Ataque israelense mata comandante da Jihad Islâmica em Gaza
7 de agosto de 2022
Escalada no conflito começou na sexta-feira, com a morte de outro comandante da organização islâmica radical. Segundo o Ministério da Saúde palestino, 29 pessoas morreram e pelo menos 250 ficaram feridas desde então.
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A Jihad Islâmica Palestina, maior força militar na Faixa de Gaza depois do Hamas, disse neste domingo (07/08) que seu principal comandante para o sul da Faixa de Gaza, Khaled Mansour, foi morto em um ataque aéreo israelense na noite de sábado, em meio ao pior conflito fronteiriço entre Israel e militantes palestinos desde o ano passado.
"A liderança sênior da ala militar da Jihad Islâmica em Gaza foi neutralizada", disse o chefe de operações de Israel, major-general Oded Basiok.
As Forças de Defesa de Israel (IDF, na sigla em inglês) informaram, em um comunicado, que "nos últimos dias Mansour trabalhou para realizar um ataque de mísseis e foguetes antitanque em Israel e foi responsável pelo planejamento de um ataque terrorista em Israel ao longo da fronteira com Gaza, frustrado pelo IDF."
As Brigadas Al-Quds, parte armada da organização islâmica radical, disseram que o ataque aéreo de sábado na cidade de Rafah matou, além de Mansour, outros dois militantes e cinco civis, incluindo uma criança e três mulheres. Os militantes palestinos responderam com disparos maciços de foguetes contra Israel.
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Crianças entre os mortos
Forças de segurança israelenses disseram que 20 membros da milícia Jihad Islâmica foram presos. A violência transfronteiriça começou na segunda-feira passada e aumentou desde sexta-feira, quando Israel matou o comandante do grupo para o norte de Gaza apoiado pelo Irã, Taisir al-Jabari.
De acordo com o Ministério da Saúde palestino, 29 pessoas morreram e pelo menos 250 ficaram feridas desde sexta-feira. Entre os mortos, estão seis crianças - cinco delas morreram no sábado à noite após o impacto de um projétil no norte de Gaza.
Israel negou os relatos e disse que a causa das mortes de cinco crianças e um adulto no campo de refugiados de Jabalia foi o fracasso no lançamento de um foguete pela Jihad Islâmica.
Sirenes soam em Jerusalém
Militantes da Jihad Islâmica continuaram disparando foguetes contra Israel durante a noite de sábado, enquanto os militares israelenses mantiveram ataques aéreos em Gaza. A intensidade dos combates parece ter diminuído na manhã de domingo. Mesmo assim, sirenes de ataques aéreos soaram em Jerusalém, informou o Exército.
O grupo Jihad Islâmica disse que seu ataque na periferia oeste da cidade foi uma retaliação ao assassinato de Mansour. Não houve relato imediato de vítimas.
A violência forçou a única usina de energia de Gaza a fechar por falta de combustível, agravando a crise energética no território no auge do verão.
Na sexta e no sábado, a Jihad Islâmica disparou centenas de foguetes em território israelense que, de acordo com os militares israelenses, foram, em sua maioria, interceptados pelo sistema de defesa Domo de Ferro ou atingiram locais inóspitos.
O presidente egípcio, Abdel Fattah al-Sisi disse que seu governo está tentando evitar novos confrontos e outros atos de violência entre os dois lados, informou o site de notícias estatal Al-Ahram. De acordo com relatos de Gaza, as Nações Unidas e o Catar também tentam mediar o conflito.
Os ataques aéreos também devem ser tema de uma reunião do Conselho de Segurança da ONU em Nova York, convocada para esta segunda-feira a pedido de Emirados Árabes Unidos, Irlanda, França, Noruega e China.
Escalada no conflito
O atual pico de tensão começou após a detenção, na segunda-feira, do alto dirigente da organização Jihad Islâmica na Cisjordânia, Bassem Saadi.
Face a rumores sobre a possibilidade de ações armadas de retaliação a partir do enclave palestiniano, Israel lançou um ataque preventivo contra alvos da Jihad em Gaza.
