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Bombas obrigam civis a viver no subterrâneo em Aleppo

5 de maio de 2015

Anistia Internacional acusa forças de Assad de lançar bombas de barril sobre bairros controlados pelos rebeldes, o que leva civis a viver embaixo da terra, e denuncia crimes de guerra e contra a humanidade.

Ataque aéreo com bombas, feito por forças do governo contra bairro no norte de AleppoFoto: Getty Images/Afp/Zein Al-Rifai

Tanto forças do governo sírio quanto insurgentes cometeram crimes de guerra e violações dos direitos humanos na disputada cidade de Aleppo, no norte do país, afirmou a Anistia Internacional (AI) nesta terça-feira (05/05). As práticas de ambos os lados incluem bombardeios, torturas, detenções arbitrárias e sequestros.

"Algumas ações do governo constituem crimes contra a humanidade", afirmou a organização, que culpou os rebeldes por crimes de guerra.

Desde meados de 2012, Aleppo, que já foi a maior cidade e capital comercial da Síria, é um dos principais campos de batalha da guerra civil do país. Os três anos de conflito arrasaram bairros, desencadearam uma crise humanitária e obrigaram centenas de milhares de pessoas a fugir.

Em novo relatório, a Anistia Internacional condena o uso, pelo governo de bombas de barril – grandes latas cheias de explosivos e sucata de metal – contra bairros sob controle dos rebeldes. Esses ataques obrigam a população civil a viver embaixo da terra, denunciou a Anistia.

A campanha militar trouxe "terror e sofrimento" e forçou muitos civis a recorrer a uma "existência subterrânea para escapar do bombardeio aéreo implacável". A organização afirma que os ataques com bombas de barril mataram mais de 3 mil civis em Aleppo no ano passado e mais de 11 mil no país desde 2012.

Apesar de grupos de direitos humanos e ativistas terem documentado o uso de bombas de barril por parte do governo, o presidente sírio, Bashar Al-Assad, nega que suas forças lancem mão de tal artifício.

"Essas investidas contínuas sobre áreas residenciais indicam uma política de ter, intencional e sistematicamente, civis como alvo, em ataques que constituem crimes de guerra e crimes contra a humanidade", afirmou Philip Luther, diretor regional da AI para o Oriente Médio e o Norte da África.

Grupos insurgentes também cometeram crimes de guerra na cidade síria, ao usarem armas imprecisas, como morteiros e mísseis improvisados, contra bairros controlados pelo governo, diz o relatório da AI. Ao menos 600 civis foram mortos em ataques do tipo em 2014, de acordo com a organização.

O relatório também repreendeu a comunidade internacional por não punir os abusos contra civis na Síria. "A inação contínua está sendo interpretada por autores de crimes de guerra e contra a humanidade como um sinal de que eles podem manter os civis de Aleppo reféns sem medo de retaliação", disse Luther. O representante da AI afirma que o conflito sírio deveria ser levado ao Tribunal Penal Internacional, em Haia.

A guerra civil síria começou com protestos contra o governo, que resultaram num conflito sangrento após a queda do regime. Desde março de 2011, mais de 220 mil pessoas foram mortas no país, segundo o Observatório Sírio de Direitos Humanos.

LPF/ap/afp

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