Terror em Moscou
29 de março de 2010As autoras dos atentados desta segunda-feira (29/03) nas estações de metrô moscovitas agiram em lugares de forte peso simbólico. Uma das bombas explodiu pouco antes das 8h na estação Lubyanka, diretamente sob a sede do Serviço Federal de Segurança (FSB), agência de informação sucessora da KGB, durante a hora do rush, a poucos passos do Kremlin. E 45 minutos depois aconteceu uma segunda detonação na estação Park Kultury, perto do famoso Parque Gorky.
Ao todo, quase 40 pessoas morreram no ataque duplo, que tanto o governo quanto populares revoltados atribuem a militantes separatistas do norte do Cáucaso. Mais de 70 ficaram feridas.
Polícia procura duas suspeitas
Duas mulheres teriam, segundo informações da promotoria pública, detonado explosivos em seus próprios corpos nos vagões do metrô, pouco depois da abertura das portas dos trens. Gravações de câmeras de segurança mostrariam as suspeitas, acompanhadas de duas outras mulheres, que estão sendo procuradas pelos serviços de segurança.
Nenhuma organização assumiu de imediato a autoria dos atentados. O FSB atribui os ataques a grupos militantes do norte do Cáucaso.
As forças de segurança descobriram no decorrer do dia mais cargas explosivas não detonadas em uma das estações afetadas. Na estação Park Kultury, foi encontrado e desativado um cinto de explosivos não detonados, segundo a agência estatal de notícias Ria Novosti, que cita informações de investigadores. Na estação, foi também encontrada a cabeça e outras partes do corpo de uma das suicidas, com a idade entre 18 e 20 anos.
Nova York e Washington aumentam policiamento
Como reação às explosões no metrô de Moscou, a segurança nos transportes coletivos de algumas das principais cidades dos Estados Unidos foram reforçadas. A polícia de Nova York anunciou nesta segunda-feira ter reforçado o policiamento nos metrôs da cidade, embora não tenha havido ameaças específicas, como ressaltou o porta-voz da polícia local.
As medidas são, segundo ele, meramente preventivas, em razão dos ataques de Moscou. O metrô de Washington, o mais utilizado do país, depois do metropolitano de Nova York, também reforçou sua segurança.
O presidente russo, Dimitri Medvedev, afirmou durante uma reunião de emergência que a Rússia realizará uma guerra contra o terrorismo "sem vacilações e até o fim". Ele ordenou o fortalecimento das medidas de segurança nos transportes públicos. O trânsito das linhas atingidas foi paralisado. O primeiro-ministro, Vladimir Putin, afirmou que os mandantes dos atentados serão "presos e eliminados".
Merkel transmitiu "profundo pesar" a russos
A chanceler federal alemã, Angela Merkel, transmitiu ao presidente russo, Dimitri Medvedev, seu "profundo pesar pelos ataques" e expressou esperança de que os crimes possam ser rapidamente esclarecidos. "É chocante que tais ataques sejam possíveis no centro de Moscou", disse a chefe de governo durante sua viagem à Turquia. O ministro alemão do Exterior, Guido Westerwelle, taxou os ataques de "abomináveis".
O presidente norte-americano, Barack Obama, classificou os atentados como "atos terroristas violentos e abomináveis, que faltam com todo o respeito pela vida humana". Ele afirmou que seu país é solidário com o povo russo "no repúdio a tais atos de violência".
O metrô de Moscou é um dos mais movimentados do mundo, transportando, em média, cerca de sete milhões de pessoas nos dias úteis. Ele é um meio de transporte vital em uma cidade cronicamente afetada por engarrafamentos. Depois dos ataques, o tráfego da cidade ficou praticamente paralisado.
"Ouvi um estrondo, olhei ao redor, e tudo estava cheio de fumaça. As pessoas corriam gritando em direção à saída", relatou Alexander Valukov, de 24 anos, que estava em um trem estacionado na direção oposta ao do veículo afetado.
Moscou teve em 2004 seu último ataque terrorista
O último caso confirmado de ataque terrorista em Moscou ocorreu em agosto de 2004, quando uma terrorista suicida se detonou em frente a uma estação de metrô, matando dez pessoas. Separatistas tchetchenos assumiram a autoria do atentado.
A polícia russa matou nos últimos tempos diversos líderes de militantes islâmicos no norte do Cáucaso. Na semana passada, as forças russas mataram durante um tiroteio o líder rebelde Anson Astemirov. As ações da polícia fazem surgir temores por represálias dos militantes.
Em fevereiro passado, o líder rebelde tchetcheno Doku Umarov ameaçou os russos, dizendo que "a zona de operações militares será ampliada ao território russo" e que "a guerra chegará às suas cidades". Umarov também assumiu a autoria pelo atentado a bomba contra o trem Nevsky Express, entre Moscou e São Petersburgo, ocorrido em novembro, matando 26 pessoas.
MD/ap/dpa/afp
Revisão: Roselaine Wandscheer