Três atentados a bomba atingem diferentes regiões xiitas da capital iraquiana, somando ao menos 72 mortos e mais de cem feridos. Um dos ataques é reivindicado pelo grupo extremista "Estado Islâmico".
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Veja imagens do ataque do "Estado Islâmico" em Bagdá
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Ataques a bomba atingiram regiões populosas de Bagdá nesta terça-feira (17/05), deixando dezenas de mortos e mais de cem feridos, segundo fontes médicas e policiais. A capital iraquiana já havia sofrido uma onda de atentados na semana passada, quando outra centena pessoas morreram.
O grupo terrorista "Estado Islâmico" (EI) reivindicou um dos três ataques desta terça-feira, realizado num mercado popular no bairro xiita de al-Shaab, no norte de Bagdá. Pelo menos 38 pessoas morreram e mais de 70 ficaram feridas.
Um porta-voz do Ministério do Interior iraquiano indicou que uma mulher suicida teria perpetrado o ataque. Ao reivindicar o ato, porém, o EI afirmou que o responsável foi um homem-bomba, Abu Khattab al-Iraqi, que lançou granadas antes de detonar um cinto de explosivos preso ao corpo.
Além desse ato suicida, um atentado com carro-bomba foi registrado nas proximidades de outro distrito xiita, Sadr City, deixando pelo menos 28 mortos e 57 feridos. Outro carro-bomba explodiu no distrito de al-Rasheed, no sul da capital, matando seis e ferindo 21, afirmaram as fontes.
Na semana passada, ataques em Bagdá reivindicados pelo EI mataram mais de uma centena de civis, somando o maior número de mortos em atos terroristas neste ano, em tão poucos dias.
Apesar do apoio da coligação internacional liderada pelos Estados Unidos. que tenta travar os avanços jihadistas no Iraque, além de treinar as forças iraquianas para a luta contra o EI, a onda de atentados em Bagdá tem revelado falhas significativas nos procedimentos de segurança da capital.
O primeiro-ministro iraquiano, Haider al-Abadi, declarou que uma crise política, desencadeada por sua tentativa de remodelar o gabinete para combater a corrupção, está dificultando a lutra contra o grupo extremista e criando mais espaço para ataques contra a população civil.
Nesta terça-feira, após os atentados, Abadi ordenou a prisão do oficial responsável pela segurança da região de al-Shaab, sem mencionar ações semelhantes contra oficiais dos outros bairros atingidos.
EK/afp/ap/lusa/rtr
"Estado Islâmico": de militância sunita a califado
Origens do grupo jihadista remontam à invasão do Iraque, em 2003. Nascido como oposição ao domínio xiita e inicialmente um braço da Al Qaeda, EI passou por mudanças e virou uma ameaça internacional.
Foto: picture-alliance/AP Photo
A origem do "Estado Islâmico"
A trajetória do "Estado Islâmico" (EI) começou em 2003, com a derrubada do ditador iraquiano Saddam Hussein pelos EUA. O grupo sunita surgiu a partir da união de diversas organizações extremistas, leais ao antigo regime, que lutavam contra a ocupação americana e contra a ascensão dos xiitas ao governo iraquiano.
Foto: picture-alliance/AP Photo
Braço da Al Qaeda
A insurreição se tornou cada vez mais radical, à medida que fundamentalistas islâmicos liderados pelo jordaniano Abu Musab al Zarqawi, fundador da Al Qaeda no Iraque (AQI), infiltraram suas alas. Os militantes liderados por Zarqawi eram tão cruéis que tribos sunitas no Iraque ocidental se voltaram contra eles e se aliaram às forças americanas, no que ficou conhecido como "Despertar Sunita".
Foto: AP
Aparente contenção
Em junho de 2006, as Forças Armadas dos EUA mataram Zarqawi numa ofensiva aérea e ele foi sucedido por Abu Ayyub al-Masri e Abu Omar al-Bagdadi. A AQI mudou de nome para Estado Islâmico do Iraque (EII). No ano seguinte, Washington intensificou sua presença militar no país. Masri e Bagdadi foram mortos em 2010.
Foto: AP
Volta dos jihadistas
Após a retirada das tropas dos EUA do Iraque, efetuada entre junho de 2009 e dezembro de 2011, os jihadistas começaram a se reagrupar, tendo como novo líder Abu Bakr al-Bagdadi, que teria convivido e atuado com Zarqawi no Afeganistão. Ele rebatizou o grupo militante sunita como Estado Islâmico do Iraque e do Levante (EIIL).
Foto: picture alliance/dpa
Ruptura com Al Qaeda
Em 2011, quando a Síria mergulhou na guerra civil, o EIIL atravessou a fronteira para participar da luta contra o presidente Bashar al-Assad. Os jihadistas tentaram se fundir com a Frente Al Nusrah, outro grupo da Síria associado à Al Qaeda. Isso provocou uma ruptura entre o EIIL e a central da Al Qaeda no Paquistão, pois o líder desta, Ayman al-Zawahiri, rejeitou a manobra.
Foto: dapd
Ascensão do "Estado Islâmico"
Apesar do racha com a Al Qaeda, o EIIL fez conquistas significativas na Síria, combatendo tanto as forças de Assad quanto rebeldes moderados. Após estabelecer uma base militar no nordeste do país, lançou uma ofensiva contra o Iraque, tomando sua segunda maior cidade, Mossul, em 10 de junho de 2014. Nesse momento o grupo já havia sido novamente rebatizado, desta vez como "Estado Islâmico".
Foto: picture alliance / AP Photo
Importância de Mossul
A tomada da metrópole iraquiana Mossul foi significativa, tanto do ponto de vista econômico quanto estratégico. Ela é uma importante rota de exportação de petróleo e ponto de convergência dos caminhos para a Síria. Mas a conquista da cidade é vista como apenas uma etapa para os extremistas, que pretenderiam avançar a partir dela.
Foto: Getty Images
Atual abrangência do EI
Além das áreas atingidas pela guerra civil na Síria, o EI avançou continuamente pelo norte e oeste iraquianos, enquanto as forças federais de segurança entravam em colapso. No fim de junho, a organização declarou um "Estado Islâmico" que atravessa a fronteira sírio-iraquiana e tem Abu Bakr al-Bagdadi como "califa".
Foto: Reuters
As leis do "califado"
Abu Bakr al-Bagdadi impôs uma forma implacável da charia, a lei tradicional islâmica, com penas que incluem mutilações e execuções públicas. Membros de minorias religiosas, como cristãos e yazidis, deixaram a região do "califado" após serem colocados diante da opção: converter-se ao islã sunita, pagar um imposto ou serem executados. Os xiitas também eram alvo de perseguição.
Foto: Reuters
Guerra contra o patrimônio histórico
O EI destruiu tesouros arqueológicos milenares em cidades como Palmira (foto), na Síria, ou Mossul, Hatra e Nínive, no Iraque. Eles diziam que esculturas antigas entram em contradição com sua interpretação radical dos princípios do Islã. Especialistas afirmam, porém, que o grupo faturou alto no mercado internacional com a venda ilegal de estátuas menores, enquanto as maiores eram destruídas.
Foto: Fotolia/bbbar
Ameaça terrorista
Durante suas ofensivas armadas, o "Estado Islâmico" saqueou centenas de milhões de dólares em dinheiro e ocupou diversos campos petrolíferos no Iraque e na Síria. Seus militantes também se apossaram do armamento militar de fabricação americana das forças governamentais iraquianas, obtendo, assim, poder de fogo adicional.