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Atlântico Norte tem temperaturas recordes em 2023

20 de junho de 2023

Superfície do mar no Atlântico Norte nunca esteve tão quente, o que pode significar um verão de muito calor e chuvas intensas na Europa Central, afirmam cientistas.

Tempestade em Le Becquet, na França
Tempestade em região costeira da França: eventos climáticos extremos podem se tornar mais comunsFoto: Sameer Al-Doumy/picture alliance/dpa/AFP

Desde março deste ano as temperaturas médias diárias da superfície do mar no Oceano Atlântico Norte são recordes, segundo dados da Universidade de Maine, no Estados Unidos.

No domingo (18/06), a temperatura média registrada foi de 23,1 ºC, bem acima dos 21,9 ºC da média dos anos entre 1982 e 2011, e acima também da média do ano passado, de 22,3 ºC, conforme os dados, que são coletados desde o fim de 1981.

Os recordes chamam a atenção por dois aspectos, observou o serviço meteorológico alemão Deutscher Wetterdienst. Um é o avanço em relação aos recordes anteriores. O outro é o unusual longo período, de quase três meses, em que as temperaturas estão acima das de todos os anos anteriores.

Mares absorvem calor do aquecimento global

O aquecimento do Atlântico Norte não é um fato isolado, pois desde meados de março as águas localizadas entre os paralelos 60 sul e 60 norte têm temperaturas médias recordes, bem acima das dos anos anteriores.

Os mares ficaram mais quentes porque absorveram cerca de 90% do aquecimento causado pelas emissões de gases do efeito estufa pelos humanos, explica o cientista Mojib Latif, do Centro Geomar Helmholtz de Pesquisas Oceânicas, na Alemanha.

Segundo cientistas, as altas temperaturas no Atlântico Norte podem significar um verão muito quente e chuvas intensas para a Europa Central.

"O aquecimento global eleva a probabilidade de eventos climáticos extremos", diz o físico Helge Gössling, do Instituto Alfred Wegener, na Alemanha.

Verão de calor recorde

Em 2022, a Europa registrou o verão mais quente da sua história. As ondas de calor que atingiram o continente provocaram 16.365 mortes, num ano em que a temperatura foi 2,3 °C acima da média pré-industrial (1850-1900), utilizada como referência para o Acordo de Paris sobre mudanças climáticas.

Esses números foram divulgados nesta segunda-feira pela Organização Meteorológica Mundial (OMM) e pelo Copernicus Climate Change Service (C3S), da União Europeia.

"O estresse térmico sem precedentes sofrido pelos europeus em 2022 foi uma das principais causas do excesso de mortes relacionadas ao clima na Europa. Infelizmente, isso não pode ser considerado um evento isolado ou uma estranheza climática", disse o diretor do C3S, Carlo Buontempo.

as/ek (DPA, Efe, ots)

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