Ataques aéreos do governo matam mais de 70 na Síria
30 de maio de 2015
Forças de segurança de Damasco bombardeiam alvos do "Estado Islâmico" na província de Aleppo. Segundo organização de direitos humanos, militares jogam bombas de estilhaços. Assad nega.
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Dois ataques da Força Aérea da Síria mataram mais de 70 pessoas neste sábado (30/05) no norte do país, afirmou o Observatório Sírio dos Direitos Humanos, sediado em Londres. As tropas do presidente sírio, Bashar al-Assad, visavam alvos do "Estado Islâmico" (EI) nas cidades de Aleppo e Al-Bab.
"Os mortos são em sua maioria civis", disse Rami Abdel-Rahman, diretor do Observatório Sírio dos Direitos Humanos. De acordo com a organização, o primeiro bombardeio matou pelo menos 59 pessoas num mercado de Al-Bab, atualmente sob controle dos jihadistas. Dezenas ficaram feridas. Pelo Twitter, militantes do EI confirmaram o ataque.
O segundo ataque ocorreu numa região controlada pelos extremistas na cidade de Aleppo. Segundo o observatório, pelo menos 12 pessoas, incluindo três crianças e quatro mulheres, morreram na operação. A agência estatal síria de notícias confirmou que tropas do governo bombardearam alvos do EI na província de Aleppo, mas não especificaram o local exato das ações.
Segundo a organização de monitoramento, em ambos os ataques a Força Aérea teria lançado bombas de barril – tambores de aço cheios de estilhaços e explosivos. O presidente sírio, Bashar al Assad, porém, nega que as forças de segurança do país possuam esse tipo de armamento. Ativistas da província de Aleppo postaram na internet fotografias de corpos de crianças e mulheres, enfileirados nas ruas das cidades, após os bombardeios.
Série de derrotas
Os ataques aéreos aconteceram pouco depois de as forças de segurança do governo e seus aliados terem se retirado da província de Idlib. A Frente al-Nusra, braço da Al Qaeda na Síria, assumiu nesta sexta-feira o controle de Ariha, última cidade na região que estava nas mãos das forças de Assad.
Recentemente militares sírios vêm amargando uma série de derrotas. Em meados de maio, militantes do "Estado Islâmico" tomaram a cidade de Palmira. Com essa vitória, o grupo extremista passou a controlar mais da metade do território da Síria.
Desde o início do levante contra Assad em março de 2011, já foram mais de 220 mil pessoas no país.
CN/rtr/ap/afp
Os tesouros arqueológicos de Palmira
Ruínas dessa antiga cidade são testemunhas de tempos de glória e uma importante herança cultural. Elas estão ameaçadas pela guerra civil na Síria e pela presença do "Estado Islâmico".
Foto: picture-alliance/dpa/Scholz
Ruínas de um passado glorioso
No meio do deserto da Síria ficam as ruínas da antiga cidade de Palmira, que em tempos passados floresceu graças ao comércio. Por centenas de anos, caravanas de comerciantes passaram pela cidade, seguindo a chamada Rota da Seda, que ia até a China. Quando os tempos áureos viraram história, as areias do deserto acabaram tomando conta a cidade.
Foto: Fotolia/bbbar
Templo de Bel
Esta construção foi erguida para um grande deus mesopotâmio. No primeiro século depois de Cristo, os habitantes de Palmira construíram um tempo em estilo romano para a divindade Bel. O custo da obra teria sido arcado pelos romanos, em agradecimento pela adesão da cidade ao Império Romano. As paredes do templo carregam marcas de balas, resultado da guerra civil na Síria.
Foto: picture-alliance/blickwinkel/F. Neukirchen
Caminho das preciosidades
Esta avenida marcada por colunas tem quase um quilômetro de extensão e foi construída no século 2. Na entrada está o Arco de Adriano, erguido em homenagem ao imperador romano. O estilo greco-romano estava na moda na época, com alguns arabescos orientais. Pela estrada eram transportados temperos, perfumes, pedras preciosas e outros tesouros.
Foto: Louai Beshara/AFP/Getty Images
Monumento em estilo romano
Este tetrápilo fica num cruzamento de ruas. São quatro nichos cobertos, cada um deles formado por quatro colunas de granito rosa, extraído das pedreiras da cidade egípcia de Assuã. Antigamente, os nichos abrigavam estátuas. Quase todas as colunas foram reconstituídas. Apenas uma é original.
Foto: Fotolia/waj
Deus do vento
O deus do vento se chamava Baal-Shamin. De fato, o templo dele foi menos deteriorado pelas tempestades de areia do que os templos fúnebres localizados no outro extremo da avenida das colunas. Acredita-se que o templo tenha sido construído pelos fenícios, que posteriormente ocuparam a região. Não se sabe ao certo, porém, quando exatamente ele foi construído.
Foto: picture-alliance/dpa/Scholz
Dramas orientais
Palmira tinha muitas características de uma cidade greco-romana: as colunas, as termas e também o anfiteatro. No palco dele, que era a fachada de um palácio, eram encenados dramas orientais. As peças, escritas em aramaico, se perderam. O teatro também era usado como palco de lutas de gladiadores e de animais.
Foto: picture-alliance/dpa/M. Marczok
Fórum da classe alta
Estas colunas da ágora, o espaço público central da cidade, ostentavam 200 estátuas que homenageavam as figuras mais poderosas da elite de Palmira. Na parte sudoeste da ágora estão as ruínas de uma construção que possivelmente serviu para as reuniões do conselho da cidade. Dele faziam parte as mais influentes famílias de comerciantes, aquelas que definiam os rumos de Palmira.
Foto: picture-alliance/Robert Harding World Imagery/C. Rennie
Túmulos luxuosos
Do lado de fora da cidade há vários mausoléus. Famílias importantes construíam torres altas, com espaço para os mortos de várias gerações. As últimas moradas de alguns representantes dessas famílias são sarcófagos ricamente ornamentados. Há ainda diversos sepulcros subterrâneos, adornados com afrescos. As sepulturas são um testemunho do cotidiano e das riquezas dos tempos áureos.
Foto: Imago/A. Schmidhuber
Ameaçada pela guerra
No século 3, Palmira se tornou uma base militar. A queda da rainha Zenóbia deu origem a uma reviravolta no poder. Os tempos áureos ficaram para trás, o brilho da cidade começou a ser apagado pela areia. Desde 2001, as ruínas sofrem as consequências da guerra civil na Síria. A nova ameaça são os jihadistas do "Estado Islâmico".