Ativista russo é preso por denunciar impacto ambiental em Sochi
12 de fevereiro de 2014O geólogo e ambientalista russo Evgueni Vitichko foi condenado nesta quarta-feira (12/02) a três anos de detenção numa colônia penal. Apesar de alegações em contrário, a sentença teria sido motivada por sua militância contra a destruição ambiental provocada pelos Jogos Olímpicos de Inverno em Sochi.
O tribunal da cidade de Krasnodar, no sul da Rússia, que pronunciou a sentença, alegou que Vitichko teria violado as imposições da liberdade condicional a que estava submetido, e converteu-a em pena de prisão.
Em 2012, juntamente com a ativista Suren Gazaryan, o geólogo fora considerado culpado de "destruição deliberada de propriedade alheia", por pichar com spray uma cerca que supostamente pertencia ao governador local. Na realidade, o objeto se encontrava numa floresta nacional, onde é proibido construir.
Ambos foram condenados, mas com o direito de continuar em liberdade caso não cometessem outra infração. Gazaryan abandonou o país após ser ameaçado com processos adicionais. Em 2013, ele recebeu asilo político na Estônia. No mesmo ano, as autoridades de Krasnodar requereram a conversão da pena de Vitichko em prisão, sob a alegação de que ele deixara de informar sobre uma viagem.
O ativista de 40 anos pretendia ir para Sochi no início do mês, a fim de apresentar um relatório ambiental. Em 3 de fevereiro, após requerer a permissão formal de viagem, em sua cidade natal, Tuapse, a 130 quilômetros a noroeste do centro olímpico, ele foi detido e condenado a 15 dias de prisão. A acusação foi de arruaça, por ele ter supostamente bradado insultos num ponto de ônibus.
Perseguição antecipada
O advogado do ativista, Alexander Popkov, declarou à imprensa que a sentença confirma que seu cliente está sendo "perseguido por suas atividades", ao denunciar o impacto ambiental dos Jogos Olímpicos em Sochi. "Nós esperávamos por isso, e Jenya [Vitichko] também."
Evgueni Vitichko pertence à organização Observatório Ambiental do Cáucaso Norte (EWNC), um dos mais eloquentes opositores das Olimpíadas de Sochi. Desde novembro passado, seis de seus membros já foram encarcerados. "A intenção é isolar Vitichko das comunidades locais e internacionais", afirmou Popkov.
A Human Rights Watch igualmente criticou o veredicto, declarando que "o caso contra Vitichko tinha motivação política desde o início". A ONG de direitos humanos apelou ao Comitê Olímpico Internacional para que interceda junto às autoridades russas pela libertação do ambientalista.
As autoridades regionais de Krasnodar e Sochi negam que estejam participando de uma campanha de perseguição contra Vitichko ou outros membros do EWNC.
AV/ap/sid