Clube colombiano emite nota oficial solicitando que a Conmebol oficialize a equipe catarinense como campeã da Copa Sul-Americana de 2016. O Verdão do Oeste não seria o primeiro time campeão depois de sofrer uma tragédia.
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O Atlético Nacional quer que o título da Copa Sul-Americana seja entregue para a Chapecoense. Em seu site oficial, o clube colombiano solicitou nesta terça-feira (29/11) que a Conmebol declare a equipe catarinense campeão do torneio.
"O acidente de nossos irmãos da Chapecoense nos marcará para a vida e deixa, desde já, uma marca indelével no futebol latino-americano e mundial. Depois de termos nos preocupado com o lado humano, pensamos sobre o aspecto competitivo e queremos publicar este comunicado onde o Atlético Nacional convida a Conmebol a entregar o título da Copa Sul-Americana à Chapecoense como laurel honorário a sua grande perda e em homenagem póstuma às vítimas do acidente", diz o comunicado. "De nossa parte, e para sempre, Chapecoense campeã da Copa Sul-Americana de 2016."
Momentos antes, em entrevista à imprensa colombiana, o lateral Gilberto Garcia já tinha ressaltado o pedido em nome de todo o elenco da equipe colombiana. "Queremos que se declare essa equipe campeã e aí vamos ver o que acontece. A iniciativa é nossa e do mundo do futebol. Esperamos que a Conmebol tome essa decisão e queremos apoiar os familiares, que possamos dar um abraço neles. É o que podemos fazer", disse Garcia.
"O professor [treinador] nos disse para darmos muito valor à vida, para que fizéssemos uma reflexão, para que entedêssemos isso como um aviso de Deus para seguir melhorando em nossa vida pessoal", concluiu Garcia.
O lateral lamentou a tragédia e revelou que o próprio Atlético Nacional já havia viajado no mesmo avião. "Estamos consternados, muito tristes. Pouco se pode falar. Podia ter acontecido com a gente também. Fizemos muitas viagens nesse mesmo avião", disse Garcia.
Atlético Nacional e Chapecoense disputariam a primeira partida da decisão da Copa Sul-Americana 2016, em Medellín, na quarta-feira. A tragédia que matou praticamente toda a delegação da Chapecoense resultou no cancelamento do jogo. O clube colombiano convocou seus torcedores a comparecerem ao estádio Atanasio Girardot, na quarta-feira, vestidos de branco e com uma vela em mãos em solidariedade à equipe catarinense.
Ao contrário do que vem sendo divulgado nas redes sociais, a Conmebol não atendeu ao pedido do Atlético Nacional de declarar a Chapecoense campeã do segundo torneio mais importante do futebol sul-americano. A confederação apenas comunicou que não se manifestará até uma reunião no dia 21 de dezembro.
Nos anos 1940, Torino campeão após tragédia
Não seria a primeira vez que, depois de sofrer uma tragédia, uma equipe seria campeã graças ao espírito esportivo de adversários. Em 4 de maio de 1949, o Grande Torino voltava de um amistoso em Lisboa, contra o Benfica, e todos os jogadores morreram quando o avião Fiat G.212 se chocou contra o muro posterior do terrapleno da Basílica de Superga, em Torino.
O clube era a base da seleção italiana e a equipe mais forte da Europa na época e liderava o Campeonato Italiano com quatro pontos à frente da Internazionale de Milão. Faltavam ainda quatro rodadas, e o Torino viu-se obrigado a finalizar a competição com atletas juvenis. Em solidariedade, os principais clubes da Itália fizeram o mesmo e, desta forma, o Torino conseguiu o hexacampeonato nacional – seria o penúltimo título italiano do Torino.
Equipes de SP sugerem ajuda
Em nota publicada nesta terça-feira pelo Corinthians, mas assinada também por São Paulo, Santos e Palmeiras, os presidentes dos quatro grandes clubes paulistas sugeriram à CBF que a Chapecoense fique impedida de ser rebaixada da Séria A do Brasileirão nas próximas três temporadas. Além disso, eles sugeriram o empréstimo gratuito de atletas.
A tragédia com o avião da Chapecoense
O voo que levava a equipe para final da Copa Sul-Americana caiu a poucos quilômetros de Medellín, na Colômbia. A bordo estavam nove tripulantes e 68 passageiros, entre jogadores, dirigentes do clube e jornalistas.
Foto: Reuters/M. Varley
Acidente próximo a Medellín
O acidente ocorreu na madrugada desta terça-feira (29/11) na região montanhosa conhecida como El Gordo, a cerca de 50 quilômetros de Medellín, no noroeste da Colômbia.
