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Protesto contra desmatamento da Amazônia em Berlim

29 de abril de 2019

Movimento Extinction Rebellion se une a cientistas e exige de UE que importações brasileiras sejam vinculadas a proteção ambiental e dos direitos humanos. Manifestantes contestam acusações de ministro do Meio Ambiente.

Ativista do Extinction Rebellion deitaram no chão para lembrar ativistas mortos
Ativista deitaram no chão para lembrar ativistas mortosFoto: DW/C. Neher

Ativistas do movimento ambiental Extinction Rebellion (Rebelião da Extinção) protestaram nesta segunda-feira (29/04) em Berlim contra o desmatamento da Amazônia. A manifestação apoiou os  mais de 600 cientistas europeus que pediram para a União Europeia vincular as importações oriundas do Brasil à proteção do meio ambiente e dos direitos humanos.

"Compramos muitos produtos vindos do Brasil e temos a responsabilidade de dizer aos nossos líderes que não queremos esses produtos associados a danos ambientais ou abusos de direitos humanos do outro lado do mundo. Além disso, temos que tomar uma posição, principalmente, em relação ao impacto do desmatamento nas mudanças climáticas", afirmou a zoóloga Claire Wordley, da Universidade de Cambridge, que organizou o protesto.

"Queremos lembrar os países europeus de suas responsabilidades. A UE tem uma ótima legislação para padrões ambientais e de direitos humanos, mas no momento eles são somente aplicados nos países europeus", destacou Wordley, que também é uma das signatárias da carta apoiada por mais de 600 cientistas europeus, publicada na semana anterior na revista científica Science.

No manifesto, os pesquisadores pediram à União Europeia que faça um esforço maior para evitar importações do Brasil oriundas de regiões desmatadas ou de conflito agrário. No documento, o grupo destaca ainda a importância da Amazônia no combate ao aquecimento global.

Wordley lê o manifesto de cientistas contra o desmatamentoFoto: DW/C. Neher

Realizado diante do Portão de Brandemburgo, o protesto reuniu cerca de 40 pessoas, segundo a estimativa da polícia. Além de bandeiras com o símbolo da Extinction Rebellion, os ativistas levaram cartazes com dizeres: "Sem levante, sem futuro", e fotografias de indígenas e da Floresta Amazônica.

Durante o ato, os ativistas destacaram a importância da Amazônia para o clima global e acusaram o presidente Jair Bolsonaro de promover uma política de destruição ambiental e de ameaça aos direitos dos povos indígenas. Os manifestantes também contestaram as alegações do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, que, em entrevista à GloboNews, disse que o manifesto não tinha credibilidade e que escondia uma guerra comercial com o Brasil, além de supostos interesses econômicos dos cientistas.

"Não fazemos ideia quais seriam os interesses econômicos que o ministro falou que temos. Publicamos a carta porque estamos preocupados com a situação no Brasil. Estamos fazendo isso para o nosso futuro e para o futuro dos brasileiros, especialmente os indígenas", ressaltou Wordley.

Ao comentar a alegação de Salles de que o Brasil seria um exemplo de preservação do meio ambiente, Wordley argumentou que os impactos negativos do desmatamento da Amazônia já pode ser sentido e que eles podem piorar se o desmatamento continuar. "As políticas precisam ser muito mais duras do que estão sendo. Não podemos mais arcar com a destruição da Amazônia e também de outros ecossistemas no Brasil", afirmou.

Protesto foi realizado em frente ao Portão de BrandemburgoFoto: DW/C. Neher

A pesquisadora destacou que a iniciativa dos cientistas europeus não é para banir as importações oriundas do Brasil, mas para estimular um comércio responsável e sustentável, que não gere danos ambientais e abusos de direitos humanos. "Não queremos comer desmatamento no jantar", disse.

Após a leitura da carta, os manifestantes homenagearam os ativistas ambientais mortos no Brasil. Foram lidos os nomes de ambientalistas assassinados no ano passado e de indígenas mortos nos últimos anos.

Extinction Rebellion surgiu em 2018, quando milhares de manifestantes tomaram as ruas de Londres. Desde então, os "rebeldes da extinção" do Reino Unido ocuparam pontes sobre o Tâmisa e se despiram no Parlamento Britânico. O movimento já se expandiu para mais de 30 países ao redor do mundo.

Recentemente, o movimento parece ter conseguido um associado ilustre. Um grafite atribuído ao artista britânico Banksy com mensagem de apoio à causa foi descoberto num dos cruzamentos mais movimentados de Londres.

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