaram na mira na Justiça. Em março, um tribunal em Al-Minja sentenciou 529 seguidores à pena de morte. Em outro julgamento, em abril, outros 683 foram condenados também à morte. Posteriormente, a maioria dos veredictos foi convertida em prisões perpétuas.
Foto: Ahmed Gamil/AFP/Getty Images
Troca de poder no Iraque
Em 30 de abril, iraquianos foram pela primeira vez às urnas para eleger novos parlamentares desde a saída das Forças Armadas dos EUA do país. Somente em agosto, Nuri al-Maliki (esq.) abdicou de seu terceiro mandato em favor de seu colega de partido Haidar al-Abadi. O avanço dos extremistas do EI no Iraque foi facilitado também pela insatisfação de muitos sunitas com o governo xiita de Al-Maliki.
Foto: Reuters/Hadi Mizban
Guerra na Síria sem fim à vista
Após quase dois anos de negociações infrutíferas na Síria, o enviado especial da ONU, Lakhdar Brahimi, renunciou em maio. Pouco tempo depois, o presidente Bashar al-Assad reafirmou, em uma demonstração de poder, a sua posição de líder sírio com 88,7% dos votos. No entanto, houve eleições apenas nas regiões onde as suas tropas estão no comando.
Foto: Reuters
Militares retomam governo egípcio
O ex-chefe do Exército, Abdel Fattah al-Sisi, venceu disparado em maio a eleição presidencial no Egito. O único concorrente, Hamdien Sabahi, alcançou apenas 3,1% dos votos. Al-Sisi foi empossado em 8 de junho. Muitos egípcios esperam que ele possa tirá-los da crise econômica e restaurar a segurança no país.
Foto: Reuters
União entre Fatah e Hamas
Pela primeira vez desde a ruptura entre palestinos em 2007, Fatah e Hamas formam novamente um governo de unidade. Em junho, o presidente palestino, Mahmoud Abbas, empossou em Ramallah o novo gabinete chefiado pelo primeiro-ministro Rami Hamdallah. Premiê isralenese, Benjamin Netanyahu, reagiu ríspido: em vez de buscar um acordo de paz com Israel, Abbas prefere a parceria do Hamas.
Foto: DW/K. Shuttleworth
EI proclama califado
Em junho, a milícia terrorista do "Estado Islâmico" conseguiu tomar a cidade iraquiana de Mossul. Além disso, ex-oficiais da elite militar dos tempos de Saddam Hussein foram recrutados pelo EI. Na Síria e no Iraque, a organização proclamou um califado. Seu primeiro califa é Abu Bakr al-Baghdadi e todos os muçulmanos devem jurar lealdade a ele.
Foto: picture alliance/abaca
50 dias de guerra
A situação permanece tensa entre israelenses e palestinos. Em 08 de julho, Israel iniciou uma nova ofensiva. A missão era colocar fim no lançamento de foguetes a partir de Gaza. Na metade do mês, Israel enviou também tropas terrestres à Faixa de Gaza. A batalha durou 50 dias e aproximadamente 2.100 palestinos e 70 israelenses foram mortos. Cerca de 20 mil casas foram destruídas em Gaza.
Foto: Reuters
Yazidis em fuga
Em agosto, os terroristas do EI invadiram a cidade de Sinjar, no nordeste do Iraque. Eles mataram centenas de pessoas da minoria yazidi, sendo que dezenas de milhares fugiram às montanhas. Lá, em meados de agosto, os yazidis foram salvos por combatentes curdos peshmerga.
Foto: picture-alliance/abaca/Depo Photos
Ataques aéreos contra o EI
O presidente dos EUA, Barack Obama, autorizou os primeiros ataques aéreos contra os islamistas no Iraque, em agosto. No mês seguinte, os bombardeios foram estendidos para o território sírio. Cinco estados árabes participam dos ataques: Arábia Saudita, Catar, Bahrein e Jordânia. Para os Emirados Árabes Unidos, uma piloto é responsável por alvejar os extremistas.
Foto: picture-alliance/abaca
EI divulga vídeos com imagens de decapitações
O EI chamou a atenção do mundo ao divulgar vídeos com execuções de jornalistas ocidentais, colaboradores de serviços humanitários e combatentes da oposição. Em 09 de agosto, postou o primeiro vídeo na internet mostrando o repórter James Foley (foto) sendo decapitado. Depois desse, outros vídeos com decapitações foram divulgados.
Foto: picture-alliance/dpa
Líbia afunda no caos
Em meio às sangrentas lutas entre milícias rivais, um novo parlamento eleito tomou posse na cidade líbia de Tobruk, em agosto. O governo foi transferido devido à insegurança em Trípoli e Bengasi. Desde então, dois parlamentos disputam o poder pela soberania política.
Foto: picture-alliance/AP Photo
EI tenta tomar Kobane
Em setembro, o EI tentou tomar a cidade de Kobane, localizada no norte da Síria, perto da fronteira com a Turquia. Em outubro, os combatentes peshmerga, do norte do Iraque, foram ajudar os curdos de Kobane. Eles foram equipados com armamentos do Ocidente, inclusive da Alemanha.
Foto: picture-alliance/AP/Vadim Ghirda
Tunísia: democracia no mundo árabe
Nas eleições parlamentares na Tunísia, as forças seculares prevaleceram contra os islâmicos. A aliança laica Nidda Tounès ("Chamado para a Tunísia"), liderada por Beji Caid Essebsi, conquistou 85 dos 217 assentos. O partido islamista Ennahda ficou com 69 assentos. Poucas semanas depois, o próprio Essebsi foi eleito presidente do país, com 55,6% dos votos.
Foto: Reuters/Zoubeir Souissi
Inocente?
Mais de três anos após a queda de Hosni Mubarak, um tribunal penal de Cairo retirou a acusação contra o ex-presidente do Egito pela morte de mais de 800 manifestantes. Muitos egípcios reagiram indignados e foram às ruas. Mubarak permanece preso, pois, em maio, ele foi condenado a três anos de prisão por corrupção.
Foto: AFP/Getty Images/M. El Shahed
Luta pela sobrevivência
Fugindo da morte e da destruição, muitos refugiados sírios já vivenciaram muitos problemas. E, agora, o inverno é outro grande obstáculo. Com isso, a situação para os cerca de 3 milhões de refugiados da Síria, que fugiram para países vizinhos, se agrava dramaticamente.