Ataque russo reforça pedido de Kiev por defesas antiaéreas
19 de abril de 2024
Bombardeio com mísseis e drones matou oito pessoas, incluindo duas crianças. Ucranianos dizem ter abatido avião bombardeiro russo a 300 km da fronteira. Zelenski renova pedido aos aliados por mais armamentos.
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Um ataque aéreo russo matou ao menos oito pessoas, incluindo duas crianças, na região ucraniana de Dnipropetrovsk nesta sexta-feira (19/04), fazendo com que o presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, renovasse o pedido por munição e reforços para a defesa antiaérea do país, enquanto os estoques diminuem rapidamente em razão de uma queda no envio de ajuda militar por parte do Ocidente.
"Cada país que fornecer sistemas de defesa aérea para a Ucrânia, cada líder que ajudar a convencer nossos parceiros de que sistemas de defesa aérea não devem permanecer armazenados, mas, sim, serem enviados a cidades e comunidades que enfrentam o terror, assim como todos os que apoiarem nossa defesa, são salvadores de vidas", disse Zelenski.
"A Rússia deve ser responsabilizada por seu terror. Cada míssil, cada [drone] Shahed deve ser abatido", afirmou. "O mundo pode assegurar isso, nossos parceiros possuem as capacidades necessárias para tal".
Nesta sexta, uma bateria de mísseis atingiu a cidade de Dnipro e seus arredores nas primeiras horas do dia, danificando edifícios residenciais, a estação ferroviária e deixando ao menos 28 feridos, segundo as autoridades locais.
"Foi um terrível ataque russo à região de Dnipropetrovsk nesta manhã. Duas crianças estão entre os mortos. Uma menina de 14 anos e um menino de oito", lamentou o ministro ucraniano do Exterior, Dmytro Kuleba, em postagem no X. "Crianças não podem ser mortas em ataques aéreos em plena Europa moderna. Temos de protegê-las com um escudo antiaéreo confiável."
A companhia ferroviária estatal ucraniana Ukrzaliznytsia disse que suas infraestruturas foram atingidas no ataque, que matou uma de suas funcionárias e feriu outras sete pessoas.
A Rússia reforçou nas últimas semanas seus ataques aéreos a infraestruturas de energia e outros alvos, aumentando a pressão sobre as forças ucranianas nas frentes de batalha, onde os invasores vêm conseguindo obter avanços no leste ucraniano.
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Bombardeiro russo abatido
Pela primeira vez desde o início da guerra, em fevereiro de 2022, forças ucranianas abateram um avião russo Tu-22M3, um bombardeiro estratégico que teria participado do ataque a Dnipropetrovsk, afirmou o comandante da Força Aérea ucraniana e da agência militar de espionagem.
A aeronave estava 300 quilômetros além da fronteira com a Rússia. Fontes da inteligência ucraniana afirmaram à agência de notícias Reuters que foi utilizado no ataque um sistema de mísseis terra-ar de longo alcance S-200. O equipamento da era soviética teria sido modificado.
Imagens de vídeo amplamente compartilhadas nas redes sociais, cuja autenticidade não pôde ser comprovada pela DW, mostravam um avião com a cauda em chamas caindo em uma espiral descontrolada.
O Ministério russo da Defesa informou que o bombardeiro caiu na região russa de Stavropol, a centenas de quilômetros do território no leste ucraniano controlado por Moscou, enquanto retornava de uma missão de combate. No entanto, segundo a pasta, a queda aparentemente teria ocorrido em razão de problemas técnicos.
Os quatro tripulantes conseguiram se ejetar do avião: dois foram resgatados, um morreu e o quarto estava sendo procurado pelas equipes de busca, informaram as autoridades da região.
A Força Aérea ucraniana relatou ter abatido 15 dos 22 mísseis lançados pela Rússia, incluindo dos mísseis de cruzeiro Kh-22 e 14 drones de fabricação iraniana.
rc/le (Reuters, AFP)
A invasão russa da Ucrânia em imagens
Em 24 de fevereiro de 2022, Moscou invadiu o território ucraniano por terra, ar e mar, lançou foguetes e destruiu instalações militares em diferentes partes do país vizinho. Em pânico, cidadãos tentaram fugir.
