Ataque russo na véspera de Natal mata sete na Ucrânia
24 de dezembro de 2022
Bombardeio no centro da cidade de Kherson atingiu prédios civis e também deixou ao menos 56 feridos, 18 deles com gravidade. Zelenski classificou ato como "terror".
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Um ataque russo no centro da cidade ucraniana de Kherson neste sábado (24/12), em plena véspera de Natal, matou ao menos sete pessoas e deixou outras 58 feridas, sendo 18 delas com gravidade, informaram autoridades da Ucrânia. A DW não pode chegar as informações de forma independente.
"Eles atacaram o mercado, shopping center, prédios residenciais, prédios administrativos - os locais onde há mais pessoas. Não há instalações militares por perto. Este é um ataque direcionado a civis", escreveu no Telegram o governador da região de Kherson, Yaroslav Yanushevich.
Um incêndio começou em um movimentado mercado de Natal após o bombardeio, segundo a agência de notícias francesa AFP.
O presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, classificou o ato como "terror".
"Pela manhã, no sábado, na véspera de Natal, no centro da cidade. Estas não são instalações militares. Isto não é uma guerra de acordo com as regras definidas. Isto é terror, isto é matar para intimidar e ter prazer", afirmou Zelenski nas redes sociais.
"O mundo deve ver e compreender o mal absoluto contra o qual estamos lutando", lamentou Zelenski. "Esta é a verdadeira vida da Ucrânia e dos ucranianos" nos dez meses de guerra, disse o presidente.
A cidade de Kherson foi capturada por tropas russas e libertada pelo exército ucraniano em 11 de novembro, depois de oito meses de ocupação. As tropas de Kiev conseguiram expulsar os russos da cidade após uma contraofensiva de vários meses.
Agora sob controle ucraniano, no entanto, Kherson é alvo regular de bombardeios russos, especialmente a instalações energéticas.
Alerta sobre ataques
O bombardeio deste sábado ocorreu horas depois de Zelenski alertar sobre o risco de ataques russos à Ucrânia durante as festas de fim de ano.
"Com a aproximação das festas de fim de ano, os terroristas russos podem se tornar ativos novamente", disse Zelenski em um vídeo na sexta-feira. "Eles desprezam os valores cristãos e quaisquer valores em geral."
Ele pediu aos ucranianos que prestem atenção às sirenes de ataque aéreo e ajudem uns aos outros.
Depois de meses com a Rússia atacando a infraestrutura da Ucrânia, milhões de ucranianos estão sofrendo cortes de energia e falta de água encanada e aquecimento.
Apesar da melancolia, os ucranianos em todo o país mostraram determinação em ainda comemorar as festas de fim de ano da maneira que puderem, com cidades como Kiev e Kharkiv instalando uma árvore de Natal.
O prefeito de Kiev, Vitali Klitschko, disse que a estrutura de Natal na capital seria batizada de "árvore da Invencibilidade".
"Decidimos que não deixaríamos a Rússia roubar a celebração do Natal e do Ano Novo de nossos filhos", disse ele.
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Outros ataques
Também neste sábado, as tropas russas atacaram locais perto de Bakhmut, no leste da Ucrânia.
O estado-maior das forças armadas ucraniano disse que ocorreram três ataques com mísseis, 10 ataques aéreos e 62 ataques com sistemas de lançamento múltiplo de foguetes.
"Na direção de Bakhmut, o inimigo usou tanques, morteiros, canhões e artilharia de foguetes para abrir fogo contra 25 assentamentos, incluindo Spirne, Berestove, Soledar, Bakhmut, Klishchiivka, Chasiv Yar, Stupochky, Bila Hora, Dyliivka e Opytne, na região de Donetsk", detalhou o estado-maior em uma publicação no Facebook.
Ainda neste sábado, um homem de 72 anos foi morto em um ataque de morteiro em Kharkiv. Uma mulher de 74 anos, ferida por estilhaços, foi levada ao hospital.
le (Lusa, ots)
Instantâneos de uma Ucrânia em guerra
Mostra "O novo anormal", no Museu Deichtorhallen de Hamburgo, registra horrores da guerra, mas também a resistência dos ucranianos, em trabalhos de 12 fotógrafos do país sob invasão russa.
Foto: Oksana Parafeniuk
Civis treinam com armas de madeira
Nesta imagem feita perto de Kiev em 6 de fevereiro de 2022, menos de duas semanas antes da invasão russa, a fotógrafa Oksana Parafeniuk capturou a determinação de seus compatriotas de resistir. Embora os países ocidentais não esperassem que a Rússia atacasse a capital a Ucrânia, os civis de lá já estavam treinando com armas de madeira, para caso de emergência.
