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Ativista brasileiro é deportado de Israel após greve de fome

Publicado 12 de junho de 2025Última atualização 12 de junho de 2025

Thiago Ávila foi deportado do país após ser transferido para cela isolada e iniciar greve de fome. Outros cinco ativistas também foram libertados.

Grupo de ativistas em Malta
Thiago Ávila (à esquerda, com microfone) é um dos integrantes da Flotilha da Liberdade, que tentou furar o bloqueio israelense a GazaFoto: Giuseppe Guarrera/IPA/ZUMA/picture alliance

O ativista brasileiro Thiago Ávila, de 38 anos,detido pelo governo de Israel no último dia 8 por tentar furar o bloqueio à Faixa Gaza de barco com mais 11 pessoas, está a caminho do Brasil, segundo a entidade que organizou a missão humanitária, Flotilha da Liberdade. Ele deve chegar ao Aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, nesta sexta-feira (13/06).

Thiago ficou quatro dias em greve de fome em protesto contra sua detenção, que considera um sequestro por ter ocorrido em águas internacionais. O caso é tratado como crime de guerra pelo Conselho Nacional de Direitos Humanos (CNDH) do Brasil. 

Na quarta-feira (11/06), os advogados do ativista também informaram que ele havia sido colocado em confinamento solitário.

Segundo a organização de direitos humanos israelense Adalah, responsável pela defesa dos detidos, Ávila foi transferido para outra prisão, separado dos demais ativistas, e isolado numa cela sem luz e ventilação, por ter iniciado a greve de fome por sua libertação.

"[A defesa] informa que Israel ameaçou deixá-lo na solitária por 7 dias em uma cela escura, pequena, sem ar e sem acesso a ninguém", disse comunicado da Flotilha da Liberdade Brasil. 

O ativista brasileiro compõe a iniciativa internacional formada por ativistas de direitos humanos que organizam expedições marítimas. Na última missão, seus integrantes, incluindo a ambientalista sueca Greta Thunberg, tentaram levar uma quantidade simbólica de mantimentos ao enclave devastado pela guerra, onde cerca de dois milhões de palestinos estão à beira da fome total devido ao bloqueio imposto por Israel há mais de três meses à entrada de ajuda humanitária.

Ávila não foi deportado imediatamente, como Thunberg, por ter se negado a assinar documento em que reconheceria que cometeu um crime de tentar entrar em Israel sem autorização. Segundo a Flotilha, o grupo concordou que a ambientalista e outros presos assinassem o documento para que, voltando a seus países, pudessem denunciar a situação.

A defesa sustenta que eles não cometeram crime e que foram sequestrados por Israel, já que a interceptação do barco que levava alimentos e remédios a Gaza ocorreu em águas internacionais.

Imagem de câmera de segurança mostra momento em que Marinha israelense interceptou barco de ajuda humanitária Foto: Freedom Flotilla Coalition/Handout/REUTERS

Informações conflitantes

Outra ativista, a eurodeputada franco-palestina Rima Hassan, também teria sido colocada em solitária após escrever "Palestina Livre" na parede da cela. Posteriormente, a Flotilha informou que ela retornou para a prisão de Givon, onde estavam os demais ativistas presos.

Ela também foi deportada nesta quinta-feira, ao lado de Thiago e outros quatro ativistas. A informação foi publicada pelo Ministério das Relações Exteriores de Israel. "Mais seis passageiros do 'iate de selfies', incluindo Rima Hassan, estão a caminho de Israel. Adeus - e não se esqueça de tirar uma selfie antes de partir", escreveu a pasta.

Outros dois ativistas franceses seguem detidos em Israel. 

Na noite de quarta-feira, o Itamaraty publicou nota condenando a prisão do brasileiro. Segundo o Ministério das Relações Exteriores, a prisão em águas internacionais é uma "flagrante transgressão ao direito internacional".

"Em contexto de gravíssima situação humanitária na Faixa de Gaza, onde há fome e desnutrição generalizadas, o Brasil deplora a continuidade de severas restrições, em violação ao direito internacional humanitário, à entrada de itens básicos de subsistência", disse a pasta.

Bloqueio e protestos

Após limitar a entrada de ajuda humanitária nos 20 meses de guerra, o governo de Israel bloqueou completamente a entrada de medicamentos ou alimentos no dia 2 de março de 2025. Após forte pressão internacional, a entrega de ajuda foi retomada por meio de uma organização americana apoiada por Israel, a GHF.

A ONU afirma que a forma de distribuição de alimentos é desumana, e a quantidade, insuficiente.

Seguindo o exemplo da Flotilha da Liberdade, milhares de ativistas de 51 países se articulam para uma marcha no Egito até a fronteira com Rafah, cidade ao sul de Gaza. Caravanas de países do Norte da África, da Turquia, e de todos os continentes esperam fazer uma marcha de três dias até Gaza para denunciar o cerco imposto por Israel à entrada de ajuda humanitária no território.

sf (Agência Brasil, ots)

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