Foto: Kunihiko Miura/AP/picture alliance
Ucranianos em pânico
Uma manhã dramática na Ucrânia. Depois que a Rússia iniciou um ataque ao país vizinho. e se ouviram as primeiras explosões – inclusive na capital, Kiev –, muitos fugiram. Veículos militares circulavam pelas ruas da cidade, enquanto residentes faziam as malas e tentavam deixar o local.
Foto: Sputnik/dpa/picture alliance
Filas de carros em Kiev
O desespero dos civis ucranianos gerou um enorme congestionamento na principal avenida em direção ao oeste de Kiev. O ataque foi anunciado pelo presidente russo, Vladimir Putin, num pronunciamento, alegando ter iniciado uma operação militar contra a Ucrânia para de "desmilitarizar" o país e eliminar supostas "ameaças" contra Moscou.
Foto: Chris McGrath/Getty Images
Ataques aéreos
Explosões foram ouvidas alguns minutos depois do fim do pronunciamento de Putin. Nesta foto, vê-se um outdoor aparentemente destruído por um míssel, em Kiev. O governo ucraniano falou de uma "invasão em grande escala" de seu território, assegurando que o país "se defenderá e vencerá".
Foto: Efrem Lukatsky/AP Photo/picture alliance
Tropas ucranianas se mobilizam
Tanques ucranianos se deslocam para a cidade portuária de Mariupol, no sudeste do país. As Forças Armadas ucranianas são as segundas maiores da região, porém a Rússia as supera em todas as áreas, exceto no número de soldados na ativa.
Foto: Carlos Barria/REUTERS
Explosões em várias partes do país
Soldados examinam os restos de um foguete numa praça da capital ucraniana. Além de Kiev, explosões atingiram várias cidades próximas à fronteira com a Rússia. O mesmo ocorreu nas regiões costeiras, bem como na cidade portuária de Odessa, próxima à Península da Crimeia, ocupada por Moscou.
Foto: Valentyn Ogirenko/REUTERS
Rússia destrói instalações militares
Algumas partes da Ucrânia ficaram cobertas por fumaça preta após as explosões. A coluna de fumaça nesta foto parte de um aeroporto militar que teria sido atingido por bombardeios, perto da cidade de Kharkiv, no leste do país.
Foto: Aris Messinis/AFP/Getty Images
Ameaça à população
O Ministério da Defesa russo afirma que não visa cidades e "não há ameaça à população civil". A Agência de Segurança da Aviação da União Europeia descreveu o espaço aéreo ucraniano como "zona de conflito ativo". Os metrôs de Kiev foram liberados ao público e muitos civis se abrigaram nas estações, como mostra esta foto.
Foto: AFP via Getty Images
Explosões em áreas residenciais
Apesar do que diz o governo russo, há relatos de explosões em áreas residenciais. Bombeiros tentam conter um incêndio num bloco de apartamentos após um suposto ataque aéreo na localidade de Chuhuiv, perto de Kharkiv, no leste do país.
Foto: Wolfgang Schwan/AA/picture alliance
Invasão por terra
A invasão russa à Ucrânia ocorre também por mar e terra. Esta foto capturada por uma câmera de vigilância e publicada pelas autoridades fronteiriças da Ucrânia mostraria veículos militares russos cruzando a fronteira na Crimeia, em direção à Ucrânia. Essa península foi anexada pela Rússia em março de 2014.
Foto: State Border Guard Service Of Uk/picture alliance/dpa/PA Media
Alguns fogem, outros se preparam
Os efeitos dos ataques podem ser observados em todo o país. Na cidade de Lviv, de 700 mil habitantes, no extremo oeste da Ucrânia, longas filas se formaram em caixas eletrônicos O mesmo ocorreu em supermercados e lojas, na esperança de estocar alimentos e água. Enquanto alguns tentavam fugir, outros pareciam se preparar para se isolar.