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Ataque no coração de Londres

22 de março de 2017

Homem avança com carro contra pedestres, matando três e ferindo dezenas. Em seguida, assassina policial a facadas ao tentar entrar no Parlamento britânico. Incidente é tratado como terrorista por investigadores.

London Großbritannien Anschlag
Membros dos serviços de emergência levam um dos feridos no ataque: dezenas foram hospitalizadosFoto: Reuters/H.McKay

Um ataque nos arredores do Parlamento do Reino Unido paralisou o coração de Londres nesta quarta-feira (22/03). Um veículo avançou contra pedestres na ponte Westminster, matando pelo menos três pessoas e deixando dezenas de feridos. Próximo dali, no perímetro do Parlamento, o motorista esfaqueou um policial, que também morreu, antes de ser baleado e morto por policiais.

As autoridades já classificam o ato como terrorista, mas ainda não houve reivindicação de autoria. Segundo Mark Rowley, da Polícia Metropolitana de Londres, as investigações estão sendo orientadas pela hipótese de "terrorismo com relação islâmica". Os investigadores acreditam que já identificaram o autor do ataque, mas a polícia não fornecerá mais detalhes por enquanto, afirmou o oficial londrino.

Em pronunciamento à imprensa, Rowley descreveu o ataque desta quarta-feira. O agressor primeiro avançou com o carro contra pedestres e, após atingir várias pessoas e colidir com uma mureta, atacou o policial – identificado como Keith Palmer, de 48 anos –  enquanto tentava entrar no Parlamento.

O autor do atentado não conseguiu cruzar os portões do Parlamento, e os deputados, que realizavam uma sessão na Câmara dos Comuns, ficaram trancados até que a situação fosse controlada.

Policial corre diante dos portões do ParlamentoFoto: Reuters/S.Wermuth

Segundo as últimas estimativas oficiais, o ataque deixou pelo menos 40 feridos, além dos cinco mortos. Mais cedo, a polícia havia mencionado quatro mortes, incluindo a do agressor, e 20 feridos. No entanto, um novo balanço divulgado no início da madrugada revelou um número maior de vítimas.

Três policiais e vários cidadãos estrangeiros estão entre os feridos, segundo autoridades. Uma mulher foi resgatada do rio Tâmisa com ferimentos graves, mas as circunstâncias da queda não foram esclarecidas.

"Havia pessoas no chão ao longo de toda a ponte", relatou uma testemunha. Um vídeo publicado pelo ex-ministro do Exterior da Polônia, Radoslaw Sikorski, mostra cenas da ponte poucos instantes após o atropelamento. "Um carro em Westminster acabou de 'moer' ao menos cinco pessoas."

A testemunha Rick Longley disse à Press Association que presenciou os ataques nos arredores do Parlamento. "Estávamos apenas caminhando até a estação de metrô e houve um estrondo alto, e alguém bateu um carro e acertou alguns pedestres", afirmou. "Eles estavam simplesmente deitados ali e então toda a multidão apenas correu virando a esquina pelos portões em frente ao Big Ben."

A ponte Westminster, onde ocorreu o ataqueFoto: Reuters/T.Melville

"Um cara passou pelo meu ombro direito com uma faca grande e começou a apunhalar um policial. Nunca vi nada assim. Não posso acreditar no que eu acabei de presenciar", descreveu ele.

A sessão que ocorria no Parlamento nesta quarta-feira precisou ser suspensa em decorrência do incidente. Um porta-voz do gabinete do governo informou que a primeira-ministra britânica, Theresa May, estava em segurança após o ataque, mas não quis confirmar sua localização quando tudo ocorreu. Segundo o jornal The Guardian, a premiê foi retirada do prédio poucos minutos após o ataque por ao menos oito homens armados.

May convocou uma reunião do comitê de emergência do governo para discutir o incidente terrorista, reunindo ministros e oficiais dos serviços de emergência e das agências de segurança e inteligência.

Em pronunciamento à imprensa após a reunião, May condenou o "ataque terrorista doentio e perverso" desta quarta-feira e comunicou que o Reino Unido manterá seu segundo maior nível de alerta, que significa que um ato terrorista é tido como altamente provável. "Nossos pensamentos e orações estão com todos aqueles que foram afetados", afirmou ela. "Nunca cederemos ao terror."

O prefeito de Londres, Sadiq Khan, também se pronunciou, informando que o policiamento nas ruas de Londres foi reforçado para garantir a segurança dos residentes e dos visitantes. "Estamos unidos contra aqueles que procuram nos prejudicar e destruir nosso modo de vida. Sempre estivemos e sempre estaremos. Os londrinos nunca serão intimidados pelo terrorismo", disse o prefeito.

O ataque – que coincidiu com o primeiro aniversário dos atentados de Bruxelas, quando 32 morreram e mais de 300 ficaram feridas – ocorreu num local importante de Londres. A ponte Westminster costuma estar aglomerada de turistas em busca de uma foto da torre do Big Ben, ponto icônico da capital inglesa, ou da famosa roda-gigante London Eye, do lado oposto do rio Tâmisa.

Reações internacionais

Líderes estrangeiros se pronunciaram nesta quarta-feira para prestar condolências a Londres. A chanceler federal alemã, Angela Merkel, afirmou que seus pensamentos estão voltados "aos amigos britânicos e a todo o povo de Londres", em particular aos feridos. "Estamos firmes ao lado do Reino Unido no combate a todas as formas de terrorismo", disse em comunicado.

Por sua parte, o presidente francês, François Hollande, declarou a repórteres que a França, "que tem sido atingida tão duramente nos últimos tempos, entende o que povo britânico está sofrendo hoje". "Todos nós estamos preocupados com o terrorismo", disse o líder, destacando que os países europeus "precisam reunir todas as condições necessárias para responder a esses ataques".

O primeiro-ministro espanhol, Mariano Rajoy, também condenou o incidente em telegrama enviado à líder britânica May. "Um ato terrorista execrável como o que aconteceu hoje é um lembrete de que enfrentamos desafios complexos acerca da segurança de nossas sociedades", escreveu. "Precisamos permanecer unidos contra esse tipo de ameaças que afetam a todos nós igualmente."

Por meio de rede social, o presidente americano, Donald Trump, disse ter conversado por telefone com May e oferecido condolências ao governo britânico, além do "total apoio e cooperação" dos Estados Unidos nas investigações. Um comunicado da Casa Branca diz ainda que Washington parabeniza "a rápida resposta da polícia britânica e dos primeiros socorristas".