Pesquisa acusa crescimento do ceticismo entre a população. Pela primeira vez, maior parte dos cidadãos crê que governo não conseguirá gerir crise migratória e desaprova o trabalho de Merkel para solucionar problema.
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Segundo uma sondagem divulgada nesta sexta-feira (15/01), a maioria dos alemães acredita que o país não conseguirá lidar com o grande afluxo de refugiados. A pesquisa, publicada pela cadeia de televisão alemã ZDF, também acusa um aumento da preocupação com a criminalidade e uma queda da confiança em relação ao trabalho da chanceler federal Angela Merkel na administração da crise migratória.
Pela primeira vez, a maior parte dos alemães acredita que o país não conseguirá gerir o afluxo de requerentes de asilo. De acordo com a pesquisa, 60% são dessa opinião – em comparação com 46% em dezembro –, enquanto apenas 37% confia que a crise migratória possa ser contornada.
Mesmo assim, uma maioria de 57% não acredita que uma proposta para determinar um limite de 200 mil refugiados a serem acolhidos – como defende a União Social Cristã (CSU), o partido irmão de democrata-cristãos de Merkel –, seja solução para o problema.
Preocupação com criminalidade
O aumento dos temores é tido, em parte, como uma consequência dos ataques sexuais contra centenas de mulheres ocorridos no réveillon em Colônia, supostamente praticados por homens de aparência norte-africana e árabe.
Quase um terço dos entrevistados admitiu que os ataques tiveram impacto sobre sua opinião quanto aos refugiados. Uma grande maioria – 70% dos entrevistados – teme um aumento da criminalidade em consequência do grande número de refugiados que chegam. Em outubro, 62% haviam expressado este receio. Apenas 27% não esperam um aumento da criminalidade.
Enquanto isso, 73% acreditam que as leis e os procedimentos para deportação de requerentes de asilo que cometem crimes devem ser reforçados e agilizados, denotando aprovação para as decisões nesse sentido tomadas recentemente pelo governo alemão.
Apoio a Merkel encolhe
Além disso, 42% acreditam que os refugiados representam uma ameaça para a cultura e os valores sociais alemães – em outubro, 33% tinham essa opinião –, enquanto 52% dos entrevistados não consideram os refugiados como uma ameaça.
O crescimento do ceticismo em relação aos refugiados também repercute na confiança dos eleitores quanto à competência de Merkel para lidar com a questão. A desaprovação ao gerenciamento da crise por parte do governo caiu sete pontos percentuais. Enquanto em dezembro 49%, dos entrevistados diziam que não acreditavam que Merkel administra bem a crise de refugiados, agora, 56% têm essa opinião.
A pesquisa foi realizada com 1.203 pessoas por telefone, entre 12 e 14 de janeiro.
MD/dpa/rtrg
2015, o ano dos refugiados
Nunca tantas pessoas estiveram em fuga como em 2015. Muitos delas seguiram para a Europa, com o objetivo de chegar à Alemanha ou à Suécia. Confira uma restrospectiva fotográfica do "ano dos refugiados".
Foto: Reuters/O. Teofilovski
Chegada à União Europeia
Esses jovens sírios superaram uma etapa perigosa da sua viagem: eles conseguiram chegar à Grécia e, assim, à União Europeia. O objetivo final, porém, ainda não foi alcançado: eles querem continuar a jornada para o norte, em direção a outros países-membros do bloco. Em 2015, a maioria dos refugiados seguiu para a Alemanha e para a Suécia.
Foto: Reuters/Y. Behrakis
Perigosa travessia do Mediterrâneo
O caminho que eles deixam para trás é extremamente perigoso. Vários barcos com refugiados, nem sempre aptos à navegação, já viraram durante a travessia do Mar Mediterrâneo. Estas crianças sírias e seu pai tiveram sorte: eles foram resgatados por pescadores gregos na costa da ilha de Lesbos, na Grécia.
Foto: Reuters/Y. Behrakis
A imagem que comoveu o mundo
Aylan Kurdi, de 3 anos, não sobreviveu à fuga. No início de setembro, ele se afogou no Mar Egeu, juntamente com o irmão e a mãe, ao tentar chegar à ilha grega de Kos. A foto do menino sírio, morto na praia de Bodrum, espalhou-se rapidamente pela mídia e chocou pessoas de todo o mundo.
