Polícia da capital alemã disse que protestos foram registrados em 33 pontos, o que causou transtornos no trânsito. Integrantes do Die Letzte Generation informaram que novos bloqueios devem ocorrer nos próximos dias.
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Ativistas do clima alemães protestaram na manhã desta segunda-feira (24/04) em Berlimcontra o que consideram ações governamentais lentas no combate às mudanças climáticas. Os manifestantes colaram as próprias mãos no asfalto de diversas ruas e avenidas da capital alemã, causando grandes congestionamentos e interrupções no trânsito da cidade.
O grupo responsável pelos protestos, Die Letzte Generation – A Última Geração, em português –, apela para que o governo alemão tome medidas mais drásticas para reduzir as emissões de gases de efeito estufa, incluindo o fim do uso de todos os combustíveis fósseis até 2030 e a imposição de um limite geral de velocidade nas rodovias.
Como de costume, o grupo compartilhou uma série de vídeos online da manifestação.
Uma porta-voz da polícia de Berlim disse que os protestos foram registrados em 33 locais da cidade, descrevendo a situação como "dinâmica". Um dos protestos ocorreu no anel da rodovia Bundesautobahn 100, que circunda o sul e o oeste da capital alemã.
As ruas começaram a ser bloqueadas pelos manifestantes às 7h30, horário de pico no trânsito da cidade. Os distritos de Spandau e Charlottenburg-Wilmersdorf foram os mais afetados. Segundo a polícia de Berlim, em torno de 500 policiais foram deslocados para as ruas da cidade nesta segunda para evitar ou dispersar bloqueios.
Os ativistas disseram que também marchariam lentamente por Berlim no final do dia, o que já haviam feito na sexta-feira, a fim de interromper o trânsito o máximo possível. E avisaram que novos protestos devem ocorrer nos próximos dias.
"Não vamos mais aceitar que o governo não tenha nenhum plano para deter a destruição dos nossos meios de subsistência", declarou o grupo.
Manifestações recentes
Na semana passada, membros do Die Letzte Generation informaram que iriam expandir suas ações e tentar "pacificamente paralisar a cidade" [de Berlim]. No final da última semana, eles realizaram uma série de ações principalmente em edifícios do governo na capital alemã.
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No domingo, os ativistas atrasaram o início de uma corrida da Fórmula E ao tentarem se colar no asfalto da pista, no aeroporto de Tempelhof, também em Berlim. Eles subiram a cerca quando os carros iniciavam a volta de formação, antes da largada oficial, e rapidamente chegaram ao circuito.
Funcionários da segurança os impediram de permanecer no asfalto por muito tempo, e a corrida começou com apenas seis minutos de atraso. Os pilotos, no entanto, questionaram se os manifestantes estavam cientes de que os veículos, neste caso, eram totalmente elétricos.
"Achei bastante ridículo. Não sei se essas pessoas percebem o que estamos fazendo aqui", disse Nico Müller, da equipe Abt Cupra.
Quem é o Die Letzte Generation?
O grupo Die Letzte Generation foi fundado em 2021 após uma greve de fome de sete ativistas, o que rendeu um encontro com o hoje chanceler federal da Alemanha, Olaf Scholz, na época candidato ao cargo pelo partido SPD.
Argumentando que Scholz não colocou em prática as exigências que teriam sido acordadas, os manifestantes começaram com protestos mais intensos e seguidos a partir do começo de 2022, com o uso de tinta em obras de artes famosas e também a ação de colar-se no asfalto de ruas e avenidas.
Em novembro passado, eles colaram as mãos na pista do aeroporto de Berlim, bloqueando pousos e decolagens por quase duas horas.
Conforme o website da organização, o Die Letzte Generation tem grupos locais espalhados por mais de 60 cidades da Alemanha. Embora não se saiba ao certo quantos membros compõem o grupo, estima-se que o número seja de 1,2 mil integrantes ativos, de acordo com informações do jornal alemão Die Zeit.
Um relatório publicado em seu site aponta que o grupo recebeu em torno de 900 mil euros em doações em 2022 e gastou cerca de 535 mil. Os custos incluem aluguéis, carros, computadores e telefones celulares, além de materiais para protestos, como cola, papel e cartazes.
Entre as exigências dos integrantes estão a imposição de um limite de 100km/h nas rodovias alemãs – conhecidas como Autobahn, muitas delas não têm limite, o que aumenta os gastos de combustível – e também a instituição do ticket de 9 euros de forma permanente.
Membros do Die Letzte Generation também acusam o governo alemão de "impotência política" e tentam levar o clima e as mudanças climáticas ao topo da agenda social por meio de um conselho.
gb (AFP, dpa)
Greenpeace 50 anos: relembre protestos pelo mundo
O Greenpeace luta contra a degradação ambiental e defende uma mudança de curso da sociedade. Como nenhuma outra ONG, os ativistas impulsionam debates há 50 anos por meio de protestos contra governos e empresas.
