"Atentado terrorista" mata e fere em campo militar russo
16 de outubro de 2022
Segundo Ministério da Defesa de Moscou, dois homens de ex-repúblicas soviéticas causaram um total de quase 30 mortos e feridos. Local foi campo treinamento de guerra para mobilização a regiões ocupadas da Ucrânia.
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Durante o treinamento de "voluntários" para a guerra na Ucrânia, um tiroteio resultou neste sábado (15/10) em pelo menos 11 mortos e 15 feridos num campo de tiro militar russo, na região fronteiriça sudoeste de Belgorod. Segundo o Ministério da Defesa de Moscou, "dois cidadãos de um Estado da CEI" teriam perpetrado um "atentado terrorista".
A Comunidade dos Estados Independentes (CEI) é uma organização intergovernamental informal que integra 11 repúblicas antes pertencentes à União Soviética. Os perpetradores abriram fogo com rifles automáticos durante exercícios de treino e prática de tiro. Após o ato, "ambos os terroristas foram mortos a tiros", arrematou o ministério.
Em 21 de setembro, após reveses militares na Ucrânia, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, decretou uma "mobilização parcial", visando reunir 300 mil reservistas para garantir as regiões ocupadas no leste e sul ucranianos. A medida desencadeou protestos e a fuga de dezenas de milhares de russos. Apesar disso, na sexta-feira Putin anunciou que mais de 220 mil reservistas já tinham sido convocados.
Embora a promessa fosse que apenas quem servira recentemente nas Forças Armadas seria mobilizado, ativistas e grupos de direitos humanos relatam que escritórios de recrutamento estão assediando e coagindo homens sem qualquer experiência militar e até mesmo inaptos a servir o Exército por razões médicas.
Alguns dos reservistas recém-convocados publicaram vídeos em que são forçados a dormir no chão, até mesmo na rua, e recebem armas enferrujadas antes de ser enviados para o front de batalha. As autoridades russas reconheceram que a mobilização muitas vezes foi mal organizada e prometeram melhorar a situação.
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França oferece treinamento militar para ucranianos
A Rússia invadiu a Ucrânia em 24 de fevereiro, desencadeando uma guerra que mergulhou a Europa numa crise de segurança considerada a mais grave desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945). A situação foi agravada pela anexação de quatro regiões ucranianas por Moscou, justificada em pseudorreferendos – uma tática repudiada pela ONU em 12 de outubro como "tentativa ilegal".
Até hoje descrita oficialmente como uma "operação militar especial" visando "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia, a invasão russa é condenada pela comunidade internacional em peso e rebatida com o envio de armamento para a Ucrânia e a imposição à Rússia de sanções políticas e econômicas.
Neste domingo, o Ministério francês da Defesa anunciou a intenção de treinar até 2 mil soldados ucranianos. Já houve cursos para a operação de peças de artilharia específicas, como o obus Caesar, mas agora se pretende ir um pouco mais longe, disse o ministro Sébastien Lecornu ao jornal Le Parisien. A França já forneceu 18 Caesars ao país sob invasão russa e pretende enviar outros, assim como sistemas de defesa aérea do tipo Crotale.
av (Lusa,Reuters,AFP)
Instantâneos de uma Ucrânia em guerra
Mostra "O novo anormal", no Museu Deichtorhallen de Hamburgo, registra horrores da guerra, mas também a resistência dos ucranianos, em trabalhos de 12 fotógrafos do país sob invasão russa.
Foto: Oksana Parafeniuk
Civis treinam com armas de madeira
Nesta imagem feita perto de Kiev em 6 de fevereiro de 2022, menos de duas semanas antes da invasão russa, a fotógrafa Oksana Parafeniuk capturou a determinação de seus compatriotas de resistir. Embora os países ocidentais não esperassem que a Rússia atacasse a capital a Ucrânia, os civis de lá já estavam treinando com armas de madeira, para caso de emergência.
Foto: Oksana Parafeniuk
Resistindo com o país
Em 24 de fevereiro, o fotógrafo Mykhaylo Palinchak acordou em Kiev com o som de sirenes, pouco depois ouviu uma explosão. "Desde então, estamos vivendo num novo mundo", afirma. Suas fotografias mostram granadas, casas destruídas e como seus compatriotas defendem a nação, mais do que nunca. A mulher da foto exibe o pulso esquerdo tatuado com o mapa da Ucrânia.
