Autoridades afirmam que mais de 160 corpos foram retirados do mar, e buscas prosseguem. Embarcação superlotada levava entre 400 e 600 migrantes com destino à Europa.
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Dois dias após o naufrágio de uma embarcação lotada de migrantes na costa do Egito, o número de mortos subiu nesta sexta-feira (23/09) para 162. Os corpos foram retirados do mar pelas equipes de resgate.
Segundo Mohammed Sultan, governador da província de Al Bahira, em cujo litoral aconteceu o naufrágio, o número de mortos na tragédia pode ser ainda maior. As equipes de regaste continuam trabalhando na região. Entre as vítimas, há mulheres e crianças.
O barco pesqueiro que levava centenas de migrantes naufragou após deixar um ponto entre as localidades egípcias de Rashid e Baltim, uma área pouco povoada e local de partida de embarcações que transportam ilegalmente migrantes em direção à União Europeia (UE). Estima-se que entre 400 e 600 pessoas estivessem a bordo. Os sobreviventes disseram que a superlotação causou a tragédia.
Até o momento, apenas 164 pessoas foram resgatadas com vida. De acordo com a Organização Internacional de Migrações (OIM), entre os sobreviventes a maioria é egípcia, mas há também sudaneses, eritreus, somalis, um sírio e um etíope. Entre os resgatados havia ainda quatro marinheiros, que foram detidos. Os proprietários do barco continuam foragidos.
O Egito se transformou nos últimos meses num dos principais pontos de partida para migrantes que desejam chegar à Europa. Entre janeiro e setembro, mais de 12 mil migrantes alcançaram à Itália por essa rota, afirmou a agência europeia de fronteiras (Frontex).
A travessia pelo Mar Mediterrâneo é arriscada. De acordo com as Nações Unidas, mais de 10 mil pessoas morreram tentando chegar à Europa por essa rota desde 2014. Somente neste ano, o número de mortos já chegou a 3,5 mil, segundo a OIM.
CN/efe/ap/lusa/dpa
Viagem à Europa da perspectiva de refugiados
Exposição em Hamburgo mostra longa jornada do ponto de vista dos migrantes, resultado do projeto #RefugeeCameras. Risco, desamparo e raros momentos de alegria permeiam as imagens.
Foto: Kevin McElvaney/ProjectRefugeeCameras
Partida sem volta?
Em dezembro de 2015, o alemão Kevin McElvaney entregou 15 câmeras descartáveis e envelopes pré-selados a migrantes em Izmir, Lesbos, Atenas e Idomeni. Sete retornaram ao jovem fotógrafo e fazem parte do projeto #RefugeeCameras. Zakaria recebeu sua câmera em Izmir. O sírio fugiu do "Estado Islâmico" e do regime Assad. Em seu diário de fuga, ele escreve que só Deus sabe se ele voltará à Síria.
Foto: Kevin McElvaney/ProjectRefugeeCameras
Travessia de bote
Zakaria documentou sua viagem marítima da Turquia até a ilha grega de Chios. Ele ficou sentado na parte de trás do bote. Na exposição em Hamburgo, as imagens feitas por refugiados são complementadas por uma seleção de fotos tiradas por profissionais, que ajudaram a montar a representação das rotas de fuga. Todos eles doaram suas obras para apoiar o projeto.
Foto: Kevin McElvaney/ProjectRefugeeCameras
Chegada perigosa
Hamza e Abdulmonem, ambos da Síria, fotografaram a perigosa chegada de seu barco a uma ilha grega. Não havia voluntários para recebê-los. Foi justamente isso que McElvaney tinha em mente quando lançou a #RefugeeCameras. Segundo o jovem fotógrafo, até agora a mídia proporcionou somente um "vazio visual" a esse respeito.
Foto: Kevin McElvaney/ProjectRefugeeCameras
Sobrevivendo ao mar
Após o desembarque, vê-se um menino com roupas molhadas e colete salva-vidas numa praia. A imagem faz recordar Aylan Kurdi, o pequeno garoto sírio cujo corpo sem vida foi encontrado no litoral turco em setembro de 2015. A criança nesta foto conseguiu chegar viva à Europa. O seu destino é desconhecido.
Foto: Kevin McElvaney/ProjectRefugeeCameras
Sete câmeras
Hamza e Abdulmonem também tiraram esta foto instantânea levemente desfocada de um grupo de refugiados fazendo uma pausa. Das 15 câmeras que McElvaney entregou, sete retornaram, uma foi perdida, duas foram confiscadas, e duas permaneceram em Izmir, onde seus donos ainda estão retidos. As três câmeras restantes estão desaparecidas – assim como seus proprietários.
Foto: Kevin McElvaney/ProjectRefugeeCameras
Família em foco
Dyab, um professor de Matemática sírio, tentou registrar alguns dos melhores momentos de sua viagem até a Alemanha. Na foto, veem-se sua esposa e seu filho pequeno, Kerim, que nos mostra um pacote de biscoito que recebeu num campo de refugiados macedônio. A imagem revela a profunda afeição de Dyab por seu filho, diz McElvaney: "Ele quer cuidar dele, mesmo na árdua viagem que foi forçado a seguir."
Foto: Kevin McElvaney/ProjectRefugeeCameras
Do Irã à Alemanha
A história de Said, do Irã, é diferente. O jovem teve de deixar seu país, depois de ter se convertido ao cristianismo. Ele poderia ter sido preso ou morto. Para ser aceito como refugiado, ele fingiu ser afegão. Após a sua chegada à Alemanha, ele explicou sua situação, para a satisfação das autoridades. Ele vive agora – como iraniano – em Hanau, no estado de Hessen.
Foto: Kevin McElvaney/ProjectRefugeeCameras
Não apenas selfies
Said tirou esta foto de um pai sírio e seu filho num ônibus de Atenas a Idomeni.
Foto: Kevin McElvaney/ProjectRefugeeCameras
Momento de alegria
Em outro registro feito por Said, um voluntário que trabalha num campo de refugiados em algum lugar entre a Croácia e a Eslovênia brinca com um grupo de crianças, que tentam imitar seus truques.