"Maior erro em décadas", diz Serviço Secreto sobre atentado
22 de julho de 2024
Em depoimento a deputados, diretora Kimberly Cheatle disse que tiros contra Trump foram "a falha operacional mais significativa" da agência em décadas. Democratas e republicanos criticaram agente, que não quer renunciar.
Thomas Matthew Crooks, de 20 anos, subiu no telhado de um prédio próximo e disparou com um rifle do tipo AR-15 logo depois que Trump começou a falar no comício em Butler, Pensilvânia. Além do leve ferimento na orelha direita do republicano, os tiros mataram um ex-chefe dos bombeiros e feriram dois outros participantes do evento.
"Falhamos", disse Cheatle em seu depoimento ao Comitê de Supervisão da Câmara dos Deputados. "A tentativa de assassinato do ex-presidente Donald Trump em 13 de julho é a falha operacional mais significativa do Serviço Secreto em décadas."
Cheatle reconheceu que o Serviço Secreto foi informado mais de uma vez sobre uma pessoa suspeita antes do tiroteio. Ela também revelou que o telhado de onde Crooks abriu fogo foi identificado como uma possível vulnerabilidade dias antes do comício.
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Criticada por democratas e republicanos
Cheatle respondeu que não sabia ou não podia responder a várias perguntas, mesmo após mais de uma semana do tiroteio. "Já se passaram dez dias desde uma tentativa de assassinato de um ex-presidente dos Estados Unidos. Independentemente do partido, é preciso que haja respostas", disse a congressista democrata Alexandria Ocasio-Cortez.
A diretora foi repreendida durante horas por republicanos e democratas, que pediram que ela renunciasse. Ela defendeu ser a "pessoa certa" para liderar o Serviço Secreto, mesmo tendo assumido total responsabilidade por qualquer falha de segurança no comício na Pensilvânia.
Cheatle reconheceu que o atirador havia sido visto pela polícia local antes do tiroteio com um telêmetro, pequeno dispositivo semelhante a um binóculo que caçadores usam para medir a distância de um alvo. Ela disse que o Serviço Secreto jamais teria levado Trump para o palco se soubesse que havia uma "ameaça real".
Mas, embora Crooks tenha sido relatado como suspeito, ele não foi identificado como uma ameaça até segundos antes do tiroteio, disse ela. "Um indivíduo com uma mochila não é uma ameaça", disse Cheatle. "Um indivíduo com um telêmetro não é uma ameaça."
Perguntada sobre por que não havia agentes no telhado onde o atirador foi localizado ou se o Serviço Secreto usou drones para monitorar a área, Cheatle disse que ainda está aguardando o desenrolar da investigação, o que provocou indignação entre membros do comitê.
"Diretora Cheatle, pelo fato de Donald Trump estar vivo, e graças a Deus ele está, você parece incompetente", disse o deputado republicano Mike Turner. "Se ele fosse morto, você pareceria culpável."
O Serviço Secreto reconheceu que negou alguns pedidos da campanha de campanha de Trump para aumentar a segurança em seus eventos nos anos antes da tentativa de assassinato. Mas Cheatle disse que não houve "nenhum recurso negado" para o comício.
O secretário de Segurança Interna, Alejandro Mayorkas, chamou o ocorrido de "fracasso", mas mantém apoio para a permanência de Cheatle na função, assim como o presidente Joe Biden.
O ataque a Trump foi a tentativa mais séria de matar um presidente ou candidato à presidência desde que Ronald Reagan foi alvejado em 1981. As autoridades têm procurado pistas sobre o que motivou Crooks, mas não encontraram nenhuma tendência ideológica que pudesse ajudar a explicar suas ações.
Investigadores encontraram em seu telefone fotos de Trump, Biden e de outros altos funcionários do governo, e descobriram que ele tinha registradas as datas da convenção nacional democrata, marcada pra agosto, e das aparições de Trump.
sf/ra (AP, Reuters)
Tiros contra Trump: imagens e reações
A tentativa de assassinato de Donald Trump em um comício na Pensilvânia chocou os EUA e o mundo. Veja como tudo aconteceu.
Foto: Brendan McDermid/REUTERS
Tiros
Uma série de tiros foi disparada durante o comício da campanha presidencial de Donald Trump em Butler, Pensilvânia. Os agentes do Serviço Secreto correram rapidamente para o palco e cercaram Trump.
