Bombardeios atribuídos a aviões russos causam dezenas de mortes na cidade de Idlib. Entre as vítimas também estariam combatentes de grupos de oposição ao regime do presidente Bashar al-Assad.
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Ao menos 36 pessoas morreram e outras dezenas ficaram feridas em bombardeios supostamente realizados por aviões russos na cidade de Idlib, na Síria, neste domingo (20/12).
O Observatório Sírio para os Direitos Humanos, que monitora o conflito no país árabe, afirmou que até o momento sete ataques aéreos foram realizados na região. Entre as vítimas, além de civis, estariam combatentes de grupos islâmicos de oposição ao regime do presidente Bashar al-Assad. Segundo a organização, o número de mortos ainda deve aumentar, devido ao estado grave dos feridos e ao número de desaparecidos.
A Coalizão Nacional Síria, o principal grupo de oposição ao regime de Damasco, condenou o que chamou de "agressão perpetrada pela aviação da ocupação russa à cidade de Idlib", e afirmou que os ataques teriam matado "50 civis e ferido outros 170", segundo dados preliminares.
O grupo alertou que o bombardeio viola a resolução do Conselho de Segurança da ONU que pede o "término imediato de qualquer ataque contra civis, serviços de saúde e seus funcionários, além do uso indiscriminado de armas, o que inclui os bombardeios", segundo afirma um comunicado divulgado pela Coalizão.
A Rússia, aliada do regime de Assad, iniciou no final de setembro os ataques aéreos no território sírio, afirmando que os alvos seriam posições da organização extremista "Estado Islâmico" (EI) e outros grupos terroristas. Entretanto, autoridades ocidentais e grupos rebeldes moderados denunciam que a maioria dos bombardeios atingem milícias de oposição ao governo de Damasco.
RC/efe/ap
A guerra civil na Síria antes do EI
O "Estado Islâmico" inflamou o debate sobre como pôr fim à guerra civil síria. Contudo o grupo só emergiu mais tarde no conflito. Confira alguns momentos dessa guerra que abriram espaço para o avanço dos jihadistas.
Foto: AP
Março de 2011
Enquanto regimes ruem por todo o Oriente Médio, dezenas de milhares de sírios vão às ruas para protestar contra a corrupção, o desemprego elevado e a alta dos preços dos alimentos. O governo da Síria responde com armas de fogo. Até maio, cerca de 400 vidas são ceifadas.
Foto: dapd
Maio de 2011
Sob insistência dos países ocidentais, o Conselho de Segurança da ONU condena a repressão violenta. Nos meses seguintes, os Estados Unidos e a União Europeia impõem embargo de armas, recusa de vistos e congelamento de bens. Com apoio da Liga Árabe, aumenta a pressão para a saída do presidente sírio Bashar al-Assad – embora sem o aval de todos os países-membros da ONU.
Foto: picture-alliance/dpa/J. Szenes
Agosto de 2011
Em 1970 um golpe pusera Hafez al-Assad no poder. Após sua morte, em 2000, o filho Bashar (à dir.) assume a liderança. De início tido como reformista, ele perde apoio ao manter o estado de emergência que há décadas restringe as liberdades políticas, permitindo vigilância e interrogatórios. Assad tem respaldo da Rússia, que lhe fornece armas e repetidamente veta as resoluções da ONU sobre a Síria.
Foto: picture-alliance/dpa/Stringer/Ap/Pool
Dezembro de 2011
A ONU e outras organizações têm provas de violação dos direitos humanos na Síria. Civis e militares desertores começam a se organizar lentamente para combater as forças do governo, que vêm atacando os dissidentes. Até o fim de 2011, essa luta causa mais de 5 mil mortes. Mesmo assim, ainda transcorrem seis meses até a ONU reconhecer que o país está em guerra.
Foto: Reuters/Goran Tomasevic
Setembro de 2012
O Irã finalmente confirma que tem combatentes em solo sírio, fato que Damasco negava há tempos. A presença de tropas aliadas acentua a hesitação dos Estados Unidos e de outras potências ocidentais em intervir no conflito. Os EUA, marcados pelas intervenções fracassadas no Afeganistão e no Iraque, propõem o diálogo como única solução sensata.
Foto: AP
Março de 2013
As mortes beiram 100 mil, e o total de refugiados em países vizinhos como a Turquia e a Jordânia atinge 1 milhão – número que duplicaria até setembro. Em dois anos de guerra, o Ocidente e a Liga Árabe veem fracassar todas as tentativas de um governo de transição, enquanto o conflito transborda para a Turquia e o Líbano. O pior temor é de que Assad se mantenha no poder a todo custo.
Foto: Reuters/B. Khabieh
Abril de 2013
Há muito Assad alega estar combatendo terroristas. Mas só no segundo ano de guerra se confirma que o Exército Livre Sírio inclui extremistas radicais. O grupo Frente al-Nusra declara apoio à Al Qaeda, fragmentando ainda mais a oposição.
Foto: Reuters/A. Abdullah
Junho de 2013
A Casa Branca afirma ter provas de que Assad está atacando civis com o gás tóxico sarin. Mais tarde a informação é corroborada pela ONU. A partir da revelação, o presidente dos EUA, Barack Obama, e outros líderes ocidentais passam a considerar uma intervenção militar. No entanto a proposta da Rússia para que se retirem as armas químicas da Síria acaba por se impor.
Foto: Reuters
Janeiro de 2014
Ao fim de 2013 surgem relatos sobre um novo grupo autodenominado Estado Islâmico do Iraque e do Levante – o futuro EI. Ao tomar terras no norte da Síria e também no Iraque, os jihadistas despertam lutas internas na oposição, causando 500 mortes até o início de janeiro. Esse terceiro e inesperado fator levaria os EUA, França, Arábia Saudita e outras nações à intervir na guerra em meados do ano.