Radioatividade elevada na Europa vem da Rússia, diz IRSN
10 de novembro de 2017
Elevados níveis de radiação foram detectados no continente europeu entre setembro e outubro. Autoridades francesas afirmam que aparentemente acidente em território russo causou nuvem radioativa.
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Um aparente acidente em alguma instalação nuclear na Rússia é suspeito de ter causado o aumento nos níveis de radioatividade registrado na Europa, concluiu o relatório da agência de controle nuclear francesa divulgado nesta sexta-feira (10/11). A radiação foi detectada em diversos países europeus entre o final de setembro e o início de outubro.
As conclusões do Instituto de Radioproteção e Segurança Nuclear (IRSN) da França, estabelecidas com base nos níveis de radioatividade detectados em diversas estações de medição e dados meteorológicos, estimam que a fonte da nuvem radioativa estaria localizada na região entre o rio Volga – que nasce a noroeste de Moscou – e os Montes Urais – cordilheira que separa a Europa da Ásia.
O relatório afirma ainda que o monitoramento indicou o aumento da presença do isótopo rutênio-106. O IRSN destacou, porém, que essa emissão não representa riscos para a saúde pública ou para o meio ambiente.
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O episódio afetou a maioria dos países europeus entre os dias 27 de setembro e 13 de outubro. A partir das simulações, os pesquisadores franceses determinaram a região de origem do vazamento. Porém, não foi possível indicar um local exato. A agência também concluiu que o vazamento tem caráter acidental e aconteceu na última semana de setembro.
O instituto ressaltou ainda que tal incidente não é relacionado com um reator nuclear, devido à ausência de outros elementos que seriam liberados, se este fosse o caso.
Os cientistas franceses destacaram que, caso tivessem detectado em seu país as concentrações de rutênio-106 estimadas na região do foco entre o Volga e o Ural, teriam sido adotadas medidas para a evacuação da população num raio de vários quilômetros.
A agência afirmou também que os níveis máximos de concentração desse produto radiativo ultrapassaram os limites na região e podem contaminar os alimentos produzidos na área. Como medida de precaução, o IRSN recomendou que os alimentos importados dessas zonas sejam alvos de controles aleatórios.
Na semana passada, a agência alemã de proteção radiológica já havia indicado o aumento dos níveis de rutênio-106 em vários países europeus. Quando surgiram as primeiras informações que relacionavam a radiação a um eventual acidente na Rússia, a empresa estatal russa para a energia nuclear, Rosatom, negou qualquer ocorrência deste tipo nas suas instalações.
O rutênio-106 é usado na radioterapia para tratar de tumores oculares e também como fonte de energia para satélites.
CN/efe/lusa/ap
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Marie Curie, a primeira mulher a ganhar o Nobel
Há 150 anos nascia cientista que foi pioneira na pesquisa da radioatividade. Num período em que a ciência era dominada pelos homens, ela também foi a primeira pessoa a ser laureada com dois prêmios Nobel.
Foto: imago/United Archives International
Filha de educadores
Maria Salomea Sklodowska (no meio da foto, ao lado dos irmãos mais velhos Zosia, Hela, Josef e Bronya), mais tarde conhecida como Marie Curie, nasceu em 7 de novembro de 1867 em Varsóvia, quando a Polônia ainda fazia parte do Império Russo. O pai, Vladislav, era professor de matemática e física, e a mãe, Bronislava, era diretora de um colégio interno para meninas.
Foto: imago/United Archives International
Morte da mãe
A mãe, Bronislava, estudou no mesmo colégio interno para meninas onde mais tarde foi professora e diretora. Quando ela morreu, Maria tinha 13 anos.
Foto: imago/United Archives International
Melhor da classe
Maria terminou o ensino médio em 1883. Aos 15 anos, foi a melhor da classe. Mas naquela época a universidade era tabu para garotas na Polônia. Como seu pai não podia financiar um curso no exterior, ela dava aulas particulares a filhos de famílias ricas e ensinava filhos de camponeses a ler e escrever. Enquanto isso, frequentavas cursos organizados clandestinamente.
