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Ataque em área diplomática de Cabul deixa dezenas de mortos

31 de maio de 2017

Explosão com carro-bomba perto da embaixada da Alemanha deixa centenas de feridos na capital do Afeganistão, entre eles funcionários da representação diplomática alemã. Número de mortos deve aumentar.

Atentado em Cabul
Atentado devastou região diplomática de CabulFoto: Getty Images/AFP/S. Marai

Um atentado com um carro-bomba deixou ao menos 90 mortos e mais de 400 feridos nas imediações da embaixada alemã em Cabul, numa área onde se encontra uma série de representações diplomáticas e edifícios do governo, comunicou o governo do Afeganistão nesta quarta-feira (31/05).

O ministro do Exterior da Alemanha, Sigmar Gabriel, comunicou que a explosão feriu funcionários da embaixada alemã e matou um segurança afegão do lado de fora do edifício. 

"O ataque ocorreu muito perto da embaixada alemã. Ele atingiu civis e aqueles que estão no Afeganistão para trabalhar por um futuro melhor para o país e as pessoas por lá. É especialmente desprezível que essas pessoas foram os alvos", disse o ministro.

"Nossos pensamentos estão com as famílias e amigos das vítimas. Desejamos que os feridos se recuperem rapidamente", prosseguiu Gabriel, afirmando que o ataque não abalou a determinação da Alemanha de "dar apoio ao regime afegão para a estabilização do país".

Explosão de carro-bomba deixa dezenas de mortos em Cabul

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O Ministério do Exterior alemão ativou uma equipe de crise para lidar com as consequências do atentado. Autoridades afegãs afirmaram que o número de mortos provavelmente aumentará, dada a gravidade de muitas das lesões.

Entre os feridos também havia 11 cidadãos dos Estados Unidos que trabalham no Afeganistão, informou um porta-voz do Departamento de Estado americano. Nenhum deles corre risco de morte.

A explosão ocorreu por volta das 08h25 da manhã (horário local), perto da praça de Zanbaq, na área diplomática da capital afegã, divulgou o porta-voz do Ministério do Interior, Najib Danish, em sua conta oficial no Twitter.

A forte detonação, que foi ouvida em vários pontos da cidade, acontece em pleno mês do Ramadã, sagrado para os muçulmanos, numa área onde também estão localizadas as embaixadas da Turquia, Reino Unido, EUA e Irã, entre outras, assim como a sede da missão da Otan no Afeganistão. As embaixadas alemã, francesa e chinesa estão entre os edifícios danificados. 

"Foi um carro-bomba perto da embaixada alemã, mas há vários outros importantes complexos e escritórios próximos. É difícil especificar qual foi o alvo exato", disse o porta-voz da polícia de Cabul, Basir Mujahid.

Cabul tem sido atingida nos últimos meses por uma série de ataques terroristas perpetuados pelo Talibã, bem como pela organização extremista "Estado Islâmico" (EI). A explosão desta quarta-feira, porém, foi particularmente devastadora, atingindo edifícios e carros num raio de um quilômetro.

O presidente afegão, Ashraf Ghani, condenou o ataque, classificando-o como um "crime de guerra". Nenhum grupo reivindicou a responsabilidade. O Talibã negou envolvimento.

No início de maio, oito soldados estrangeiros foram mortos num ataque reivindicado pelo EI. Em março, insurgentes atacaram um hospital militar afegão no distrito diplomático, causando a morte de 38 pessoas e ferindo mais de 70, entre pacientes, médicos e enfermeiras.

No mês passado, os talibãs anunciaram o lançamento de sua "ofensiva de primavera", prometendo intensificar os ataques contra forças militares locais e internacionais, bem como fortalecer sua base política no Afeganistão.

Na semana passada, o presidente do país, Ashraf Ghani, pediu que todos os grupos insurgentes respeitassem a comemoração do mês sagrado e interrompessem suas ações armadas. No entanto, no último domingo, primeiro dia do Ramadã, os talibãs realizaram um atentado, também com carro-bomba, em um ponto de ônibus em Khost, no sudeste do país, deixando 13 mortos e oito feridos.

Deportações controversas

O Ministério do Exterior da Alemanha tem alertado seus cidadãos sobre viagens ao Afeganistão, afirmando que "a situação de segurança é incerta e imprevisível em muitas partes do país". Ao mesmo tempo, o governo federal listou áreas do Afeganistão como seguras para permitir a deportação de migrantes cujos pedidos de refúgio foram negados na Alemanha. 

Berlim firmou no ano passado um acordo de repatriação com o governo afegão. Desde dezembro, foram deportados 106 afegãos em cinco voos. Após o atentado em Cabul, um novo voo agendado para esta quarta-feira foi cancelado, e uma fonte do governo alemão afirmou que não haverá deportações em massa nos próximos dias. 

A deportação de afegãos é controversa entre os partidos no Bundestag (Parlamento alemão), tendo em vista que o conflito entre o governo local e os radicais islâmicos do Talibã se intensificou nos últimos meses, com batalhas a nível nacional e ataques em todo o território. 

"A deportação para o inseguro Afeganistão deve não apenas ser postergada, mas completamente encerrada", escreveu no Twitter a líder do Partido Verde no Parlamento, Simone Peter, após o atentado desta quarta-feira. 

Nicole Birtsch, da Fundação Ciência e Política (SWP), de Berlim, alerta sobre uma piora da situação de segurança no país. "Apenas 57% do país estão sob a influência ou o controle das forças de segurança afegãs. Cerca de 2,5 milhões de pessoas vivem sob controle ou influência do talibã e outras 9 milhões vivem em zonas de conflito. O número de mortes de civis, incluindo muitas crianças, permanece elevado", disse a pesquisadora em entrevista à DW.

No ano passado houve 127.892 pedidos de refúgio de afegãos na Alemanha. De janeiro a abril foram adicionados outros 4.296 casos. Mas a taxa de aprovação dos pedidos diminuiu – atualmente, apenas um em cada dois afegãos recebe o direito de permanecer na Alemanha. Organizações sociais e de direitos humanos criticam as deportações, questionando a existência de uma "alternativa de fuga interna" citada pelas autoridades alemãs. 

"Os deportados geralmente não têm uma rede social que forneça contatos e segurança. A ajuda da Organização Internacional para as Migrações (OIM) não é suficiente para apoiá-los na busca por trabalho e acomodações. A taxa de desemprego é de 40%", aponta Birtsch. "É concebível que os deportados se juntam a organizações extremistas, que lhes oferecem proteção e apoio." 

PV/efe/lusa/afp/dpa/rtr

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