Investigações revelam que o autor do ataque no sul da França, o tunisiano Mohamed Lahouaiej Bouhlel, tinha "um interesse claro pelo movimento radical islâmico". Não há provas, porém, de qualquer contato dele com o EI.
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O promotor francês François Molins, responsável pelas investigações sobre o atentado em Nice na semana passada, divulgou nesta segunda-feira (18/07) novas informações sobre o tunisiano Mohamed Lahouaiej Bouhlel, de 31 anos, autor do ataque que matou 84 pessoas no sul da França.
Molins declarou que o atentado na avenida à beira-mar Promenade des Anglais foi "premeditado" e que Bouhlel tinha "um interesse claro e recente pelo movimento radical islâmico". "A radicalização pode ser produzida mais rapidamente quando é dirigida a mentes perturbadas", afirmou o promotor.
As investigações revelaram que o tunisiano pesquisou informações na internet, entre 1º e 13 de julho, sobre os ataques em Orlando e Dallas, nos Estados Unidos, e em Magnanville, perto de Paris.
No computador de Bouhlel, foram ainda encontradas imagens extremamente violentas de crimes cometidos pelo grupo extremista "Estado Islâmico" (EI), como decapitações, assim como fotos de líderes jihadistas como Osama bin Laden e Mokhtar Belmokhtar.
Além disso, Bouhlel teria feito "pesquisas quase diárias sobre suratas (capítulos) do Alcorão e cânticos religiosos usados pelo EI como ferramenta de propaganda", disse Molins.
O promotor afirmou, porém, que não foi encontrada até o momento qualquer prova de que o tunisiano tivesse jurado lealdade ao Estado Islâmico nem que tivesse contato com membros dessa organização. No sábado, o grupo assumiu a autoria do atentado.
Molins informou que o autor esteve na Promenade des Anglais, local do ataque, em diversas ocasiões, inclusive no dia do massacre, segundo imagens captadas por câmeras de segurança do local. Bouhlel teria também feito fotografias da avenida, encontradas em seu celular.
Entre as pesquisas feitas pelo tunisiano na internet, havia ainda agências de aluguel de caminhões e o endereço de uma loja de armamentos. Segundo Molins, ele fez a reserva do veículo no dia 4 de julho, mesma época em que parou de fazer a barba. A mudança na aparência tinha "um significado religioso", teria dito Bouhlel a uma das seis pessoas que continuam detidas para prestar depoimento.
O tunisiano, pai de três filhos, foi descrito como "alguém que não praticava a religião muçulmana, que comia carne de porco, bebia álcool, usava drogas e mantinha uma vida sexual desenfreada".
EK/afp/efe/lusa
Luto e tristeza após atentado em Nice
Cidade turística do sul da França amanhece de luto, enquanto investigadores tentam esclarecer os motivos do homem que matou 84 pessoas e feriu mais de 200.
Foto: DW/B. Riegert
Nice em luto
A cidade de Nice amanheceu em luto após o ataque, com sangue e destroços na avenida à beira-mar. Um pequeno memorial foi montado no local onde um caminhão avançou sobre a multidão que assistia à queima de fogos e comemorava o Dia da Bastilha, data nacional da França, na noite de 14 de julho. Mais de 80 pessoas morreram, entre elas dez crianças e adolescentes, e cerca de 200 ficaram feridas.
Foto: DW/B. Riegert
Homenagens ao redor do mundo
As homenagens às vítimas de Nice se estenderam mundo afora. Embaixadas francesas em várias capitais se tornaram locais de luto, recebendo flores e velas em suas portas. Franceses que moram em outros países também se reuniram para lamentar o ataque em sua terra natal. A foto mostra uma vigília em Sydney, na Austrália, nesta sexta-feira (15/07).
Foto: Reuters/D. Gray
Líderes condenam ataque
Líderes mundiais também lamentaram o ataque na cidade francesa. O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, declarou em comunicado que seu país se mantém firme na "solidariedade e parceria com a França, nosso mais antigo aliado". A chanceler federal alemã, Angela Merkel, e outros líderes presentes na cúpula do Diálogo Ásia-Europa, na Mongólia, dedicaram um minuto de silêncio às vítimas (foto).
Foto: picture-alliance/AP Images/D. Sagolj
Investigadores tentam entender
Na sexta-feira seguinta ao ataque, o motorista do caminhão foi identificado por autoridades como sendo o tunisiano Mohamed Lahouaiej Bouhlel, de 31 anos, que foi morto a tiros pelos policiais. Ele era casado, tinha três filhos e estava desempregado. Ainda não se sabe se se trata de um chamado lobo-solitário ou se o agressor tinha cúmplices em Nice. Nenhum grupo terrorista reivindicou o ataque.
Foto: Reuters/E. Gaillard
Veículo contra multidão
O caminhão de 19 toneladas percorreu a famosa avenida à beira-mar Promenade des Anglais logo após o fim da queima de fogos, por volta das 22h30. Segundo autoridades, o veículo andou dois quilômetros, avançando contra a multidão que acompanhava a festa. Na altura do hotel Negresco, o motorista do caminhão disparou contra três policiais, que revidaram e o "neutralizaram", disseram autoridades.
Foto: picture-alliance/AP Photo/S. Goldsmith
Momentos de pânico
Testemunhas em Nice relataram momentos de caos e terror durante o ataque. "Um enorme caminhão branco avançou a uma grande velocidade. Vi corpos voando como se fossem pinos de boliche", disse o jornalista Damien Allemand. "As pessoas tropeçavam e tentavam entrar nos hotéis, restaurantes, estacionamentos ou em qualquer lugar onde pudessem fugir da rua", contou a australiana Emily Watkins.
Foto: Getty Images/AFP/V. Hache
O caos que durou horas
As ruas de Nice, cidade turística na costa francesa, ficaram caóticas nas horas que se seguiram ao ataque. Equipes de resgates tentavam localizar sobreviventes e socorriam os feridos – entre eles crianças e idosos –, enquanto os hospitais ficaram sobrecarregados.
Foto: Getty Images/AFP/V. Hache
De braços erguidos
Em meio ao caos, sobreviventes levantavam seus braços para mostrar que não representavam ameaça. Até então, os investigadores não sabiam se o motorista havia agido sozinho, ou mesmo se novos ataques poderiam ocorrer na cidade.
Foto: Getty Images/AFP/V. Hache
"Estamos em guerra"
Após o atentando, a polícia tomou as ruas de Nice, depois chegaram os soldados. O presidente francês, François Hollande, anunciou que estenderia o estado de emergência no país por mais três meses. Já o ministro do Interior, Bernard Cazeneuve, que se deslocou para Nice, disse que a França está "em guerra contra os terroristas que querem nos atacar a todo custo e que são extremamente violentos".