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Crise no Irã

21 de junho de 2009

Reino Unido, Alemanha, França e EUA são acusados de interferir em assuntos internos do Irã. Chanceler federal Angela Merkel pede recontagem de votos da eleição presidencial que reelegeu Mahmud Ahmadinejad.

Conflito nas ruas de Teerã, durante o sábadoFoto: AP

As relações entre o Irã e as maiores potências ocidentais se agravaram neste domingo (21/06). Importantes autoridades iranianas voltaram a acusar países estrangeiros, principalmente o Reino Unido, a Alemanha, a França e também os Estados Unidos, de interferir na situação interna do país.

O aumento da tensão entre o Irã e o Ocidente acontece na sequência dos violentos protestos deste sábado, nos quais ao menos dez pessoas morreram e mais de cem ficaram feridas, segundo a televisão estatal iraniana.

As novas manifestações foram um desafio às autoridades iranianas. Na sexta-feira, o líder supremo do país, aiatolá Ali Khamenei, exigira o fim dos protestos e disse que o resultado do pleito, que reelegeu o presidente Mahmud Ahmadinejad, é legítimo.

Na noite de sábado, o candidato derrotado Mir Hussein Mussavi voltou a exigir a anulação da eleição. Ele disse que a fraude ameaça as bases da República Islâmica, numa clara afronta às declarações anteriores de Khamenei.

Ataques ao Ocidente

Neste domingo, Ahmadinejad atacou os Estados Unidos e o Reino Unido. Ele disse que, com suas "declarações prematuras", essas nações não se tornam amigas do Irã. "Por esse motivo, exijo que revisem sua postura intervencionista", afirmou.

O ministro iraniano das Relações Exteriores, Monachehr Mottaki, acusou o Reino Unido de complô contra a eleição presidencial iraniana. Há mais de dois anos que o país europeu conspira contra a eleição, declarou Mottaki a diplomatas estrangeiros em Teerã.

Segundo a emissora de televisão Press-TV, Mottaki disse ainda que "elementos" ligados ao serviço secreto britânico chegaram ao Irã antes da eleição. Também as posturas adotadas pela Alemanha e pela França foram criticadas por Mottaki. Ele disse que a França é uma "grande nação governada por anões".

Reino Unido nega acusações

O ministro britânico das Relações Exteriores, David Miliband, refutou as acusações de complô e ingerência e disse que os protestos oposicionistas no Irã não são manipulados ou insuflados por países estrangeiros.

O porta-voz do Parlamento iraniano, Ali Larijani, defendeu uma revisão das relações do Irã com a Alemanha, a França e o Reino Unido. Ele classificou como "vergonhosas" as declarações de líderes desses países sobre a situação no Irã.

Alemanha, França e Reino Unido conduzem, pelo lado europeu, as negociações sobre o polêmico programa nuclear iraniano.

Alemanha pede recontagem de votos

Na Alemanha, a chanceler federal Angela Merkel pediu a recontagem dos votos da eleição presidencial realizada no último dia 12 e que resultou na reeleição de Ahmadinejad. Ela declarou que a Alemanha está do lado dos iranianos "que desejam exercer seu direito de livre expressão e de liberdade de reunião".

Merkel pediu ainda que as autoridades iranianas não usem a violência contra os manifestantes, libertem oposicionistas detidos e permitam que a imprensa independente acompanhe os protestos.

O ministro alemão das Relações Exteriores, Frank-Walter Steinmeier, disse que as ações violentas contra os manifestantes são tão inaceitáveis quanto a repressão ao trabalho da imprensa internacional. "A disputa em torno da eleição presidencial deve ser encerrada o mais rápido possível. Isso inclui esclarecer as dúvidas sobre o andamento e o resultado da eleição", afirmou.

Imprensa

Neste domingo, autoridades iranianas expulsaram do país o repórter da emissora britânica BBC Jon Leyne, que atua como correspondente fixo em Teerã. Ele terá de deixar o Irã em até 24 horas por ter "apoiado" os protestos na capital, afirmou a agência de notícias Fars, próxima do governo.

Segundo a organização Repórteres Sem Fronteiras, 23 jornalistas e blogueiros foram detidos no Irã desde o início dos protestos. Entre eles está o presidente da associação de jornalistas do país, Ali Masrui, afirmou a ONG em Paris.

AS/dpa/afp/rtr
Revisão: Carlos Albuquerque

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