Foto: Oksana Parafeniuk
Resistindo com o país
Em 24 de fevereiro, o fotógrafo Mykhaylo Palinchak acordou em Kiev com o som de sirenes, pouco depois ouviu uma explosão. "Desde então, estamos vivendo num novo mundo", afirma. Suas fotografias mostram granadas, casas destruídas e como seus compatriotas defendem a nação, mais do que nunca. A mulher da foto exibe o pulso esquerdo tatuado com o mapa da Ucrânia.
Foto: Mykhaylo Palinchak
Começou às 5 da manhã
"A guerra é a pior das opções da humanidade. Nenhum filme, nenhum livro, nenhuma foto pode transmitir este horror", diz a fotógrafa Lisa Bukreieva. "Com a invasão dos russos, meu sentido de tempo mudou. É apenas um horror de longa
duração." Esta fotografia capta o momento em que a guerra começou para ela.
Foto: Lisa Bukreieva
Cidadãos de Kiev - parte 1
Depois da invasão da Ucrânia pelo exército russo, Kiev se transformou em outra cidade, relata Alexander Chekmenev, de 52 anos. Muitos fugiram, ele próprio enviou a família para a segurança no exterior, mas ficou no país para documentar com sua Pentax a vida dos cidadãos de Kiev em tempos de guerra. Como esta ucraniana em uniforme de combate.
Foto: Alexander Chekmenev
Cidadãos de Kiev - parte 2
Abrigos antiaéreos e centros de primeiros-socorros espalharam-se pela capital ucraniana. Lá, Chekmenev fotografou gente comum, que nunca esteve sob os holofotes: "Eu queria mostrar a dignidade deles. Este país pertence ao seu povo, e eu quero mostrar o meu respeito por cada um deles", diz o fotógrafo de renome internacional.
Foto: Alexander Chekmenev
Traços do presente
Em sua série de fotografias, Pavlo Dorohoi capturou a vida em tempos de guerra em sua cidade natal, Kharkiv. Muitos cidadãos se esconderam em estações do metrô para escapar das bombas, transformando os locais em lares temporários, com "tapetes, cobertores e outros objetos pessoais", relata Dorohoi.
Foto: Pavlo Dorohoi
Bucha: o local do horror
O arquiteto e fotógrafo de Kiev Nazar Furyk fotografou lugares devastados pelas tropas russas, entres os quais a cidade de Bucha, que se tornou símbolo de muitas atrocidades. O fotógrafo se pergunta: como é possível continuar vivendo num lugar assim? Como se lida com essa experiência, gravada profundamente na memória coletiva da população ucraniana?
Foto: Nazar Furyk
Diário de Kiev - parte 1
A fotógrafa e videoartista Mila Teshaieva mantém um diário online desde o início da guerra, onde registrou tudo: desde os primeiros dias, antes dos mísseis, até os crimes contra a humanidade revelados desde então. Seus registros também incluem fotos, como esta.
Foto: Mila Teshaieva
Diário de Kiev - parte 2
Mila Teshaieva relata o desespero que a guerra provoca, mas também registra a união dos ucranianos e sua enorme vontade de resistir. Em sua cidade natal, Kiev, os moradores estão tentando proteger não só a si, mas também seus monumentos, símbolos da identidade nacional.
Foto: Mila Teshaieva
Documentação da guerra
Vladyslav Krasnoshchok é dentista, mas há anos se dedica à arte. Agora viaja por sua pátria devastada e fotografa carros queimados, pontes e tanques destruídos. "Eu tiro fotos, ouço tiros e corro de volta para o carro. Adrenalina pura!", escreve. Ele sempre revela os filmes imediatamente. Afinal, não se sabe se haverá oportunidade de tirar mais fotos.
Foto: Vladyslav Krasnoshchok
Mutilado
"Vivendo com o medo de ser ferido" é o nome da série de fotos do designer Sasha Kurmaz. A violência tem feito parte da história humana desde o início, afirma, e não está otimista se isso vá mudar em breve. Ainda assim, não desiste de sua luta pessoal por um mundo melhor.
Foto: Sasha Kurmaz
Porto seguro?
Uma cadeira, copos com bebidas: para Elena Subach esta foto tirada na cidade de Uzhgorod, no oeste da Ucrânia, simboliza a segurança de quem foge rumo a outros países. "Quase todo homem tirou uma foto da esposa e dos filhos antes de lhes dizer adeus. Eu nunca vi tanto amor e tanta dor ao mesmo tempo."