Aeronave de fabricação britânica
A aeronave modelo British Aerospace (BAE) 146, de fabricação britânica, operada pela boliviana LaMia (foto de arquivo), teria se partido em três partes durante um pouso forçado.
Foto: picture-alliance/AP Photo/L. Benavides
Mais de 70 mortos
Inicialmente, a lista fornecida pelas autoridades indicava que até 81 pessoas poderiam estar a bordo, incluindo 72 passageiros e nove tripulantes. Mais tarde, autoridades confirmaram um total de 71 mortos e seis feridos. Quatro pessoas não embarcaram de última hora.
Foto: picture-alliance/AP Photo/L. Benavides
Fim de um sonho
A equipe do Chapecoense viajava para Medellín, onde disputaria a final da Copa Sul-Americana contra o Atlético Nacional, da Colômbia. O time embarcou num voo comercial a partir de São Paulo e com conexão em Santa Cruz de la Sierra. De lá, o avião partiu rumo a Medellín.
Foto: picture-alliance/dpa/M. Cunha
Uniformes entre os destroços
Entre os destroços da aeronave, as equipes de resgate encontraram partes dos uniformes da Chapecoense. Estavam a bordo 22 jogadores de futebol, 25 dirigentes, membros da comissão técnica e convidados da equipe, além de 21 jornalistas brasileiros.
Foto: Imago/Xinhua
Sobreviventes
Segundo as autoridades locais, seis pessoas foram resgatadas com vida, mas uma morreu a caminho do hospital. Entre os sobreviventes estão os jogadores brasileiros Alan Ruschel (foto), Jackson Follmann e Hélio Zampier Neto.
Foto: Imago/Agencia EFE
Jornalista resgatado
Entre os sobreviventes está o jornalista brasileiro Rafael Henze. De acordo com as equipes de resgaste, Henze foi encontrado com vários ferimentos, mas sua condição é estável. O jornalista foi levado para o hospital de La Ceja.
Foto: Imago/Agencia EFE
Herói não resiste
Herói da classificação para a final da Sul-Americana, com uma defesa-chave na semi contra o San Lorenzo (foto), o goleiro Danilo chegou a ser resgatado com vida e foi levado para um hospital em Rionegro, próximo a Medellín. Porém, não resistiu aos ferimentos.
Foto: Reuters/E. Marcarian
Comoção da torcida
Após a notícia do acidente, fãs da equipe começaram a se aglomerar em frente à Arena Condá, estádio do time na cidade de Chapecó, Santa Catarina.
Foto: Reuters/P. Whitaker
Dia seguinte
Um dia depois da tragédia, torcedor mirim chora pela perda dos ídolos nas arquibancadas da Arena Condá, em Chapecó.
Foto: Getty Images/AFP/N. Almeida
Homenagem dos colombianos
No estádio do Atlético Nacional, em Medellín, dezenas de milhares de torcedores vestidos de branco prestaram tributo às vítimas da tragédia aérea, no dia 30 de novembro. Os jogadores do clube homenagearam os colegas da Chapecoense, com quem jogariam partida na final da Copa Sul-Americana.
Foto: picture alliance/dpa/M. D. Castaneda
Discurso emocionado
No estádio em Medellín, o ministro das Relações Exteriores do Brasil, José Serra, fez discurso emocionado. "As expressões de solidariedade que aqui encontramos nos oferecem um consolo imenso, uma luz na escuridão, num momento em que estamos todos tentando compreender o incompreensível", disse.
Foto: picture alliance/dpa/M. D. Castaneda
Velório coletivo
Torcedores da Chapecoense se despediram de seus ídolos numa cerimônia na Arena Condá, em 3 de dezembro. Apesar da chuva, milhares de pessoas foram ao estádio do clube para receber os caixões de jogadores, dirigentes e membros da comissão técnica do time. O presidente Michel Temer acompanhou a cerimônia, mas não discursou.
Foto: picture-alliance/dpa/S. Moreira
Antes do acidente
A última partida do Chapecoense aconteceu em 27 de novembro, contra o Palmeiras, em São Paulo. A equipe perdeu por 1 a 0 na penúltima rodada da série A do Campeonato Brasileiro. Na foto, Alan Ruschel, um dos sobreviventes do acidente aéreo na Colômbia.
Foto: Getty Images/F. Vogel
Pouco combustível, excesso de peso
No dia 26 de dezembro, relatório divulgado por investigadores colombianos revelou série de erros humanos. Pilotos sabiam da falta de combustível. Aeronave trasnportava 400 quilos a mais do que o permitido e não estava certificada para voar acima de 29 mil pés. Mesmo assim, autoridades bolivianas aprovaram o plano de voo.