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Atentado ao "futuro do povo iraquiano"

mw19 de agosto de 2003

Brasileiro Sérgio Vieira de Mello morre em atentado à sede da ONU em Bagdá. Para ministro alemão, ataque foi contra o próprio povo do Iraque. Mais de 60 mortos e feridos.

Sede da ONU no Iraque virou escombrosFoto: AP

Um carro-bomba destruiu boa parte do escritório central das Nações Unidas em Bagdá. Pelo menos 17 pessoas morreram e dezenas ficaram feridas no atentado. Entre os mortos, o chefe da missão da ONU no Iraque, Sérgio Vieira de Mello.

Logo após o ataque, apesar de soterrado e com ferimentos graves, o diplomata brasileiro ainda telefonara para a sede da organização em Nova York dando sinal de vida. Duas horas depois, o contato telefônico com ele foi interrompido, informou Paul Bremer, o administrador civil dos EUA no Iraque. Mais duas horas, e tanto a ONU quanto o comando americano em Bagdá confirmaram o falecimento.

Sérgio Vieira de Mello, em foto de 2002Foto: AP

Eram cerca de 16h30 locais, quando um caminhão carregado de explosivos entrou no saguão do Canal Hotel, de onde a ONU coordena suas atividades no Iraque desde 1991. Acredita-se que pelo menos 200 funcionários trabalhavam no prédio naquele horário. O gabinete de Vieira de Mello ficava próximo ao local da explosão. Pela manhã, havia sido anunciada a prisão do ex-vice-presidente iraquiano Taha Yassin Ramadan no norte do país por um grupo curdo aliado dos Estados Unidos.

Reações de perplexidade

– Em Berlim, o ministro das Relações Exteriores condenou o atentado. "Os responsáveis por este crime precisam ser investigados e punidos sem perdão", disse Joschka Fischer. Para o líder verde, o atentado não é apenas um ataque às Nações Unidas, mas ao futuro do povo iraquiano. Já o chanceler federal Gerhard Schröder declarou pensar neste momento nas vítimas e seus familiares. Em telegrama de pêsames ao secretário-geral da ONU, Kofi Annan, o chefe de governo alemão reafirmou apoio total às Nações Unidas.

Kofi Annan reagiu consternado e indignado. Nada pode "desculpar este ato de violência fútil e assassina contra homens e mulheres que foram ao Iraque com um único objetivo: ajudar o povo iraquiano a reconquistar sua independência e soberania, e reconstruir seu país o mais rapidamente possível, sob uma liderança de sua escolha", disse o diplomata ganense, que interrompeu suas férias na Finlândia e embarcou para Nova York. Ele garantiu que a ONU não recuará em sua missão no Iraque.

O prédio do Canal Hotel em 2002, antes da guerra e do atentadoFoto: AP

Em Bruxelas, a União Européia considerou a agressão um "ato abominável". O encarregado de política exterior da UE, Javier Solana, afirmou que o atentado foi dirigido a pessoas que trabalhavam pelo futuro do Iraque, enquanto o presidente da Comissão Européia, Romano Prodi, disse que o ataque deverá afetar a ajuda humanitária da comunidade internacional.

Respeitado, mas também questionado

– Sérgio Vieira de Mello era reconhecido internacionalmente por ser experiente na gerência de conflitos, como do Líbano, Ruanda e Timor Leste. Sua nomeação há um ano como alto comissário de Direitos Humanos não foi entretanto bem recebida por organizações não-governamentais européias, que o consideravam diplomático demais.

Indicado no fim de maio pessoalmente por Kofi Annan, Vieira de Mello aceitara a missão no Golfo Pérsico pelo prazo limitado de quatro meses. Consciente da difícil situação, somente há três semanas o diplomata tornara-se otimista com o futuro do Iraque. Em recente entrevista, dissera entender o incômodo dos iraquianos com as tropas de ocupação. "Os iraquianos precisam saber que a atual situação terá em breve um fim. A estabilidade voltará e a ocupação acabará", declarou no início de agosto.

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