Ativistas jogam purê em quadro de Monet na Alemanha
23 de outubro de 2022
Incidente ocorreu no Museu Barberini, em Potsdam, no mais recente de uma série de protestos de ambientalistas alvejando obras de arte famosas.
Anúncio
O grupo de ativistas Letzte Generation (última geração) postou neste domingo (23/10) um vídeo mostrando dois de seus membros jogando um líquido viscoso numa pintura de Monet numa galeria em Potsdam, cidade nos arredores de Berlim.
Dois jovens jogaram o que descreveram como purê de batatas na pintura LesMeules, de Claude Monet, antes de se agachar na frente dela com um deles fazendo uma breve declaração.
Eles aludiram à atenção gerada por protestos similares realizados nas últimas semanas. "As pessoas estão morrendo de fome, estão congelando, estão morrendo. Estamos numa catástrofe climática. E a única coisa que vocês temem é sopa de tomate ou purê de batatas em uma pintura", disse a jovem.
"Você sabe do que eu tenho medo? Que a ciência diz que em 2050 não poderemos alimentar nossas famílias. É preciso purê de batatas em uma pintura para fazer vocês ouvirem? Essa pintura não valerá nada quando estivermos lutando por comida. Quando chegará o ponto em que vocês vão finalmente ouvir e não apenas continuar como se nada estivesse acontecendo?", ela continuou.
Dois outros manifestantes se colaram no chão como parte da manifestação.
Um porta-voz da polícia disse à agência de notícias alemã DPA que dois dos manifestantes foram presos e estão sendo investigados por possível invasão e danos a propriedade.
Uma porta-voz do Museu Barberini em Potsdam, Carolin Stranz, disse à que ainda não está claro se a pintura sofreu danos permanentes.
Protestos parecidos, incluindo um contra uma obra de Van Gogh em Londres, tentaram atingir pinturas que eram exibidas atrás de alguma forma de cobertura protetora. Nesse caso, a pintura sofreu apenas danos leves.
Stranz disse que o quadro de Monet em questão estava protegido por uma moldura de vidro.
A pintura, parte de uma série do impressionista Claude Monet, está exposta na exposição permanente do Museu Barberini. Ela faz parte de uma coleção do museu fundado pelo multibilionário Hasso Plattner, cofundador do gigante do software empresarial SAP.
md (DPA, EPD)
Monet e o nascimento do Impressionismo
Os impressionistas são considerados precursores do modernismo. Claude Monet é o mais importante e mais popular representante do movimento, cujos primórdios são explorados numa mostra em Frankfurt.
Foto: Städel Museum
Salão de Paris, um trampolim
Até 1874, os artistas franceses só tinham uma possibilidade de apresentar suas obras à grande massa: submetê-las ao Salão de Paris, cujo júri decidia se seriam ou não expostas. Depois de ter seus quadros repetidamente recusados, 30 pintores organizaram uma exposição própria. Entre eles, Pierre-Auguste Renoir, Claude Monet, Paul Cézanne e Alfred Sisley.
Foto: Städel Museum
Metrópole da arte
Até 1886, foram realizadas oito mostras independentes, reunindo diferentes grupos de expositores. Assim, os jovens artistas buscavam emancipar-se do mercado de arte, controlado pelo Estado francês. Suas exposições inauguraram um novo tipo de atração em Paris, metrópole que passava por rápida transformação e era o centro do mundo da arte.
Foto: Städel Museum
De volta à natureza
Os impressionistas eram sobretudo paisagistas. Pintavam ao ar livre, a fim de transportar suas impressões para a tela da forma mais verdadeira possível, dando ênfase especial aos efeitos de luz. Um dos locais favoritos era o bosque de Fontainebleau, ao sul de Paris, que servia de motivo pictórico para jovens artistas como Claude Monet (1840-1826).
Foto: Städel Museum
Luz e cor
Os jovens pintores desenvolveram uma noção de arte totalmente nova para a época. A linha, tão importante no Neoclassicismo, deu lugar à cor e à luz na hierarquia dos elementos pictóricos. Na tela "Vidro de pêssegos", de 1866, Monet registrou os frutos sob diferentes perspectivas – dentro do frasco, sobre a placa de mármore e como reflexo.
Foto: Städel Museum
Manet, modelo distante
Embora Édouard Manet (1832-1883) nunca tenha participado de uma das mostras impressionistas, é indiscutível sua influência sobre os integrantes do movimento, em especial sobre Monet, que tomou motivos do colega mais velho como modelos. O termo "impressionismo", aliás, foi utilizado pela primeira vez por um crítico de arte, como zombaria.
Foto: The National Museum of Art, Architecture and Design, Oslo
Normalidade escandalosa
"O almoço" é considerada uma das obras primas do jovem Monet e causou escândalo nos meios burgueses da França. A tela de mais de dois metros de altura representa uma cena absolutamente corriqueira num formato normalmente reservado às pinturas históricas. Além disso, entre os retratados estavam a amante de Monet, Camille, e o filho ilegítimo de ambos. Uma afronta, em pleno 1869.
Foto: Städel Museum
Motivos inéditos
À primeira vista, uma densa nuvem de fumaça chama a atenção do observador. A obra "Estação de Saint-Lazare", de Monet, mostra as transformações industriais no século 19. Temas mitológicos ou religiosos estão totalmente ausentes nas obras dos impressionistas, dando lugar a conteúdos atuais e cotidianos.
Foto: Städel Museum
Serenidade à la Renoir
Nem todos os impressionistas se atinham exclusivamente à pintura de paisagens ou às novidades das metrópoles. Auguste Renoir (1841-1919) também retratava a vida na alta sociedade francesa. Suas damas frequentam o teatro ou passeiam graciosamente de guarda-sol pelo jardim, como nesta reprodução.
Foto: Städel Museum
Atmosfera de sonho
Com o passar dos anos, motivos pictóricos concretos tornaram-se cada vez mais raros nas telas de Monet. Em vez disso, ele passou a se concentrar nas impressões visuais e na atmosfera. Nesta pintura de 1877, a estação ferroviária de Saint-Lazare parece flutuar em meio à neblina e às colunas de fumaça em tons de vermelho e azul.
Foto: Städel Museum
Paris em Frankfurt
O Städel de Frankfurt foi o primeiro museu alemão a comprar obras de arte impressionistas, mantendo desde 1899 uma coleção com quadros dos artistas franceses. A exposição "Monet e o nascimento do Impressionismo" exibe, até 21 de junho de 2015, por volta de uma centena de obras cedidas por museus de todo o mundo. Entre eles, "Rue de Gisors", de Camille Pissaro (acima).