Foto: Gene J. Puskar/AP Photos/picture alliance
Agentes correm para proteger Trump
No momento dos disparos, Trump pôde ser visto tocando sua orelha direita e se abaixando por detrás do púlpito onde discursava. Em seguida, agentes do Serviço Secreto correram para o palco e cobriram o ex-presidente com seus corpos. Eles se amontoaram sobre ele, enquanto outros agentes de segurança protegiam o local.
Foto: Evan Vucci/AP Photos/picture alliance
Rosto ensanguentado, punho em riste
Depois de cercar Trump, agentes do Serviço Secreto ajudaram o ex-presidente a se levantar. Manchas de sangue eram vistas em seu rosto. Trump ergueu o punho em direção à multidão, dizendo "fight, fight, fight" (luta, luta, luta). Muitos na multidão gritavam: "USA, USA" (EUA, EUA).
Foto: REUTERS
Trump em pode desafiadora
Após os agentes ajudarem Trump a se levantar, ele ergueu o punho em gesto de desafio. Com o rosto manchado de sangue, ele dizia à multidão para "lutar, lutar". As imagens do momento, capturadas aqui pelo fotógrafo da AP Evan Vucci, circularam rapidamente nas mídias sociais, já que muitos republicanos o viram como um momento decisivo da eleição de Trump.
Foto: Evan Vucci/AP Photo/picture alliance
A cena do crime: comício na Pensilvânia
Trump, tinha acabado de começar seu discurso quando os tiros foram disparados. Ele falava sobre migrantes. Uma testemunha disse à agência de notícias Reuters que, a princípio, pareciam fogos de artifício, mas depois as pessoas começaram a gritar. "Todo mundo começou a entrar em pânico. Foi um caos", afirmou.
Foto: Evan Vucci/AP Photo/picture alliance
Choque e medo entre participantes do comício
Uma pessoa da plateia foi morta e duas ficaram gravemente feridas, segundo autoridades de segurança. Um médico que estava no meio da multidão correu para ajudar um dos feridos. Depois de falar com os repórteres, o médico disse que a pessoa havia sido baleada na cabeça. A morte foi confirmada mais tarde.
Foto: Brendan McDermid/REUTERS
Choque nos EUA e no mundo
A notícia sobre o que o FBI está chamando de "tentativa de assassinato" ganhou as manchetes em todo o mundo. O presidente americano, Joe Biden, se disse aliviado por Trump "estar bem". Ele condenou o ataque, dizendo que "não há lugar nos Estados Unidos para esse tipo de violência". O vice-presidente Kamals Harris, que também estava fazendo campanha na Pensilvânia, condenou o "ato abominável".
Foto: Brian Snyder/REUTERS
Joe Biden: ataque "doentio"
O presidente dos EUA, Joe Biden, também falou com Donald Trump depois que ele recebeu alta do hospital. Biden disse estar grato ao Serviço Secreto por ter colocado Trump em segurança. Referindo-se ao ataque, ele afirmou: "É doentio. É doentio. É uma das razões pelas quais temos que unir este país".
Foto: Tom Brenner/REUTERS
Policiais fazem segurança de Biden
Policiais de Rehoboth Beach, em Delaware, vigiam o prédio onde o presidente dos EUA, Joe Biden, fez um discurso condenando o ataque contra seu provável rival nas próximas eleições presidenciais.
Foto: Tom Brenner/REUTERS
FBI: Não há outra "ameaça existente por aí"
Várias horas após o incidente, o FBI assumiu a liderança da investigação e afirmou ter ocorrido uma "tentativa de assassinato" de Trump, dizendo que havia identificado o atirador. O agente especial Kevin Rojek disse que as autoridades estavam "trabalhando febrilmente" no caso. O FBI informou que não ter "nenhuma razão" para acreditar que houvesse qualquer outra ameaça.
Foto: Brendan McDermid/REUTERS
Segurança reforçada
A polícia de Nova York montou guarda em frente à Trump Tower em Nova York. Depois de deixar o hospital, Donald Trump deveria passar a noite em sua residência em Nova York, segundo o jornal "The New York Times".
Foto: David Dee Delgado/REUTERS
A tentativa de assassinato mais grave desde 1981
Membros do Serviço Secreto patrulharam o local na Pensilvânia onde Donald Trump havia realizado um comício anteriormente. O ataque foi a tentativa mais séria de assassinar um presidente ou candidato à presidência desde 1981, quando Ronald Reagan foi baleado.