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Ataque destrói prédios na Cidade Antiga de Sanaa

12 de junho de 2015

Unesco condena o bombardeio ao patrimônio histórico, que deixou ao menos seis pessoas mortas. Ataque é atribuído à coalizão liderada pelos sauditas, que nega.

Foto: picture-alliance/dpa/Y. Arhab

Um ataque aéreo da coalizão liderada pela Arábia Saudita contra rebeldes xiitas houthis nesta sexta-feira (12/06) matou ao menos seis pessoas e destruiu parte da Cidade Antiga da capital iemenita, Sanaa, declarada patrimônio mundial pela Unesco, noticiou a agência de notícias Saba, controlada pelos rebeldes.

A coalizão liderada pelos sauditas negou, porém, que tenha feito bombardeios na área histórica da cidade. O porta-voz da coalizão, o general-brigadeiro Ahmed al-Assiri, sugeriu que a destruição pode ter sido causada pela detonação de munição dos rebeldes que estaria estocada na região. "É certo que não realizámos qualquer operação na cidade. Sabemos que esses locais são muito importantes", disse Assiri.

O bombardeiro começou nas primeiras horas do dia e feriu várias pessoas, noticiou a Saba. Segundo a agência, cinco casas viraram escombros e vários edifícios foram danificados. "Vimos a luz de um míssil lançado de um avião. Esperávamos que ele explodisse, mas isso não aconteceu. Sentimos o impacto do míssil quando ele atingiu o solo", disse um habitante.

"Ouvimos gritos por volta das 3h da manhã, após o bombardeio saudita na região. Saímos e encontramos três casas totalmente destruídas", afirmou outro morador da Cidade Antiga. "Começamos a cavar para chegar às vítimas e seis horas depois conseguimos regatar apenas cinco corpos, todos da mesma família", completou.

Autoridades iemenitas afirmaram que não há rebeldes xiitas entre as vítimas do bombardeio. Equipes de regaste procuram sobreviventes entre os escombros. O impacto do míssil causou rachaduras em diversas casas, que são construídas lado a lado. A maioria dos edifícios do centro histórico já havia sido esvaziada. Muitos moradores deixaram a região com medo dos ataques aéreos.

"Uma das mais antigas joias"

A Cidade Antiga foi habitada há aproximadamente 2,5 mil anos. Ela possui várias mesquitas, hammams e o tradicional mercado em labirinto. As casas-torre típicas foram construídas em taipa. O local é a principal atração turística da capital iemenita.

Cidade Antiga é famosa por suas casas-torreFoto: picture-alliance/epa/Y. Arhab

A Unesco condenou o bombardeio, ressaltando que construções históricas, monumentos, museus e sítios arqueológicos estão sofrendo os impactos do conflito em todo o país. "Eu estou profundamente angustiada com a perda de vidas humanas, assim como com o dano causado em uma das mais antigas joias da paisagem urbana islâmica mundial", disse Irina Bokova, diretora geral da agência.

Recentemente, os bombardeiros danificaram a grande represa de Marib, datada do século 8, assim com o palácio de Taiz e o Museu Nacional de Dhamar. Segunda a ex-ministra iemenita de Cultura Arwa Osman, o dano na Cidade Antiga de Sanaa foi "extremamente doloroso".

Ela disse ainda que os rebeldes e seus aliados transformaram muitos sítios arqueológicos em quartel-general, como no caso do palácio em Taiz.

A Arábia Saudita e países árabes sunitas iniciaram a campanha aérea contra a milícia xiita houthi no final de março, depois que os rebeldes e seus aliados avançaram sobre Aden.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), mais de 2,5 mil pessoas morreram e outras 11 mil ficaram feridas desde o início do conflito. Negociações mediadas pela ONU para tentar estabelecer a paz no país devem ter início neste domingo em Genebra.

CN/dpa/rtr/ap/lusa

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