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Ataque perto da Otan e menção a acordo no 18º dia de guerra

14 de março de 2022

Rússia bombardeou base militar próxima da fronteira da Polônia, onde haveria militares estrangeiros e armamentos enviados pelo Ocidente. Autoridades russas e ucranianas relatam avanços em negociação para cessar-fogo.

Edifício destruído após ataque contra base militar em Yavoriv
Edifício destruído após ataque contra base militar em YavorivFoto: BackAndAlive/REUTERS

A guerra da Ucrânia registrou neste domingo (14/03), 18º dia desde o início da invasão russa, momentos de escalada do conflito militar, mas também de sinalização positiva sobre um possível cessar-fogo.

Ainda na madrugada de domingo, mísseis russos atingiram uma base militar em Yavoriv, no oeste ucraniano, a 35 quilômetros da fronteira com a Polônia, que é membro da Otan. O governador da região de Lviv, Maxim Kosizky, disse mais de 30 mísseis de cruzeiro foram disparados contra o campo de treinamento militar.

A base sedia o Centro Internacional de Manutenção da Paz e Segurança (IPSC, na sigla em inglês), e é um local de treinamento de militares e cooperação entre a Ucrânia e países da Otan.

Acredita-se que alguns dos voluntários estrangeiros que decidiram se unir aos militares ucranianos estavam sendo treinados em Yavoriv, e que o local armazenava armamento enviado por países do Ocidente à Ucrânia. O ministro da Defesa da Ucrânia, Oleksii Reznikov, afirmou que instrutores militares estrangeiros trabalhavam na base atingida.

Moscou confirmou o ataque e disse que o bombardeio matou "até 180 mercenários estrangeiros" e destruiu "uma grande quantidade de armas fornecidas por nações estrangeiras". O porta-voz do Ministério da Defesa russo, Igor Konashenkov, afirmou que foram usados mísseis de longa distância e alta precisão para atacar Yavoriv e uma instalação na vila de Starichi. Já o governador da região de Lviv, onde está situada a base afetada, Maxim Kosizky, disse que o ataque matou 35 pessoas e feriu 134.

No sábado, a Rússia havia alertado que os comboios de equipamentos militares enviados por países do Ocidente para a Ucrânia seriam considerados alvos militares.

O bombardeio da base de Yavoriv sofreu condenação dos Estados Unidos. O secretário de Estado americano, Antony Blinken, publicou mensagem no Twitter criticando o ataque. "A brutalidade precisa parar", escreveu.

A embaixada dos Estados Unidos em Kiev também publicou uma mensagem no Twitter. "O ataque ao centro, no qual Estados Unidos, Polônia, Lituânia, Reino Unido, Canadá e outros países treinavam forças ucranianas, não derrotará os heróicos soldados que treinavam ali", escreveu a representação americana na Ucrânia.

A operação militar em Yavoriv foi utilizada pelo presidente da Ucrânia, Volodimir Zelenski, como um motivo para voltar a pedir à Otan que crie uma zona de exclusão aérea sobre a Ucrânia. Segundo o líder ucraniano, a Rússia poderia bombardear em breve o território da Otan.

"Se vocês não fecharem nosso céu, é uma questão de tempo até que mísseis russos caiam em seu território, em território da Otan", disse Zelenski em uma mensagem de vídeo.

A Otan e países do Ocidente já rejeitaram diversas vezes o pedido de criar uma zona de exclusão aérea sobre a Ucrânia, argumentando que isso na prática significaria a Otan declarar guerra à Rússia e iniciar uma guerra mundial.

Sinais de progresso nas negociações

Apesar de o bombardeio em Yavoriv ter elevado a temperatura do conflito, autoridades russas e ucranianas fizeram neste domingo suas avaliações mais otimistas desde o início da guerra sobre o progresso das negociações para um cessar-fogo, sugerindo que poderia haver resultados positivos em alguns dias.

"Não cederemos, a princípio, em nenhuma posição", disse o negociador e conselheiro presidencial ucraniano Mykhailo Podolyak, em um vídeo. Ele acrescentou que o Kremlin agora entende isso e "já está começando a falar de forma construtiva". "Acho que alcançaremos alguns resultados literalmente em questão de dias", disse.

A agência de notícias russa Interfax citou um representante russo, Leonid Slutsky, que relatou que as conversas haviam alcançado progressos substanciais. "De acordo com minhas expectativas pessoais, nos próximos dias este progresso pode crescer para uma posição conjunta de ambas as delegações, em documentos para serem assinados", disse Slutsky.

Nenhum dos lados indicou qual poderia ser o escopo de qualquer acordo.

Também neste domingo, a secretária-adjunta de Estado dos EUA, Wendy Sherman, disse que Moscou estava mostrando sinais de disposição para se engajar em negociações substantivas sobre o fim do conflito.

Negociadores de Moscou e Kiev realizaram várias rodadas de negociações desde que Putin enviou tropas à Ucrânia em 24 de fevereiro. Os ministros das Relações Exteriores russo e ucraniano também se reuniram na Turquia na quinta-feira. Uma nova rodada de conversas estava prevista para esta segunda-feira.

Morte de jornalista americano

O jornalista e cineasta americano Brent Renaud, de 51 anos, foi morto no domingo por forças russas em Irpin, a noroeste de Kiev.

Renaud, que estava cobrindo a crise de refugiados para a revista Time e já havia coberto as guerras no Iraque e no Afeganistão, o terremoto no Haiti e a Primavera Árabe para diversos veículos, foi atingido no pescoço, segundo policiais locais e fontes ucranianas.

Jornalista americano Brent Renaud, morto na Ucrânia neste domingoFoto: Jemal Countess/Getty Images

O fotógrafo americano Juan Arredondo relatou que estava com Renaud no momento do ataque. Segundo ele, ambos estavam dentro de um carro atravessando uma ponte quando foram alvo de tiros. As circunstâncias exatas do ataque ainda não foram esclarecidas.

Mariupol segue sitiada

A câmara municipal da cidade portuária de Mariupol, no sul da Ucrânia, afirmou neste domingo que 2.187 moradores da cidade foram mortos desde o início da invasão da Rússia.

"Nas últimas 24 horas, houve pelo menos 22 bombardeios contra a cidade. Mais de100 bombas já foram jogadas em Mariupol", acrescentou a nota.

Mariupol tem sido uma das localidades mais afetadas pelos ataques russos desde o início da guerra. A cidade de cerca de 430 mil moradores está sitiada e esforços para levar comida, água e remédios e para evacuar seus cidadãos foram frustrados neste sábado.

Neste domingo, o papa Francisco disse que Mariupol "virou uma cidade mártir na guerra atroz que está a devastar a Ucrânia". Em um apelo feito após a oração do Ângelus, o líder da Igreja Católica pediu o fim do "massacre" e do "inaceitável ataque armado" na Ucrânia.

bl (AP, AFP, Reuters)

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