Ativista que protestou em avião na Suécia pode ser punida
25 de julho de 2018
Sueca se recusou a se sentar em voo prestes a decolar para impedir que afegão fosse deportado. Ação rendeu elogios, mas polícia adverte que ela pode ser multada e enfrentar até seis meses de prisão.
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Como todos os passageiros sabem, um avião não pode decolar até que todos os passageiros tenham se sentado e afivelado seus cintos de segurança. Na segunda-feira (23/07), uma ativista sueca subverteu a regra para realizar um protesto e impedir a deportação de um cidadão afegão de 52 anos durante um voo previsto para decolar de Gotemburgo.
A aeronave tinha como destino Istambul. De lá, o afegão seria transferido para outro avião com destino ao Afeganistão. Só que um grupo de ativistas suecos soube de antemão que um jovem afegão estaria no voo para ser deportado. Após uma vaquinha, compraram uma passagem e escolheram a estudante Elin Ersson para embarcar com o objetivo de protestar e impedir qualquer deportação.
Já dentro do avião, ela tentou localizar o jovem afegão, mas em vez disso se deparou com outro homem, mais velho, que estava sob a vigilância de um oficial de imigração. Ela ligou então seu telefone celular e passou a transmitir o protesto via vídeo no Facebook, falando em inglês. Durante 14 minutos, ela recusou vários pedidos da tripulação para se sentar ou deixar a aeronave e disse que só obedeceria quando o homem fosse retirado do avião.
No vídeo, ela disse que o homem provavelmente corria risco de vida no Afeganistão. Inicialmente, vários passageiros se mostraram frustrados com a atitude e reforçaram os pedidos da tripulação. Um passageiro, falando em inglês, chegou a tentar arrancar o celular da ativista.
Após alguns minutos, no entanto, outros passageiros passaram a apoiar a ativista e se juntaram ao protesto. A iniciativa acabou sendo bem-sucedida, e o afegão e oficial de imigração deixaram o avião após uma ordem do piloto. Pouco depois, ela foi retirada por seguranças.
Até esta quarta-feira, o vídeo de Ersson tinha registrado 2 milhões de visualizações. Ersson, de 21 anos, é uma estudante da Universidade de Gotemburgo que realizando um treinamento para se tornar assistente social. Ela se juntou há um ano a grupos que protestam contra a politica de deportações da Suécia.
Em 2015, mais de 160 mil pessoas – incluindo 35 mil adolescentes - chegaram ao país e solicitaram refúgio. A maior parte deles veio do Afeganistão. Apenas 28% conseguiram obter o status de refugiado.
Desde a onda migratória de 2015, o tema vem incendiando o debate político na Suécia. Em setembro, o país vai ser palco de eleições gerais, e o tema da imigração tem sido dominante na campanha eleitoral.
Vários países europeus consideram o Afeganistão um país "seguro” e não impõem restrições para a deportação, mas ativistas afirmam que a situação continua grave.
Punição
Ao longo do vídeo, Ersson afirmou que não havia feito nada de errado, mas autoridades suecas já sinalizaram que encaram a situação de maneira diferente.
A polícia apontou que passageiros que se recusam a obedecer ordens da tripulação quando já estão a bordo podem ser punidos com multas e até seis meses de prisão.
As autoridades também informaram que o afegão de 52 anos está sob custódia da polícia e que seu processo de deportação ainda vai ser executado, embora não tenha apontado quando isso deve ocorrer.
Fotos impressionantes do enorme fluxo de migrantes para a Europa em 2015 e 2016 circularam pelo mundo. No Dia Mundial do Refugiado, vale lembrar a perseverança dos que foram forçadas a deixar seus países.
Foto: Getty Images/AFP/A. Messinis
A meta: sobreviver
Uma jornada combinada com sofrimento e perigo para corpo e alma: para fugir da guerra e da miséria, centenas de milhares de pessoas, principalmente da Síria, viajaram pela Turquia para a Grécia em 2015 e 2016. Ainda há cerca de 10 mil pessoas nas ilhas de Lesbos, Chios e Samos. De janeiro a maio deste ano, chegaram mais de 6 mil novos refugiados.
Foto: Getty Images/AFP/A. Messinis
A pé até a Europa
Em 2015 e 2016, milhões de pessoas tentaram, a pé, chegar à Europa Ocidental através da Turquia ou da Grécia até a Macedônia, Sérvia e Hungria. Este fluxo não parou mesmo depois de a chamada rota dos Bálcãs ter sido fechada e muitos países terem bloqueado suas fronteiras. Hoje, a maioria dos refugiados vai para a Europa usando a perigosa rota pelo Mediterrâneo através da Líbia.