Foto: Mykhaylo Palinchak
Começou às 5 da manhã
"A guerra é a pior das opções da humanidade. Nenhum filme, nenhum livro, nenhuma foto pode transmitir este horror", diz a fotógrafa Lisa Bukreieva. "Com a invasão dos russos, meu sentido de tempo mudou. É apenas um horror de longa
duração." Esta fotografia capta o momento em que a guerra começou para ela.
Foto: Lisa Bukreieva
Cidadãos de Kiev - parte 1
Depois da invasão da Ucrânia pelo exército russo, Kiev se transformou em outra cidade, relata Alexander Chekmenev, de 52 anos. Muitos fugiram, ele próprio enviou a família para a segurança no exterior, mas ficou no país para documentar com sua Pentax a vida dos cidadãos de Kiev em tempos de guerra. Como esta ucraniana em uniforme de combate.
Foto: Alexander Chekmenev
Cidadãos de Kiev - parte 2
Abrigos antiaéreos e centros de primeiros-socorros espalharam-se pela capital ucraniana. Lá, Chekmenev fotografou gente comum, que nunca esteve sob os holofotes: "Eu queria mostrar a dignidade deles. Este país pertence ao seu povo, e eu quero mostrar o meu respeito por cada um deles", diz o fotógrafo de renome internacional.
Foto: Alexander Chekmenev
Traços do presente
Em sua série de fotografias, Pavlo Dorohoi capturou a vida em tempos de guerra em sua cidade natal, Kharkiv. Muitos cidadãos se esconderam em estações do metrô para escapar das bombas, transformando os locais em lares temporários, com "tapetes, cobertores e outros objetos pessoais", relata Dorohoi.
Foto: Pavlo Dorohoi
Bucha: o local do horror
O arquiteto e fotógrafo de Kiev Nazar Furyk fotografou lugares devastados pelas tropas russas, entres os quais a cidade de Bucha, que se tornou símbolo de muitas atrocidades. O fotógrafo se pergunta: como é possível continuar vivendo num lugar assim? Como se lida com essa experiência, gravada profundamente na memória coletiva da população ucraniana?
Foto: Nazar Furyk
Diário de Kiev - parte 1
A fotógrafa e videoartista Mila Teshaieva mantém um diário online desde o início da guerra, onde registrou tudo: desde os primeiros dias, antes dos mísseis, até os crimes contra a humanidade revelados desde então. Seus registros também incluem fotos, como esta.
Foto: Mila Teshaieva
Diário de Kiev - parte 2
Mila Teshaieva relata o desespero que a guerra provoca, mas também registra a união dos ucranianos e sua enorme vontade de resistir. Em sua cidade natal, Kiev, os moradores estão tentando proteger não só a si, mas também seus monumentos, símbolos da identidade nacional.
Foto: Mila Teshaieva
Documentação da guerra
Vladyslav Krasnoshchok é dentista, mas há anos se dedica à arte. Agora viaja por sua pátria devastada e fotografa carros queimados, pontes e tanques destruídos. "Eu tiro fotos, ouço tiros e corro de volta para o carro. Adrenalina pura!", escreve. Ele sempre revela os filmes imediatamente. Afinal, não se sabe se haverá oportunidade de tirar mais fotos.
Foto: Vladyslav Krasnoshchok
Mutilado
"Vivendo com o medo de ser ferido" é o nome da série de fotos do designer Sasha Kurmaz. A violência tem feito parte da história humana desde o início, afirma, e não está otimista se isso vá mudar em breve. Ainda assim, não desiste de sua luta pessoal por um mundo melhor.
Foto: Sasha Kurmaz
Porto seguro?
Uma cadeira, copos com bebidas: para Elena Subach esta foto tirada na cidade de Uzhgorod, no oeste da Ucrânia, simboliza a segurança de quem foge rumo a outros países. "Quase todo homem tirou uma foto da esposa e dos filhos antes de lhes dizer adeus. Eu nunca vi tanto amor e tanta dor ao mesmo tempo."