Ativistas pedem destruição de "varanda de Hitler" em Viena
18 de outubro de 2018
Sacada na prefeitura foi construída para um discurso do ditador nazista em abril de 1938, pouco depois da anexação da Áustria. Autoridades preferem mantê-la para preservar memória.
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Ativistas da iniciativa Memory Gaps exigiram a remoção de uma sacada no edifício da prefeitura de Viena, por ter sido de lá que Adolf Hitler fez um discurso à população em 1938.
Hitler fez o discurso em 9 de abril de 1938, a partir de uma varanda improvisada de madeira especialmente construída na imponente torre principal no centro da fachada neogótica do edifício. Posteriormente, a sacada de madeira foi substituída por uma sacada permanente de pedra.
Com o passar dos anos, a origem da construção da varanda desapareceu em grande parte de memória coletiva, mas o grupo de ativistas entrou com um pedido pela sua destruição. Os ativistas argumentaram que, além de toda a bagagem histórica, a varanda viola a linha arquitetônica da torre principal.
"Como alternativa, esta varanda historicamente contaminada poderia ser usada pela última vez para um discurso de paz e de despedida reconciliatória em 12 de novembro, quando é celebrado o 100º aniversário da fundação da República da Áustria", sugeriram os ativistas. O ano de 2018 marca também os 80 anos da anexação da Áustria pela Alemanha nazista.
As autoridades de Viena, aparentemente, foram pegas de surpresa pela proposta. A mais alta funcionária cultural da capital austríaca, Veronica Kaup-Hasler, disse que felicita o debate e o fato de ter chamado a atenção para um detalhe esquecido da história da prefeitura. Mas afirma que prefere a manutenção da varanda, acompanhada de uma explicação mais clara sobre sua história.
A diretora da comissão responsável por pesquisar e devolver bens roubados pelos nazistas, Eva Blimlinger, concordou. "Como tudo o que resultou do nacional-socialismo, essa varanda faz parte de nossa história", disse ela em entrevista ao diário local Kurier.
A anexação de 1938 foi bem recebida por uma ampla faixa da população austríaca. Pouco tempo depois, Hitler realizou outro discurso famoso na sacada do Palácio Imperial de Hofburg, também em Viena, em 15 de março, três dias após a anexação.
A relação da Áustria com o seu passado nazista continua sendo uma questão difícil – e não somente porque a legenda de extrema direita Partido da Liberdade (FPÖ) assumiu o governo no ano passado.
No início deste mês, o vice-chanceler federal da Áustria e líder do FPÖ, Hein-Christian Strache, causou controvérsia quando desvelou um monumento às mulheres que removeram das ruas destroços durante a Segunda Guerra. Críticos acusaram Strache de tentar reabilitar a reputação de algumas mulheres simpatizantes do nazismo.
Desde o fim da Segunda Guerra Mundial, em 1945, diversos memoriais foram inaugurados na Alemanha para homenagear as vítimas do conflito e os perseguidos e mortos pelo regime nazista.
Foto: picture-alliance/dpa
Campo de concentração de Dachau
Um dos primeiros campos de concentração criados durante o regime nazista foi o de Dachau. Poucas semanas depois de Hitler chegar ao poder, os primeiros prisioneiros já foram levados para o local, que serviu como modelo para os futuros campos do Reich. Apesar de não ter sido concebido como campo de extermínio, em nenhum outro lugar foram assassinados tantos dissidentes políticos.
Foto: picture-alliance/dpa
Reichsparteitagsgelände
A antiga área de desfiles do Partido Nacional-Socialista em Nurembergue, denominada "Reichsparteitagsgelände", foi de 1933 até o início da Segunda Guerra palco de passeatas e outros eventos de propaganda do regime nazista, reunindo até 200 mil participantes. Lá está atualmente instalado um centro de documentação.
Foto: picture-alliance/Daniel Karmann
Casa da Conferência de Wannsee
A Vila Marlier, localizada às margens do lago Wannsee, em Berlim, foi um dos centros de planejamento do Holocausto. Lá reuniram-se, em 20 de janeiro de 1942, 15 membros do governo do "Terceiro Reich" e da organização paramilitar SS (Schutzstaffel) para discutir detalhes do genocídio dos judeus. Em 1992, o Memorial da Conferência de Wannsee foi inaugurado na vila.