Foto: Robert Keziere/Greenpeace
Um basta aos testes nucleares
Os EUA detonaram bombas atômicas na costa do Alasca, em 1971, e um movimento de protesto se formou contra os testes. Esses ativistas chamaram sua ação de "Greenpeace" e tentaram penetrar na zona de testes com um veleiro de mesmo nome. A tentativa fracassou, mas o nome foi mantido: o Greenpeace se tornou a organização ambiental mais conhecida do mundo.
Foto: Robert Keziere/Greenpeace
Ataque militar contra o Greenpeace
O Estado francês não queria ser incomodado em seus testes nucleares e reagiu brutalmente: em 1973, um navio militar da França colidiu contra um barco do Greenpeace, que, logo em seguida, foi atacado por soldados franceses. Em 1985, um agente secreto francês afundou um barco do Greenpeace na Nova Zelândia, e um fotógrafo perdeu sua vida. Após 188 testes nucleares, a França os interrompeu em 1996.
Foto: Greenpeace/Ann-Marie Horne
Luta contra pesticidas
Em 1981, ativistas do Greenpeace ocuparam a chaminé da fábrica de produtos químicos Boehringer, em Hamburgo, onde herbicidas e pesticidas eram produzidos e, dioxinas, liberadas. Essa fábrica teve que fechar, mas as vendas de pesticidas aumentaram em todo o mundo e continuam causando danos à saúde. Por essa razão, o Greenpeace continua lutando pelo banimento de pesticidas perigosos.
Foto: Greenpeace/Wolfgang Hain
Contra a caça às baleias
Os protestos do Greenpeace contra a caça às baleias também são conhecidos. Por meio deles, os ativistas tentam evitar que baleeiros matem os animais ameaçados de extinção. Em vigor desde 1986, a moratória à caça comercial de baleias é um sucesso. No entanto, Islândia, Noruega e Japão ignoram a regra e, por isso, os protestos continuam – como este na frente de um navio baleeiro japonês (foto).
Foto: Greenpeace
Petrolíferas ignoram responsabilidade pelo clima
Em 1995, ativistas ocuparam a plataforma de petróleo Brent Spar, no Mar do Norte. A Shell queria afundar a antiga estrutura no mar, e motoristas se solidarizaram e boicotaram os postos de gasolina da empresa. A Shell abandonou seu plano inicial e, em 1998, governos proibiram naufrágios. Hoje o protesto é dirigido contra a indústria do petróleo por ignorar a meta de limitar o aquecimento a 1,5 °C.
Foto: Peter Thompson/Greenpeace
Proteção da biodiversidade
Em 2006, ativistas do Greenpeace penduraram uma enorme faixa no braço do Cristo Redentor, no Rio, por ocasião de uma conferência da ONU sobre biodiversidade em Curitiba. Com a frase "O futuro do planeta está em suas mãos", a organização alertava sobre a extinção em massa de animais e plantas devido ao setor agrícola e a consequente destruição dos meios de subsistência das gerações futuras.
Foto: Daniel Beltr· / Greenpeace
Escalada interrompe usina de carvão
Em 2009, ativistas escalaram uma chaminé de 200 metros de altura da usina de carvão Kingsnorth e forçaram seu fechamento. Na época, o Reino Unido ainda planejava novas usinas a carvão. Esse protesto, juntamente com ações judiciais, ajudaram o país a se tornar modelo para eliminação gradual da energia a carvão: quase todas as usinas estão desligadas da rede, e a última será fechada em 2024.
Foto: Will Rose/Greenpeace
O desastre do lixo plástico
O Greenpeace luta há muito tempo contra o lixo plástico e exige a proibição dos microplásticos em cosméticos, a proibição do plástico descartável e a reciclagem desses resíduos. Mas, até agora, nem todas as empresas e políticos do mundo se posicionaram contra os plásticos e, portanto, a água e o solo estão ainda mais poluídos com resíduos plásticos.
Foto: Justin Hofman/Greenpeace
Campanha para uma moda sustentável
A indústria têxtil é um grande poluidor, e o Greenpeace pediu às empresas de roupas para parar de usar produtos químicos perigosos – e 80% delas se comprometeram a não usá-los mais a partir de 2014. Na foto, modelos da Indonésia anunciam moda sustentável num campo de arroz na província Java Ocidental. O arrozal foi contaminado pela indústria de confecções.
Foto: Hati Kecil Visuals/Greenpeace
Indústria da carne e desmatamento
A indústria da carne destrói a floresta tropical, e muitas pessoas ainda não estão cientes disso. Na foto, o Greenpeace chama a atenção para o assunto com um banner num restaurante Burger King, em Londres. A demanda por carne impulsiona o desmatamento e queimadas na Amazônia, e os rebanhos pastam em terras obtidas dessas formas. Além disso, cultiva-se soja para alimentar os animais.
Foto: Paul Hackett/Greenpeace
Meta climática não será atingida
Esta usina a carvão perto de Colônia, na Alemanha, emite mais de 14 milhões de toneladas de CO2 por ano. O governo não quer fechá-la até 2038, e a meta de limitar o aquecimento a 1,5 °C não será concretizada. O Greenpeace protesta contra essa política e participa do movimento pelo clima liderado por jovens do Fridays for Future, que se mobilizam em todo o mundo e pressionam os políticos.