Foto: picture-alliance/dpa
Estudo em Paris e descoberta da radioatividade
Em 1891, ela se mudou para Paris, para estudar Física na Sorbonne. Na época, havia 23 mulheres entre os 1.825 estudantes da universidade. Foi nesse período que começou a ser chamada de Marie. Embora tivesse dificuldades com o idioma, ela passou em todas as provas. Em 1896, ela descobriu com o colega Henri Becquerell que o sulfato de potássio e uranila provocava manchas em chapas fotográficas.
Foto: picture-alliance/dpa
Paixão pelo colega de pesquisas
Em 1894, ela conheceu Pierre Curie, que então chefiava o laboratório de pesquisas da Escola Superior de Física e Química Industrial de Paris. A paixão comum pela pesquisa os aproximou tanto que eles se casaram em 26 de julho de 1895.
Foto: imago/Leemage
Pesquisas com substâncias radioativas
Marie continuou pesquisando a radioatividade. Entre outros, com este equipamento, o eletrômetro piezoelétrico, que pode medir a condutividade elétrica do ar contendo o elemento rádio. Em 1898, Marie e Pierre, usando um espectroscópio, conseguiram provar a existência do Polônio. O nome da substância é uma homenagem ao país natal de Marie.
Foto: imago/United Archives International
A tese de doutorado
Em 1903, Marie Curie publicou sua tese de doutorado sobre substâncias radioativas, o que causou grande alvoroço na comunidade científica. Em questão de um ano, a tese foi traduzida para cinco idiomas e publicada 17 vezes. Nesta época começam a se manifestar no casal Curie os primeiros sintomas pela forte exposição à radiação.
Foto: gemeinfrei
O Nobel de Física
Ainda em 1903, o casal Curie recebeu o Prêmio Nobel de Física, "em reconhecimento aos extraordinários serviços que desenvolveram com suas pesquisas conjuntas sobre os fenômenos da radiação descobertos pelo professor Becquerel".
Foto: gemeinfrei
Duas órfãs de pai
A primeira filha de Marie, Irene, nasceu em 1897. A segunda, Ève, nasceu em 1904. O pai, Pierre, morreu dois anos mais tarde, atropelado por uma carruagem. Por recomendação da faculdade, Marie Curie assumiu a direção do laboratório dirigido pelo marido.
Foto: imago/United Archives International
Pioneira não só na pesquisa
Marie foi a primeira mulher no mundo a receber, em 1908, uma cátedra de Física. Ela lecionou no Instituto do Rádio, fundado por ela e o marido em Paris. O instituto foi fundamental na definição de padrões internacionais de medição da radioatividade. Em homenagem ao casal, a unidade de medida chama-se curie. Em 1911, ela ganhou o Nobel de Química pela descoberta dos elementos rádio e polônio.
Foto: Getty Images/Three Lions
Contribuição durante a 1ª Guerra
Durante a Primeira Guerra Mundial, de 1914 a 1918, Marie dedicou-se em seu instituto a pesquisas para a medicina. Ela desenvolveu, por exemplo, unidades móveis de raio X, que os paramédicos podiam usar na frente de batalha. Na foto, aparecem Marie e a filha Irene com a Força Expedicionária Americana.
Foto: imago/United Archives International
Visita aos Estados Unidos
Em 1920, ela viajou aos Estados Unidos. A imprensa da época a celebrou mais como curandeira do que como pesquisadora. Além de visitar a Casa Branca (na foto, com o então presidente Warren Harding) e fazer um programa turístico, ela fez palestras a universitários e visitou institutos de pesquisa e empresas químicas.
Foto: imago/United Archives International
Empenho pela cooperação internacional
Durante a viagem, Marie Curie recebeu nove títulos honoris causa de universidades americanas. De volta à França, ela usou a fama para apoiar a recém-formada Liga das Nações e solicitar uma maior cooperação internacional no campo da pesquisa. Entre outras coisas, ela defendia diretrizes vinculativas para publicações, a proteção de direitos autorais e bolsas de estudo.
Foto: imago/United Archives International
Filha também ganhou Nobel
Marie morreu em 4 de julho de 1934, deixando a uma das filhas a paixão pela pesquisa. Irene, a mais velha, também se tornou uma física famosa. Na foto de 1963, ela aparece ao lado do marido, Jean-Frederic Joliot-Curie. Ambos receberam o Nobel de Química de 1935 pela descoberta da radioatividade artificial.