Revolução da juventude
20 de dezembro de 2011 Ramy El Swissy está orgulhoso. De si mesmo, do Movimento Seis de Abril e de seu país. Uma revolução como a realizada pelos egípcios no início deste ano ainda não havia sido vista pelo mundo, diz. E Ramy fez parte dela. Com o Movimento Seis de Abril, ele se envolveu com as manifestações desde o início, convocando milhares de pessoas para os protestos por meio do Facebook e do Twitter.
O clímax da revolução foi a renúncia de Mubarak, em 11 de fevereiro de 2011. E Ramy se lembra exatamente de onde estava nesse dia: diante do palácio do ex-presidente. "Todos cantavam e dançavam", conta. "Até mesmo os soldados que guardavam o local vieram celebrar conosco." A festa, da qual milhões de pessoas participaram, durou três dias.
Um movimento pela liberdade e pela democracia
"Foram, provavelmente, os três dias mais bonitos da minha vida", diz El Swissy. Foi como se um sonho de toda a sua juventude se tornasse realidade. O jovem, encorpado e de cabelos pretos e curtos, é formado em economia. Apesar de seus apenas 22 anos, ele se sente um veterano em questões de direitos humanos.
Aos 14 anos, El Swissy entrou para a Anistia Internacional para lutar contra a tortura no Egito. Três anos depois, fundou o Movimento jovem Seis de Abril, formado inicialmente por 14 jovens. A ideia era apoiar o protesto dos trabalhadores do delta do Nilo. Criaram um grupo no Facebook, convidaram amigos e conhecidos e os convocaram para manifestações.
O grupo cresceu, alcançando mais de 30 mil pessoas no início da revolução. Foi o primeiro movimento a convocar protestos em massa em janeiro. Inúmeros jovens envolveram-se e foram às ruas. Por tal feito, El Swissy e sua trupe chegaram a ser nomeados para o Prêmio Nobel da Paz de 2011.
A luta continua
Foi-se Mubarak, veio o Conselho Militar. O Egito é hoje governado como era antes. Por isso, para El Swissy, a luta pela liberdade e pela democracia continua. O movimento Seis de Abril é um dos maiores críticos do governo militar e, portanto, uma pedra em seu sapato.
Num comunicado oficial, em julho, o conselho acusou o grupo de incentivar o conflito entre o movimento revolucionário da praça Tahrir e os militares. O movimento jovem seria controlado por serviços de inteligência estrangeiros e ameaçaria a segurança do Egito. Por isso, os militares pediram que o povo mantivesse distância do grupo.
"Até então, as pessoas confiavam em nós. De repente, começaram a nos chamar de traidores", diz El Swissy. Para ele, houve também consequências na vida pessoal. Amigos se afastaram, e ele foi demitido do emprego como consultor econômico. Entretanto, o jovem não cogitou deixar o grupo. Ele sabe o que signfica lutar por seus ideais. Isso faz parte de ser um ativista do Seis de Abril.
Olho no olho
Ainda nos tempos de Mubarak, El Swissy fora buscado em casa pelo serviço secreto mais de uma vez. Ele passou algumas noites na cadeia. Muitos outros membros do grupo sofreram abusos e tortura.
Durante a revolução, El Swissy estava nas primeiras fileiras de manifestantes, olhando no olho dos soldados. El conta que não tinha medo. Assistiu impotente a um de seus amigos ser baleado e morrer. Ele não gosta de falar sobre isso – a imagem ainda arde em sua alma.
Um assunto que lhe agrada, porém, é o sucesso do Movimento Seis de Abril e o sucesso da revolução, quando ele e seus amigos viram de perto a história mundial mudar de rumo. "Nossa revolução transformou o mundo todo", considera. "Seja nos Estados Unidos ou na Espanha, todos usam as mesmas ideias que nós."
Os ideais de liberdade, justiça social e democracia parecem ter sido novamente quase esquecidos no Egito. Mas El Swissy e o Movimento Seis de Abril querem pressionar o Conselho Militar, pois não deixarão que lhes tirem sua revolução tão facilmente. Eles orgulham-se do que conquistaram ao lado dos egípcios. "Se necessário, começaremos uma nova revolução", diz.
Autora: Viktoria Kleber (lpf)
Revisão: Alexandre Schossler