Foto: picture-alliance/dpa
Campo de Bergen-Belsen
De início, a instalação na Baixa Saxônia servia como campo de prisioneiros de guerra. Nos últimos anos do conflito, eram geralmente enviados para Bergen-Belsen os doentes de outros campos. A maioria ou foi assassinada ou morreu em decorrência das enfermidades. Uma das 50 mil vitimas foi a jovem judia Anne Frank, que ficou mundialmente conhecida com a publicação póstuma do seu diário.
Foto: picture alliance/Klaus Nowottnick
Memorial da Resistência Alemã
No complexo de edifícios Bendlerblock, em Berlim, planejou-se um atentado fracassado contra Adolf Hitler. O grupo de resistência, formado por oficiais sob comando do coronel Claus von Stauffenberg, falhou na tentativa de assassinar o ditador em 20 de julho de 1944. Parte dos conspiradores foi fuzilada no mesmo dia, no próprio Bendlerblock. Hoje, o local abriga o Memorial da Resistência Alemã.
Foto: picture-alliance/dpa
Ruínas da Igreja de São Nicolau
Como parte da Operação Gomorra, aviões americanos e britânicos realizaram uma série de bombardeios contra a estrategicamente importante Hamburgo. A Igreja de São Nicolau, no centro da cidade portuária, servia aos pilotos como ponto de orientação e foi fortemente danificada nos ataques. Depois de 1945 não foi reconstruída, e suas ruínas foram dedicadas às vítimas da guerra aérea na Europa.
Foto: picture-alliance/dpa
Sanatório Hadamar
A partir de 1941, portadores de doenças psiquiátricas e deficiências eram levados para o sanatório de Hadamar, em Hessen. Considerados "indignos de viver" pelos nazistas, quase 15 mil – de um total de 70 mil em todo o país – foram mortos ali com injeções de veneno ou com gás. O atual memorial engloba a antiga instituição da morte e o cemitério contíguo, onde estão enterradas algumas das vítimas.
Foto: picture-alliance/dpa
Monumento de Seelow
A Batalha de Seelow deu início à ofensiva do Exército Vermelho contra Berlim, em abril de 1945. No maior combate em solo alemão, cerca de 100 mil soldados das Wehrmacht enfrentaram o Exército soviético, dez vezes maior. Após a derrota alemã, em 19 de abril o caminho para Berlim estava aberto. Já em 27 de novembro de 1945 era inaugurado o monumento nas colinas de Seelow, em Brandemburgo.
Foto: picture-alliance/dpa
Memorial do Holocausto
O Memorial ao Holocausto em Berlim foi inaugurado em 2005, em memória aos 6 milhões de judeus assassinados pelos nazistas na Europa. Não muito distante do Bundestag (parlamento), 2.711 estelas de cimento de tamanhos diferentes formam um labirinto por onde os visitantes podem caminhar livremente. Uma exposição subterrânea complementa o complexo do Memorial.
Foto: picture-alliance/dpa
Monumento aos Homossexuais Perseguidos
De formas inspiradas no Memorial do Holocausto e próximo a ele, o monumento aos homossexuais perseguidos pelo nazismo foi inaugurado em 27 de maio de 2008, no parque berlinense Tiergarten. Uma abertura envidraçada permite ao visitante vislumbrar o interior do monumento, onde um vídeo infinito mostra casais de homens e de mulheres que se beijam.
Foto: picture alliance/Markus C. Hurek
Monumento aos Sintos e Roma Assassinados
O mais recente memorial central foi inaugurado em Berlim em 2012. Em frente ao Reichstag, um jardim lembra o assassinato de 500 mil ciganos durante o regime nazista. No centro de uma fonte de pedra negra, está uma estela triangular: ela evoca a forma do distintivo que os prisioneiros ciganos dos campos de concentração traziam em seus uniformes.
Foto: picture-alliance/dpa
'Pedras de Tropeçar'
Na década de 1990, o artista alemão Gunter Demnig começou um projeto de revisão do Holocausto: diante das antigas residências das vítimas, ele aplica placas de metal onde estão gravados seus nomes e as circunstâncias das mortes. Há mais de 45 mil dessas "Stolpersteine" (pedras de tropeçar) na Alemanha e em 17 outros países europeus, formando o maior memorial descentralizado às vítimas do nazismo.