Aumenta o roubo de metais na Alemanha
11 de agosto de 2006Os furtos de materiais metálicos registrados pela polícia alemã têm crescido de forma expressiva nos últimos meses. O problema acontece ao mesmo tempo em que os preços de metais aumentam no mercado internacional, e ocorre também em outros países europeus, como Áustria, França e Suíça.
O valor do cobre, por exemplo, mais que dobrou nos últimos dois anos. Em 2004 o quilo custava cerca de três euros. No ano seguinte, saltou para quatro euros e atualmente está ao redor dos 6,20 euros. Dados da polícia alemã apontam que, no mercado negro, criminosos recebem cerca de quatro euros para cada quilo do metal.
O problema é tão grave que na cidade de Colônia, Estado da Renânia do Norte-Vestfália, a polícia criou um grupo de investigação exclusivamente para tratar do tema. Jürgen Göbel, porta-voz da instituição, em entrevista publicada pelo jornal Kölner Stadt-Anzeiger, descreveu a situação como bastante grave.
"Quase diariamente os ladrões de metal entram em ação", relata, afirmando que cabos de transmissão utilizados nas linhas de bondes do transporte coletivo e materiais de construção civil, como cabos de alta tensão ou materiais de alumínio, são os preferidos pelos bandidos.
Mercados chinês e indiano crescem
A crescente demanda do produto por China e Índia é apontada como a principal causa da escalada nos preços. Nos países da União Européia, no Japão e nos Estados Unidos, que tradicionalmente representam 80% da demanda mundial por cobre, o consumo permaneceu estável nos últimos dez anos.
Ao contrário dos países desenvolvidos, a China tem usado cada vez mais cobre nos grandes investimentos em infra-estrutura e na ampliação do parque industrial. Enquanto a demanda do metal no mundo cresceu apenas 2,6% nos últimos cinco anos, no caso chinês o aumento foi da ordem de 15% no mesmo período.
Depois de 20 anos de preços em declínio, os produtores de cobre finalmente vivem um período de alta, que deve durar até 2020, de acordo com projeções de especialistas. As estimativas também dão conta de que a demanda da China será em pouco tempo superada pela Índia, que conta com um grande mercado em que cada vez mais consumidores comprarão geladeiras, aparelhos de ar-condicionado, automóveis e outros produtos cujo processo produtivo utiliza grande quantidade de metais, especialmente o cobre.
Roubos em ferrovias
As estradas de ferro alemãs se tornaram um dos alvos preferidos dos criminosos. Recentemente 44 trens tiveram que parar em pleno trajeto porque ladrões de cobre haviam roubado dezenas de metros de cabos usados como pára-raio nas ferrovias. Na bacia do Rio Reno também foram registrados furtos em instalações ferroviárias, das quais foram roubados não somente arames e cabos como também pedaços inteiros de trilhos.
Em uma empresa de Leipzig, Estado da Saxônia, os criminosos levaram sobras de fundição de alumínio avaliadas em 25 mil euros, e no Estado de Brandemburgo outra companhia teve prejuízos de 41 mil euros por conta do furto de latas do mesmo material.
As ocorrências aumentaram também na construção civil do país. De acordo com uma fonte do setor, empresários têm passado a adotar procedimentos de segurança até então impensados, como guardar em recinto fechado materiais como bobinas de cabos metálicos, que anteriormente ficavam no canteiro de obras.
Na Áustria a polícia prendeu recentemente um grupo de quatro criminosos que desmontavam cabos metálicos de diversas instalações e transportavam para a Hungria, local de origem da quadrilha.
Também na Suíça a incidência tem aumentado. Apenas no cantão de Saint Gallen o roubo de metais gerou prejuízos de 100 mil euros em um período de apenas dois meses. Na França um caminhão carregado de metais foi roubado e o motorista ficou em cativeiro até que o produto fosse receptado em destino desconhecido.