Foto: Getty Images/J. Mitchell
Consternação mundial
Esta foto chocou o mundo em setembro de 2015: numa praia da Turquia foi encontrado o corpo do menino sírio Aylan Kurdi, de 3 anos. A imagem se espalhou rapidamente pelas redes sociais e se tornou um símbolo da crise dos refugiados. Depois dela, a Europa não podia mais se omitir.
Foto: picture-alliance/AP Photo/DHA
Caos e desespero
Sabendo que a rota de fuga para a Europa seria fechada, milhares de refugiados tentaram desesperadamente entrar em trens e ônibus na Croácia. Alguns dias depois, em outubro de 2015, a Hungria fechou a fronteira e criou campos com contêineres, onde os refugiados seriam mantidos durante a análise de seu pedido de asilo político.
Foto: Getty Images/J. J. Mitchell
Hostilidades
A indignação foi grande quando uma repórter cinematográfica húngara deu uma rasteira num refugiado sírio que corria com um menino no colo. Ele tentava passar por uma barreira policial na fronteira húngara em setembro de 2015. No auge da crise de refugiados aumentavam as hostilidades contra imigrantes, com ataques xenófobos a abrigos de refugiados também na Alemanha.
Foto: Reuters/M. Djurica
Fronteiras fechadas
O fechamento oficial da rota dos Bálcãs, em março de 2016, gerou tumultos nos postos de fronteira, onde milhares de migrantes não puderam mais avançar e houve relatos de violência policial. Muitos, como estes refugiados, tentaram contornar os postos de fronteira entre a Grécia e a Macedônia.
Uma criança ensanguentada coberta de poeira: a fotografia de Omran, de 5 anos, chocou o público em 2016 e se tornou um símbolo dos horrores da guerra civil da Síria e do sofrimento de seu povo. Um ano mais tarde, novas imagens mostrando o menino bem mais feliz circularam na internet. Apoiadores do presidente sírio afirmam que a primeira imagem foi usada para fins de propaganda.
Foto: picture-alliance/dpa/Aleppo Media Center
Em busca de segurança
Um sírio carrega a filha na chuva em Idomeni, entre a Grécia e a Macedônia. Ele procura abrigo na Europa. Segundo o Regulamento de Dublin, o asilo político precisa ser solicitado no primeiro país da União Europeia a que o refugiado chegou. Por isso, muitos que prosseguem viagem são mandados de volta. Por sua localização fronteiriça, Itália e Grécia são os países onde mais chegam refugiados.
Foto: Reuters/Y. Behrakis
Esperança
A Alemanha continua sendo o principal destino dos migrantes, embora a política de refugiados e de asilo do país tenha se tornado mais restritiva após o grande afluxo no final de 2015. Nenhum outro país europeu acolheu tantos refugiados como a Alemanha, que recebeu 1,2 milhão de pessoas desde 2015. A chanceler federal Angela Merkel foi um ícone para muitos dos recém-chegados.
Foto: picture-alliance/dpa/S. Hoppe
Miséria nos campos de refugiados
No norte da França, um enorme campo de refugiados, a chamada "Selva de Calais", foi fechado. Durante a evacuação, em outubro de 2016, houve um incêndio no acampamento. Cerca de 6.500 moradores foram removidos para outros abrigos na França. Meio ano depois, organizações de ajuda relataram sobre muitos refugiados menores de idade que vivem como sem-teto em volta da cidade de Calais.
Foto: picture-alliance/dpa/E. Laurent
Afogamentos no Mediterrâneo
ONGs e guardas costeiras estão constantemente à procura de barcos de migrantes em perigo. Eles preferem atravessar o mar em embarcações precárias superlotadas a viver sem perspectivas na pobreza ou em meio à guerra civil. Só em 2017, a travessia já custou 1.800 vidas. Em 2016 foram registrados 5 mil mortos.
Foto: picture alliance/AP Photo/E. Morenatti
Milhares esperam na Líbia
Centenas de milhares de refugiados da África Subsaariana e do Oriente Médio esperam em campos líbios para atravessar o Mar Mediterrâneo. Muitos estão nas mãos de contrabandistas humanos e traficantes de pessoas. As condições nesses locais são catastróficas, dizem ONGs. Testemunhas relatam casos de escravidão e prostituição forçada. Ainda assim, continua vivo o sonho de chegar à Europa.
Foto: Narciso Contreras, courtesy by Fondation Carmignac