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Afeganistão

28 de outubro de 2009

Grupo radical islâmico demonstra força poucos dias antes do segundo turno das eleições presidenciais no Afeganistão. Funcionários da ONU estariam ajudando na realização do pleito.

Fumaça sai da hospedaria da ONU em CabulFoto: AP

Um comando armado talibã atacou nesta quarta-feira (28/10) uma pensão para hóspedes estrangeiros no centro da capital, Cabul, provocando a morte de cinco funcionários das Nações Unidas, de dois policiais e de um civil afegãos.

Três talibãs também morreram no ataque, informou a polícia da capital afegã. Tais pensões são protegidas por vigias armados, mas suas velhas metralhadoras não são páreo para um comando suicida talibã.

Os radicais islâmicos se entrincheiraram na hospedaria e trocaram tiros durante várias horas com forças de segurança locais. Além disso, projéteis foram disparados em direção ao luxuoso Hotel Serena, próximo ao palácio presidencial. O ataque ao único hotel de cinco estrelas do país não deixou vítimas, segundo informações da polícia afegã.

Com os dois ataques, os talibãs demonstram força, dez dias antes do segundo turno das eleições presidenciais no Afeganistão. Através de seu porta-voz, Zabiullah Mujahid, os talibãs reivindicaram a autoria dos ataques.

Ataque surpresa

O porta-voz talibã declarou que o ato foi "definitivamente o início das operações dos mujahedins contra as eleições" e que as vítimas na hospedaria da ONU estariam ajudando na preparação das eleições de 7 de novembro próximo. No último sábado (24/10), os rebeldes haviam alertado afegãos e estrangeiros que, por esse motivo, eles se tornariam alvos de retaliações.

Radicais islâmicos se entrincheiraram no prédioFoto: AP

Para os talibãs, as Nações Unidas perderam há muito sua neutralidade. Os radicais islâmicos consideram a ONU um cúmplice dos EUA. A organização se engaja maciçamente no processo de democratização do Afeganistão, o que os talibãs querem impedir a qualquer custo, já que exigem a formação de um emirado islâmico.

Após a morte de seus funcionários, o enviado especial das Nações Unidas para o Afeganistão, Kai Eide, declarou que este seria "um dia negro para a ONU no Afeganistão". Nunca antes a Missão de Assistência da ONU no Afeganistão (Unama) fora vítima de um ataque tão direto e violento dos talibãs.

Sensação de insegurança

O ataque não atingiu, no entanto, somente as Nações Unidas. Ele teve como objetivo evitar a participação eleitoral no segundo turno do pleito presidencial.

Soldados afegãos se posicionam para invadir prédioFoto: AP

Além disso, para muitos afegãos, as acusações de fraude contra o presidente Hamid Karzai, que concorre com o ex-ministro do Exterior Abdullah Abdullah como claro favorito à reeleição, fizeram com que o pleito se tornasse um exercício inútil pelo qual não valeria a pena arriscar corpo e vida.

Apesar dos 100 mil soldados estrangeiros estacionados no Afeganistão, o que os talibãs conseguem é transmitir à população a sensação de que o governo não pode protegê-los.

Avaliação e reforço

Após o atentado em Cabul, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, mostrou-se decidido a resistir à pressão dos talibãs. "Daremos prosseguimento ao nosso trabalho e, principalmente, vamos apoiar o povo e o governo afegãos na realização do segundo turno das eleições presidenciais", disse o secretário-geral em Nova York.

Ban classificou o ataque terrorista como um ato chocante e sem sentido. Como consequência, o secretário-geral da ONU anunciou uma avaliação e um reforço das medidas de segurança das Nações Unidas.

CA/dpa/rtrs

Revisão: Roselaine Wandscheer

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