Foto: Reuters/Stringer
Onde as diferenças são visíveis
A ilha grega de Kos, a menos de 5 quilômetros de distância da Turquia continental, é o destino de muitos refugiados. As praias geralmente cheias de turistas servem de ponto de desembarque, como no caso deste grupo de refugiados paquistaneses que chegou à costa da Grécia com um bote de borracha.
Foto: Reuters/Y. Behrakis
Em meio ao caos
Porém, muitos refugiados não conseguem simplesmente seguir viagem quando chegam a Kos. Eles somente podem seguir para o continente após serem registrados. Durante o verão europeu, a situação se agravou quando as autoridades fizeram com que os refugiados esperassem pelo registro num estádio, sob o sol escaldante e sem água.
Foto: Reuters/Y. Behrakis
Um navio para refugiados
Por causa da condições precárias, tumultos eram frequentes na ilha de Kos. Para acalmar a situação, o governo grego fretou um navio, que permaneceu ancorado e foi transformado em alojamento temporário para até 2.500 pessoas e em centro de registro de migrantes.
Foto: Reuters/A. Konstantinidis
"Dilema europeu"
Mais ao norte, na fronteira da Grécia com a Macedônia, policiais não permitiam mais a passagem de pessoas, entre elas crianças aos prantos, separadas de seus pais. Esta foto tirada pelo fotógrafo Georgi Licovski no local, e que mostra o desespero de duas crianças, foi premiada pelo Unicef como a imagem do ano, já que mostra "o dilema e a responsabilidade da Europa".
Foto: picture-alliance/dpa/G. Licovski
Sem conexões para refugiados
No final do verão europeu, Budapeste se transformou em símbolo do fracasso das autoridades e da xenofobia. Milhares de refugiados estavam acampados nas proximidades de uma estação de trem da capital húngara, pois o governo do país os proibira de seguir viagem. Muitos decidiram seguir a pé em direção à Alemanha.
Foto: picture-alliance/dpa/B. Roessler
Fronteiras abertas
Uma decisão na noite de 5 de setembro abriu caminho para os refugiados: a chanceler federal alemã, Angela Merkel, e o chanceler austríaco, Werner Faymann, decidiram simplesmente liberar a continuação da viagem por parte dos migrantes. Como consequência, vários trens especiais e ônibus seguiram para Viena e Munique.
Foto: picture alliance/landov/A. Zavallis
Boas vindas em Munique
No primeiro final de semana de setembro, cerca de 20 mil refugiados chegaram a Munique. Na estação central de trem da capital da Baviera, inúmeros voluntários se reuniram para receber os refugiados com aplausos e lhes fornecer comida e roupas.
Foto: Getty Images/AFP/P. Stollarz
Selfie com a chanceler
Enquanto a chanceler federal Angela Merkel era aplaudida por refugiados e defensores de sua política de asilo, muitos alemães se voltavam contra a política migratória. "Se tivermos de pedir desculpas por mostrar uma face acolhedora em situações de emergência, então este não é mais o meu país", respondeu a chanceler. A frase "Nós vamos conseguir" se tornou o mantra de Merkel.
Foto: Reuters/F. Bensch
Histórias na bagagem
No final de setembro, a polícia federal alemã divulgou uma imagem comovente: o presente que uma menina refugiada deu a um policial da cidade alemã de Passau. O desenho mostra o horror que vários migrantes vivenciaram e o quão felizes eles estavam por, finalmente, estarem em um local seguro.
Foto: picture-alliance/dpa/Bundespolizei
O drama continua
Até o final de outubro, mais de 750 mil refugiados haviam chegado à Alemanha. Mas o fluxo não parava. Sobrecarregados, os países da chamada Rota dos Bálcãs decidiram fechar suas fronteiras. Apenas sírios, afegãos e iraquianos estavam autorizados a passar. Em protesto, migrantes de outros países chegaram a costurar seus lábios.
Foto: picture-alliance/dpa/G. Licovski
Sem fim à vista
"Ajude-nos, Alemanha" está escrito em cartazes de manifestantes na fronteira com a Macedônia. Na Europa, o inverno se aproxima, e milhares de pessoas, entre elas crianças, estão presas nas fronteiras. Enquanto isso, até mesmo a Suécia retomou o controle temporário de fronteiras. Em 2016, o fluxo de refugiados deverá continuar.