A escalada no conflito ocorreu com a morte de Taisir al-Jabari na sexta-feira. Jabari liderava a Jihad Islâmica desde a morte de seu antecessor em 2019, em outro ataque aéreo de Israel, que também resultou em uma onda de conflito.
Por enquanto, o Hamas vem se mantendo à margem do conflito, o que conseguiu conter a sua intensidade. O grupo islamista, que governa o enclave palestino desde 2007, já travou quatro guerras contra os israelenses, além de inúmeras batalhas de menor proporção nos últimos 15 anos, que geraram enormes prejuízos para o território que abriga dois milhões depalestinos.
Os esforços de reconstrução dos danos causados pelos bombardeios durante a última guerra foram quase nulos, enquanto a população sofre com o aumento da pobreza e do desemprego que atinge quase 50% da população.
le (lusa, AP, AFP, Reuters, DPA)
A longa história do processo de paz no Oriente Médio
Por mais de meio século, disputas entre israelenses e palestinos envolvendo terras, refugiados e locais sagrados permanecem sem solução. Veja um breve histórico sobre o conflito.
Foto: PATRICK BAZ/AFP/Getty Images
1967: Resolução 242 do Conselho de Segurança da ONU
A Resolução 242 do Conselho de Segurança das Nações Unidas, aprovada em 22 de novembro de 1967, sugeria a troca de terras pela paz. Desde então, muitas das tentativas de estabelecer a paz na região referiram-se a ela. A determinação foi escrita de acordo com o Capítulo 6 da Carta da ONU, segundo o qual as resoluções são apenas recomendações e não ordens.
Foto: Getty Images/Keystone
1978: Acordos de Camp David
Em 1973, uma coalizão de Estados árabes liderada pelo Egito e pela Síria lutou contra Israel no Yom Kippur ou Guerra de Outubro. O conflito levou a negociações de paz secretas que renderam dois acordos 12 dias depois. Esta foto de 1979 mostra o então presidente egípcio Anwar Sadat, seu homólogo americano Jimmy Carter e o premiê israelense Menachem Begin após assinarem os acordos em Washington.
Foto: picture-alliance/AP Photo/B. Daugherty
1991: Conferência de Madri
Os EUA e a ex-União Soviética organizaram uma conferência na capital espanhola. As discussões envolveram Israel, Jordânia, Líbano, Síria e os palestinos – mas não da Organização para a Libertação da Palestina (OLP) –, que se reuniam com negociadores israelenses pela primeira vez. Embora a conferência tenha alcançado pouco, ela criou a estrutura para negociações futuras mais produtivas.
Foto: picture-alliance/dpa/J. Hollander
1993: Primeiro Acordo de Oslo
Negociações na Noruega entre Israel e a OLP, o primeiro encontro direto entre as duas partes, resultaram no Acordo de Oslo. Assinado nos EUA em setembro de 1993, ele exigia que as tropas israelenses se retirassem da Cisjordânia e da Faixa de Gaza e que uma autoridade palestina autônoma e interina fosse estabelecida por um período de transição de cinco anos. Um segundo acordo foi firmado em 1995.
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2000: Cúpula de Camp David
Com o objetivo de discutir fronteiras, segurança, assentamentos, refugiados e Jerusalém, o então presidente dos EUA, Bill Clinton, convidou o premiê israelense Ehud Barak e o presidente da OLP Yasser Arafat para a base militar americana em julho de 2000. No entanto, o fracasso em chegar a um consenso em Camp David foi seguido por um novo levante palestino, a Segunda Intifada.
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2002: Iniciativa de Paz Árabe
Após Camp David, seguiram-se encontros em Washington e depois no Cairo e Taba, no Egito – todos sem resultados. Mais tarde, em março de 2002, a Liga Árabe propôs a Iniciativa de Paz Árabe, convocando Israel a se retirar para as fronteiras anteriores a 1967 para que um Estado palestino fosse estabelecido na Cisjordânia e em Gaza. Em troca, os países árabes concordariam em reconhecer Israel.
