Ativista britânica do Black Lives Matter é baleada na cabeça
24 de maio de 2021
Internada em estado crítico, Sasha Johnson teve papel de liderança nos protestos antirracismo do ano passado. Partido diz que ela foi alvo de numerosas ameaças de morte, mas polícia não crê em ataque proposital.
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Uma ativista britânica do movimento Black Lives Matter (Vidas negras importam), Sasha Johnson, levou um tiro na cabeça e está internada em estado crítico em um hospital em Londres.
O partido político dela, Taking the Initiative (Tomando a iniciativa), informou que Johnson, que desempenhou um papel de liderança nas manifestações antirracismo no Reino Unido no ano passado, foi baleada no domingo (23/05).
As circunstâncias do crime ainda estão sendo investigadas, mas a polícia afirma que, até o momento, não há indícios de que a ativista tenha sido um alvo proposital dos disparos.
O partido, por sua vez, declarou que Johnson já recebeu "numerosas ameaças de morte" relacionadas à sua luta antirracista. Ela é "uma voz forte e poderosa para o nosso povo e nossa comunidade", afirmou o Taking the Initiative.
A Polícia Metropolitana de Londres disse que atendeu a um chamado com relatos de tiros na área de Peckham, no sul da capital britânica, pouco antes das 3h da manhã de domingo. Os disparos aconteceram perto de uma casa onde ocorria uma festa.
O comunicado da polícia afirma que uma mulher de 27 anos, não identificada, está em estado crítico em um hospital após ter sido baleada. O texto diz que "não há nada que sugira que foi um ataque direcionado ou que a mulher havia recebido quaisquer ameaças credíveis contra ela antes do incidente".
Os investigadores do caso apelaram para que testemunhas do crime se pronunciem. Até o momento, nenhuma ordem de prisão foi emitida.
Uma amiga de Johnson, Imarn Ayton, disse que também não crê que a ativista tenha sido um alvo proposital. "Até onde sabemos, ela estava em uma festa", disse ela à emissora britânica BBC.
"Havia uma gangue rival que pode ter ouvido falar de alguém naquela festa com quem eles não se sentiam à vontade ou confiavam, e por isso eles recorreram a passar de carro e atirar no jardim, e um desses tiros obviamente atingiu Sasha Johnson", continuou a amiga. "Mas não acredito que ela era a vítima pretendida."
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Protestos antirracismo
Assim como vários outros países, o Reino Unido viveu uma onda de manifestações antirracismo após a morte do afro-americano George Floyd, que completa um ano nesta terça-feira.
Floyd, asfixiado enquanto era imobilizado por um policial em uma rua de Mineápolis, nos Estados Unidos, em 25 de maio de 2020, se tornou um símbolo da luta antirracista após décadas de excessos cometidos pela polícia contra os negros.
No Reino Unido, grandes multidões participaram dos protestos do movimento Black Lives Matter em várias cidades do país, exortando o governo e as instituições a encararem o legado do Império Britânico e os grandes lucros do país com o comércio de escravos.
Mãe de dois filhos, Sasha Johnson discursou em várias dessas manifestações no ano passado e é uma das líderes do recém-fundado partido político Taking the Initiative, comandado por negros.
O Black Lives Matter no Reino Unido anunciou que faria uma vigília em homenagem a ela nesta segunda-feira do lado de fora do Hospital King's College, em Londres.
ek (AP, Reuters, Efe, DPA, ots)
Protestos pela morte de George Floyd
Milhares se manifestaram nos Estados Unidos e até no Canadá contra o maltrato sistêmico de negros pela polícia, redundando em confrontações violentas. Trump contribuiu para acirrar os ânimos.
Foto: picture-alliance/AP Photo/J. Cortez
"Não consigo respirar"
Protestos tensos contra décadas de brutalidade policial perante cidadãos negros se alastraram rapidamente de Minneapolis a outras localidades dos Estados Unidos. As manifestações começaram na cidade do centro-oeste após a morte do afro-americano George Floyd, de 46 anos: em 25/05/2020, um policial o algemou e pressionou o joelho em seu pescoço até ele parar de respirar.
