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CriminalidadeEstados Unidos

Atirador mata 2 funcionários da embaixada de Israel nos EUA

Publicado 22 de maio de 2025Última atualização 22 de maio de 2025

Casal foi baleado do lado de fora do Museu Judaico da Capital, em Washington. Suspeito gritou "Palestina livre" ao ser preso no local. Netanyahu ordena reforço na segurança de embaixadas israelenses mundo afora.

Pessoa enrolada na bandeira de Israel observa carro da polícia em imagem noturna
Ataque ocorreu quando vítimas saíam de evento no Museu Judaico da Capital, em WashingtonFoto: Jonathan Ernst/REUTERS

Dois funcionários da embaixada de Israel foram mortos a tiros do lado de fora do Museu Judaico da Capital, em Washington, nos Estados Unidos, na noite desta quarta-feira (21/05). A informação foi confirmada pela secretária de Segurança Interna dos EUA, Kristi Noem.

As duas vítimas, um homem e uma mulher, estavam saindo de um evento no museu quando o suspeito de 30 anos se aproximou de um grupo de quatro pessoas e abriu fogo, disse a chefe da Polícia Metropolitana, Pamela Smith, em uma coletiva de imprensa.

O suspeito foi detido pela segurança do evento, disse Smith. Quando foi levado sob custódia, o homem começou a gritar "Palestina livre", disse Smith.

O ataque ocorreu num momento em que o governo de Israel é alvo crescente de críticas internacionais pela forma como está conduzindo a ofensiva contra o grupo palestino Hamas na Faixa de Gaza.

Segundo Smith, o suspeito é de Chicago, no estado de Illinois, e não era conhecido da polícia. Ele foi visto andando do lado de fora do museu antes do ataque, distante cerca de 2 quilômetros da Casa Branca, e foi detido ao tentar entrar no local após disparar os tiros. O FBI está investigando o caso como um possível crime de ódio.

As duas vítimas foram identificadas como Yaron Lischinsky, 30, e Sarah Milgrim, 26. De acordo com o embaixador israelense nos EUA, Yechiel Leiter, eles eram um casal prestes a noivar. "O jovem comprou um anel esta semana com a intenção de fazer o pedido de casamento na próxima semana, em Jerusalém", disse.

Segundo o jornal New York Times, Lischinsky nasceu na Alemanha e se mudou para Israel aos 16 anos. Ele é filho de pai judeu e mãe cristã, e foi criado como cristão antes de se converter ao judaísmo.

Uma testemunha que estava no museu no momento do atentado disse à agência de notícias Reuters que chegou a conversar com o suspeito após ele adentrar o local, sem saber que ele havia disparado os tiros. Foi quando ele teria sacado um lenço palestino e gritado: "Fui eu. Eu fiz por Gaza. Palestina livre!" Momentos depois, a polícia veio em seu encalço e o prendeu.

O suspeito foi afiliado a um grupo ultraesquerdista de Chicago, o Partido para o Socialismo e a Liberação. Na rede X, o grupo afirmou que o atirador se desligou em 2017 e não manteve contato desde então. "Não temos nada a ver com esse ataque a tiros e não o apoiamos", declarou a entidade.

Netanyahu ordena reforço de segurança em embaixadas

O enviado de Israel às Nações Unidas, Danny Danon, disse que o crime foi "um ato depravado de terrorismo antissemita". "Prejudicar a comunidade judaica é cruzar a linha vermelha", escreveu ele no X. "Estamos confiantes de que as autoridades dos EUA tomarão medidas enérgicas contra os responsáveis por esse ato criminoso. Israel continuará a agir de forma resoluta para proteger seus cidadãos e representantes – em qualquer lugar do mundo."

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, chamou o atentado de ato "cruel e antissemita". "Estamos experimentando o terrível preço do antissemitismo e do incitamento selvagem contra Israel”, disse o chefe de governo. Netanyahu afirmou ainda ter ordenado aos órgãos de segurança israelnse que reforcem as medidas de proteção das representações diplomáticas do país mundo afora e de seus funcionários.

O presidente de Israel, Isaac Herzog, disse que estar "arrasado" com o ocorrido em Washington. "Esse é um ato desprezível de ódio, de antissemitismo, que tirou a vida de dois jovens funcionários da embaixada israelense", disse ele em um comunicado.

O episódio tende a alimentar a polarização nos Estados Unidos sobre a guerra em Gaza, contrapondo defensores de Israel e dos palestinos. Apoiadores do presidente americano Donald Trump têm acusado protestos pró-palestinos de alimentarem o antissemitismo. Em seu governo, manifestantes vêm sendo detidos sem acusação formal, e universidades que sediaram esses protestos tiveram recursos federais cortados.

Temor é de que outros tentem imitar atentado

O ministro israelense do Exterior, Gideon Saar, responsabilizou autoridades europeias pelo atentado, acusando-as, sem citar nomes, de incitar um clima de antissemitismo que levou às mortes em Washington. Antes do atentado, aliados europeus de Israel vinham pressionando o país a moderar sua ofensiva em Gaza e a permitir a prestação de ajuda humanitária a civis palestinos sitiados pelo conflito.

O encarregado do governo alemão de combate ao antissemitismo, Felix Klein, disse temer que o ataque a tiros em Washington sirva de inspiração para atentados semelhantes também na Alemanha. "Como sociedade, devemos permanecer alertas, e medidas de segurança para instituições judaicas também devem ser fortalecidas na Alemanha", defendeu Klein.

O ministro francês do Interior enviou um comunicado a autoridades locais em que as orienta a reforçar a segurança em locais ligados à comunidade judaica, como sinagogas, e que tais medidas devem ser "visíveis e dissuasivas".

Trump e Rubio condenam ataque

O presidente Trump condenou os assassinatos. "Esses horríveis assassinatos em D.C., baseados obviamente no antissemitismo, devem acabar, AGORA!", ele publicou em sua plataforma Truth Social. "O ódio e o radicalismo não têm lugar nos EUA".

O secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, disse que as autoridades "rastreariam os responsáveis" pelo assassinato. "Esse foi um ato descarado de violência covarde e antissemita. Não se enganem: rastrearemos os responsáveis e os levaremos à Justiça", postou ele no X.

A Alemanha, a França e o Reino Unido também condenaram os assassinatos. O chanceler federal alemão, Friedrich Merz, condenou veementemente o crime considerando que se tratou de um ato hediondo.

"Estou chocado com a notícia do assassinato de dois funcionários da embaixada israelense em Washington. Os nossos pensamentos estão com as famílias das vítimas. Neste momento, temos de assumir que se trata de um ato antissemita", afirmou Merz.

O ministro do Exterior britânico, David Lammy, disse estar horrorizado com o ataque. Já seu homólogo francês, Jean-Noel Barrot, destacou que nada pode justificar tal violência.

md/cn/ra (AFP, Reuters, AP, DPA, ots)