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Atores de Hollywood entram em greve

14 de julho de 2023

Sindicato que representa 160 mil atores de cinema e TV nos EUA anuncia paralisação. Categoria se junta à greve dos roteiristas, na maior paralisação do entretenimento americano desde 1960.

Membros do SAG-AFTRA, com a presidente Fran Drescher à frente
Membros do SAG-AFTRA, com a presidente Fran Drescher à frenteFoto: Chris Pizzello/Invision/AP/picture alliance

Depois dos roteiristas, agora é a vez dos atores cruzarem os braços em Hollywood. Nesta quinta-feira (13/07), o Screen Actors Guild-American Federation of Television and Radio Artists (SAG-AFTRA), na sigla em inglês, que representa 160 mil atores sindicalizados de cinema e TV dos EUA, anunciou que vai entrar em greve a partir de 0h (no horário de Los Angeles, 4h em Brasília), se juntando à greve dos roteiristas que persiste desde o início de maio. A dupla greve deve marcar a maior paralisação do setor de entretenimento dos EUA desde 1960.

O sindicato de atores quer que os gigantes do streaming concordem com uma divisão mais justa dos lucros - especialmente de valores advindos do streaming - e melhores condições de trabalho.

"Depois de mais de quatro semanas de negociação, a Alliance of Motion Picture and Television Producers (AMPTP, que representa a indústria) continua relutante em oferecer um acordo justo sobre as principais questões essenciais para os membros do SAG-AFTRA", disse o sindicato em comunicado.

A presidente do Screen Actors Guild, a atriz Fran Drescher - famosa pelo seriado The Nanny, dos anos 1990 -, lembrou que na última década a remuneração dos atores foi "severamente desgastada pela ascensão do ecossistema de streaming" e o desenvolvimento da Inteligência Artificial passou a representar "uma ameaça existencial para as profissões criativas". "Todos os atores e performers merecem uma linguagem contratual que os proteja de ter a identidade e o talento explorados sem consentimento e pagamento", escreveu.

O sindicato lamentou ainda que a aliança que representa os estúdios de cinema e televisão tenha se "recusado a reconhecer que as enormes mudanças na indústria e na economia tiveram um impacto negativo sobre aqueles que trabalham".

Além dos salários quando trabalham, os atores recebem royalties ou residuais toda vez que uma produção em que estrelam é exibida na televisão. No entanto, serviços de streaming como Netflix e Disney+ não divulgam números de audiência e pagam aos atores a mesma taxa fixa, independentemente da audiência.

De acordo com uma ordem de greve publicada pelo sindicato, a paralisação se aplica aos empregados que atuam, cantam ou dançam, bem como aos dublês e manipuladores de marionetes ou profissionais que executam performances de captura de movimento.

Na quarta-feira, o sindicatojá havia anunciado que não tinha chegado a um acordo com os grandes estúdios. "Quando empregadores fazem de Wall Street e da ganância suas prioridades e esquecem dos contribuidores essenciais que fazem a máquina funcionar, nós temos um problema, e estamos vivendo isso neste momento", afirmou Drescher.

Logo após o anúncio da greve, um grupo de roteiristas começou a gritar "Paguem seus atores!" do lado de fora dos escritórios da Netflix em Hollywood. Em maio, mais de 11.000 roteiristas de cinema e televisão entraram em greve, fazendo exigências semelhantes às dos atores, em especial em relação aos royalties de streaming.

Esta é a primeira paralisação conjunta de atores e roteiristas em 63 anos, e deve ter um impacto significativo na produção de filmes e televisão. A greve também significa que estrelas sindicalizadas não poderão promover novos lançamentos ou participar de eventos do setor.

Os membros do SAG-AFTRA pareciam estar levando a greve a sério nesta quinta-feira. Duas estrelas do filme Oppenheimer, Cillian Murphy e Emily Blunt, abandonaram a première da produção na quinta-feira, horas antes de o sindicato convocar oficialmente a greve.

jps (ots)

 

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