Atentado contra mesquita xiita na Síria deixa 60 mortos
31 de janeiro de 2016
EI assume autoria de três explosões nos arredores do santuário Sayyida Zeinab, em Damasco. Templo abriga túmulo de neta do profeta Maomé e é ponto de peregrinação de muçulmanos xiitas do Líbano, Irã e Iraque.
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Mais de 60 pessoas foram mortas e 110 ficaram feridas num triplo atentado próximo ao santuário xiita de Sayyida Zeinab, nos arredores de Damasco. O grupo Estado Islâmico (EI) assumiu a autoria do ataque.
De acordo com a agência de notícias local Sana, a primeira explosão foi causada por um carro-bomba estacionado em frente a um ponto de ônibus. Logo após, dois homens-bomba detonaram os explosivos quando curiosos se aproximaram do local. As explosões formaram uma cratera na via. Dezenas de carros e um ônibus pegaram fogo.
O santuário ao sul da capital síria abriga o túmulo de uma neta do profeta Maomé e é ponto de peregrinação para muçulmanos xiitas. O local que atrai peregrinos do Irã, Líbano, Iraque e de outras partes da Síria foi alvo de ataques recentes.
Em fevereiro de 2015, dois atentados suicidas nos arredores do templo sagrado mataram quatro pessoas e feriram 13. Outro ataque reivindicado pelo grupo terrorista Frente Al-Nusra, afiliado à Al-Qaeda, deixou nove mortos. Jihadistas explodiram um ônibus que transportava peregrinos libaneses xiitas.
O santuário de Sayyida Zeinab é cercado por seguranças e barreiras de checagem. Militantes libaneses do Hezbollah participam do esquema de proteção. O grupo é aliado do presidente sírio, Bashar al-Assad, na guerra civil que assola o país desde 2011. Eles justificam a intervenção na Síria como forma de proteger o santuário de ameaças.
KG/afp/rtr
A guerra civil na Síria antes do EI
O "Estado Islâmico" inflamou o debate sobre como pôr fim à guerra civil síria. Contudo o grupo só emergiu mais tarde no conflito. Confira alguns momentos dessa guerra que abriram espaço para o avanço dos jihadistas.
Foto: AP
Março de 2011
Enquanto regimes ruem por todo o Oriente Médio, dezenas de milhares de sírios vão às ruas para protestar contra a corrupção, o desemprego elevado e a alta dos preços dos alimentos. O governo da Síria responde com armas de fogo. Até maio, cerca de 400 vidas são ceifadas.
Foto: dapd
Maio de 2011
Sob insistência dos países ocidentais, o Conselho de Segurança da ONU condena a repressão violenta. Nos meses seguintes, os Estados Unidos e a União Europeia impõem embargo de armas, recusa de vistos e congelamento de bens. Com apoio da Liga Árabe, aumenta a pressão para a saída do presidente sírio Bashar al-Assad – embora sem o aval de todos os países-membros da ONU.
Foto: picture-alliance/dpa/J. Szenes
Agosto de 2011
Em 1970 um golpe pusera Hafez al-Assad no poder. Após sua morte, em 2000, o filho Bashar (à dir.) assume a liderança. De início tido como reformista, ele perde apoio ao manter o estado de emergência que há décadas restringe as liberdades políticas, permitindo vigilância e interrogatórios. Assad tem respaldo da Rússia, que lhe fornece armas e repetidamente veta as resoluções da ONU sobre a Síria.
Foto: picture-alliance/dpa/Stringer/Ap/Pool
Dezembro de 2011
A ONU e outras organizações têm provas de violação dos direitos humanos na Síria. Civis e militares desertores começam a se organizar lentamente para combater as forças do governo, que vêm atacando os dissidentes. Até o fim de 2011, essa luta causa mais de 5 mil mortes. Mesmo assim, ainda transcorrem seis meses até a ONU reconhecer que o país está em guerra.
Foto: Reuters/Goran Tomasevic
Setembro de 2012
O Irã finalmente confirma que tem combatentes em solo sírio, fato que Damasco negava há tempos. A presença de tropas aliadas acentua a hesitação dos Estados Unidos e de outras potências ocidentais em intervir no conflito. Os EUA, marcados pelas intervenções fracassadas no Afeganistão e no Iraque, propõem o diálogo como única solução sensata.
Foto: AP
Março de 2013
As mortes beiram 100 mil, e o total de refugiados em países vizinhos como a Turquia e a Jordânia atinge 1 milhão – número que duplicaria até setembro. Em dois anos de guerra, o Ocidente e a Liga Árabe veem fracassar todas as tentativas de um governo de transição, enquanto o conflito transborda para a Turquia e o Líbano. O pior temor é de que Assad se mantenha no poder a todo custo.
Foto: Reuters/B. Khabieh
Abril de 2013
Há muito Assad alega estar combatendo terroristas. Mas só no segundo ano de guerra se confirma que o Exército Livre Sírio inclui extremistas radicais. O grupo Frente al-Nusra declara apoio à Al Qaeda, fragmentando ainda mais a oposição.
Foto: Reuters/A. Abdullah
Junho de 2013
A Casa Branca afirma ter provas de que Assad está atacando civis com o gás tóxico sarin. Mais tarde a informação é corroborada pela ONU. A partir da revelação, o presidente dos EUA, Barack Obama, e outros líderes ocidentais passam a considerar uma intervenção militar. No entanto a proposta da Rússia para que se retirem as armas químicas da Síria acaba por se impor.
Foto: Reuters
Janeiro de 2014
Ao fim de 2013 surgem relatos sobre um novo grupo autodenominado Estado Islâmico do Iraque e do Levante – o futuro EI. Ao tomar terras no norte da Síria e também no Iraque, os jihadistas despertam lutas internas na oposição, causando 500 mortes até o início de janeiro. Esse terceiro e inesperado fator levaria os EUA, França, Arábia Saudita e outras nações à intervir na guerra em meados do ano.