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Aumento das infecções preocupa Alemanha

6 de agosto de 2020

Desde o auge da epidemia no país, em abril, alemães não registravam tantas infecções diárias por coronavírus. Para muitos, o país já vive uma segunda onda. Governo corre para tentar conter avanço da doença até o outono.

Viajante é testado em Berlim
Viajante é testado em Berlim: quarentena e testes serão obrigatórios para quem voltar de regiões de riscoFoto: Reuters/F. Bensch

A Alemanha registrou nesta quinta-feira (06/08) o maior número de infecções diárias por coronavírus em três meses. Foram 1.045 novos casos em 24 horas, o que elevou a preocupação de que o país possa já estar passando por uma segunda onda da epidemia e de que o governo seja forçado a impor novamente restrições de movimentação.

Preocupa especialistas e o governo alemão, sobretudo, que as novas infecções não sejam fruto de um surto específico – como o ocorrido num matadouro no oeste do país, em meados de junho. Mas que os casos estejam espalhados por várias regiões da Alemanha, tornando difícil conter o vírus com confinamentos pontuais.  

"Temos que nos manter atentos, respeitar as regras", afirmou o ministro alemão da Saúde, Jens Spahn, nesta quinta-feira. "A pandemia ainda está longe de acabar".

O ministro demonstrou especial preocupação com as famílias que estão retornando de viagem – grande parte da Alemanha se encontra no momento em férias de verão. Isso, afirmou, pode elevar ainda mais o número de casos. Festas familiares e desrespeito ao distanciamento no ambiente de trabalho também foram apontados pelo ministro como fatores perigosos para o renascimento da epidemia na Alemanha.

O auge da pandemia na Alemanha foi no início de abril, quando o país estava registrando média de 6 mil novos casos por dia. A taxa de contágio, que vinha caindo continuamente desde então, voltou a subir em julho.

A partir do próximo sábado, como anunciou nesta quinta-feira Spahn, testes serão obrigatório para viajantes que tenham estado nas regiões classificadas como de risco pelo governo. A lista é atualizada continuamente pelo Instituto Robert Koch. Além de países onde a pandemia está em alta, como Brasil e EUA, ela tem atualmente, por exemplo, regiões da Espanha e do leste europeu.

A chefe da mais importante associação de médicos da Alemanha disse no início desta semana que o país já está lutando com uma segunda onda do coronavírus e corre o risco de desperdiçar seu sucesso inicial devido à não observância às regras de distanciamento social.

"Já estamos em uma segunda onda plana", disse a presidente da associação de médicos, Susanne Johna, em entrevista ao jornal alemão Augsburger Allgemeine publicada na terça-feira (04/08). "Existe o risco de que os sucessos que alcançamos até agora na Alemanha sejam desperdiçados com uma combinação de negação e desejo de retorno à normalidade."

Após um protesto em Berlim ter reunido milhares de pessoas contrárias às medidas de contenção impostas devido à pandemia, Johna comparou o uso compulsório de máscara com a obrigação do cinto de segurança em veículos, contra a qual também houve resistência popular quando foi introduzida.

As autoridades, incluindo o ministro Spahn, advertiram que será muito mais difícil controlar a propagação do vírus a partir do outono, o que torna ainda mais importante manter os números baixos enquanto o verão europeu se aproxima do fim. Na próxima semana, as escolas do país começarão a reabrir.

Testes obrigatórios

No sábado passado, o governo começou a oferecer testes gratuitos para viajantes que retornam ao país.

Viajantes chegados de países considerados de alto risco – atualmente a maior parte do mundo além da Europa, assim como Luxemburgo e partes do norte da Espanha – são obrigadas a ficar em quarentena por 14 dias, a menos que possam apresentar um resultado de teste negativo de no máximo dois dias.

Mas Spahn disse que, a partir de sábado, as pessoas que chegam das áreas de risco serão obrigadas a fazer um teste, a menos que tragam um novo resultado de um exame recém-feito na Europa.

"Estou muito consciente de que isso afeta as liberdades individuais, mas acredito que esta é uma intervenção justificável", disse Spahn.

O ministro descartou argumentos de alguns políticos de que as pessoas que podem arcar com os custos das férias também deveriam ter que pagar por seus próprios testes.

A resposta da Alemanha à pandemia tem sido amplamente considerada como bem-sucedida. O Instituto Robert Koch registrou 9.175 mortes em cerca de 213 mil casos confirmados – uma taxa de mortalidade bem mais baixa do que em países vizinhos.

RPR/dpa/ots

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