Foto: picture-alliance/newscom/C. Sipkin
De pacífico a violento
No sábado, os protestos foram basicamente pacíficos, mas se tornaram violentos com o avançar da noite. Em Washington, a Guarda Nacional foi mobilizada diante da Casa Branca. Tiroteios no centro de Indianápolis deixaram pelo menos um morto: segundo a polícia, não havia agentes envolvidos. Policiais ficaram feridos em Filadélfia. Em Nova York, dois veículos da polícia avançaram contra uma multidão.
Foto: picture-alliance/ZUMA/J. Mallin
Saques e destruição
Em Los Angeles, manifestantes enfrentaram com brados de "Black Lives Matter!" (Vidas negras importam) os agentes da lei armados de cassetetes e revólveres com balas de borracha. Na cidade, assim como em Atlanta, Nova York, Chicago e Minneapolis, os protestos se transformaram em revoltas de massa, com saques e destruição de estabelecimentos comercias.
Foto: picture-alliance/AP Photo/C. Pizello
Provocador de Estado
O então presidente Donald Trump ameaçou enviar militares para abafar os protestos: "Minha administração vai parar a violência de massa, e de uma vez só", anunciou, acirrando as tensões nos EUA. Apesar de ele ter culpado supostos grupos de extrema esquerda pelas agitações, o governador de Minnesota, Tim Walz, citou diversos relatos de que supremacistas brancos estariam incitando o conflito.
Foto: picture-alliance/ZUMA/K. Birmingham
Mídia na mira da polícia
Diversos jornalistas que cobriam os protestos foram atacados por policiais. Na sexta-feira (29/05), o correspondente da CNN Omar Jimenez e sua equipe foram presos em Minneapolis. A polícia local também atirou na direção de Stefan Simons, da DW, quando ele se preparava para transmitir ao vivo, na noite de sábado. Outros repórteres foram alvejados com projéteis ou detidos quando estavam no ar.
Foto: Getty Images/S. Olson
Além das fronteiras
As manifestações chegaram até o Canadá: no sábado milhares marcharam pelas ruas de Vancouver e Toronto. Nesta cidade, os participantes também lembraram a morte da afro-canadense Regis Korchinski-Paquet, de 29 anos, na quarta-feira (27/05), caída da varanda de seu apartamento no 24º andar, onde se encontrava só com policiais.
Foto: picture-alliance/NurPhoto/A. Shivaani
#GeorgeFloyd
Milhares também desfilaram diante da embaixada dos Estados Unidos em Berlim, manifestando indignação contra o homicídio de Floyd e o racismo sistêmico.
Foto: picture-alliance/AP Photo/M:.Schreiber
Casa Branca cercada
A Força Nacional fez um cordão de isolamento, no domingo, para proteger a Casa Branca. O presidente Trump chegou a ser levado para um bunker na sede do Executivo, que foi alvo de manifestações por dias.
Foto: Reuters/J. Ernst
Soldados em Washington
Após Trump anunciar o uso de soldados para conter as manifestações, o Pentágono deslocou cerca de 1.600 militares para a área de Washington para apoiar as forças de segurança da capital caso seja necessário, diante dos protestos que marcaram uma semana da morte de Floyd. Na Alemanha, o ministro do Exterior, Heiko Maas, criticou a ameaça de Trump de usar militares armados contra os manifestantes.
Foto: Getty Images/AFP/W. McNamee
Recado de Obama
No dia em que a procuradoria endureceu as acusações contras os quatro policias envolvidos na ação, o ex-presidente dos EUA Barack Obama disse que protestos refletem "mudança de mentalidade" no país e incentivou os jovens a continuar realizando as manifestações. "Espero que (os jovens) sintam esperança, ao mesmo tempo que estão indignados, porque eles têm o poder de mudar as coisas", afirmou.
Foto: Reuters/J. Skipper
Funeral reúne centenas em Minneapolis
Centenas participaram de uma cerimônia fúnebre em homenagem a George Floyd em 04/06. Elas ficaram em silêncio por 8 minutos e 46 segundos, tempo em que Floyd ficou com o pescoço prensado pelo joelho de um policial. "É hora de nos levantarmos em nome de Floyd e dizer: tirem o seu joelho dos nossos pescoços", afirmou o reverendo e ativista pelos direitos civis Al Sharpton (foto) durante o funeral.