Foto: Getty Images/C. Kealy
2003: Mapa da Paz
Com o objetivo de desenvolver um roteiro para a paz, EUA, UE, Rússia e ONU trabalharam juntos como o Quarteto do Oriente Médio. O então primeiro-ministro palestino Mahmoud Abbas aceitou o texto, mas seu homólogo israelense Ariel Sharon teve mais reservas. O cronograma previa um acordo final sobre uma solução de dois estados a ser alcançada em 2005. Infelizmente, ele nunca foi implementado.
Foto: Getty Iamges/AFP/J. Aruri
2007: Conferência de Annapolis
Em 2007, o então presidente dos EUA George W. Bush organizou uma conferência em Annapolis, Maryland, para relançar o processo de paz. O premiê israelense Ehud Olmert e o presidente da ANP Mahmoud Abbas participaram de conversas com autoridades do Quarteto e de outros Estados árabes. Ficou acordado que novas negociações seriam realizadas para se chegar a um acordo de paz até o final de 2008.
Foto: picture-alliance/dpa/S. Thew
2010: Washington
Em 2010, o enviado dos EUA para o Oriente Médio, George Mitchell, convenceu o premiê israelense, Benjamin Netanyahu, a implementar uma moratória de 10 meses para assentamentos em territórios disputados. Mais tarde, Netanyahu e Abbas concordaram em relançar as negociações diretas para resolver todas as questões. Iniciadas em setembro de 2010, as negociações chegaram a um impasse dentro de semanas.
Foto: picture-alliance/dpa/M. Milner
Ciclo de violência e cessar-fogo
Uma nova rodada de violência estourou dentro e ao redor de Gaza no final de 2012. Um cessar-fogo foi alcançado entre Israel e os que dominavam a Faixa de Gaza, mas quebrado em junho de 2014, quando o sequestro e assassinato de três adolescentes em mais violência. O conflito terminou com um novo cessar-fogo em 26 de agosto de 2014.
Foto: picture-alliance/dpa
2017: Conferência de Paris
A fim de discutir o conflito entre israelenses e palestinos, enviados de mais de 70 países se reuniram em Paris. Netanyahu, porém, viu as negociações como uma armadilha contra seu país. Tampouco representantes israelenses ou palestinos compareceram à cúpula. "Uma solução de dois Estados é a única possível", disse o ministro francês das Relações Exteriores Jean-Marc Ayrault, na abertura do evento.
Foto: Reuters/T. Samson
2017: Deterioração das relações
Apesar de começar otimista, o ano de 2017 trouxe ainda mais estagnação no processo de paz. No verão do hemisfério norte, um ataque contra a polícia israelense no Monte do Templo, um local sagrado para judeus e muçulmanos, gerou confrontos mortais. Em seguida, o plano do então presidente dos EUA, Donald Trump, de transferir a embaixada americana para Jerusalém minou ainda mais os esforços de paz.
Foto: Reuters/A. Awad
2020: Tiro de Trump sai pela culatra
Trump apresentou um plano de paz que paralisava a construção de assentamentos israelenses, mas mantinha o controle de Israel sobre a maioria do que já havia construído ilegalmente. O plano dobrava o território controlado pelos palestinos, mas exigia a aceitação dos assentamentos construídos anteriormente na Cisjordânia como território israelense. Os palestinos rejeitaram a proposta.
Foto: Reuters/M. Salem
2021: Conflito eclode novamente
Planos de despejar quatro famílias palestinas e dar suas casas em Jerusalém Oriental a colonos judeus levaram a uma escalada da violência em maio de 2021. O Hamas disparou foguetes contra Israel, enquanto ataques aéreos militares israelenses destruíram prédios na Faixa de Gaza. A comunidade internacional pediu o fim da violência e que ambos os lados voltem à mesa de negociações.
Foto: Mahmud Hams/AFP
2023: Terrorismo do Hamas e retaliações de Israel
No início da manhã de 7 de outubro, terroristas do grupo radical islâmico Hamas romperam barreiras em alguns pontos da Faixa de Gaza, na fronteira com Israel, e, em território israelense, feriram e mataram centenas de pessoas, além de sequestrarem mais de uma centena. Devido a isso, Israel declarou "estado de guerra" e iniciou uma série de bombardeios, deixando partes da Cidade de Gaza em ruínas.