Aumento dos pedidos de asilo acende alerta nos países da UE
10 de novembro de 2022
Agência europeia relata alta preocupante nos pedidos de proteção em 2022, que já passam de 5 milhões. Números trazem ecos da crise migratória de 2015 e ameaçam sobrecarga nos sistemas nacionais.
Anúncio
O número de pessoas em busca de proteção internacional na Europa em 2022 atingiu níveis não vistos desde a crise migratória de 2015, quando mais de um milhão de pessoas chegou ao continente fugindo de conflitos, perseguições e da pobreza.
A Agência da União Europeia para o Asilo (EUAA) informou nesta quarta-feira (09/11) que, segundo os dados mais recentes disponíveis, somente no mês de agosto, em torno de 84,5 mil pessoas pediram asilo nos 27 países da UE, assim como na Noruega e na Suíça.
Quase um terço dos requerentes eram do Afeganistão e da Síria. Segundo a agência, também aumentou o número de pedidos feitos por marroquinos, turcos e indianos, assim como de pessoas de Bangladesh, Paquistão, Tunísia e Georgia.
Outros 255 mil, na maioria ucranianos, requereram alguma forma de proteção temporária, o que representa um aumento de 16% em relação ao mês de julho.
"Juntos, os pedidos de asilo e de proteção temporária ultrapassaram 5 milhões em 2022, até agora", informou a EUAA. A agência alertou que os dados sinalizam um risco de sobrecarga nos sistemas nacionais.
Em agosto, os pedidos de asilo feitos por afegãos e sírios aumentaram em torno de 30% em comparação a julho. Desde a tomada do poder pelo Talibã no Afeganistão, em agosto de 2021, foram 127 mil requisições encaminhadas por afegãos junto às autoridades europeias.
O número de crianças que viajaram sozinhas ou pediram proteção na Europa – na maioria afegãs ou sírias – também cresceu exponencialmente em agosto, para 4,7 mil, o que representa um aumento de 28% em relação a julho.
O terceiro maior grupo de requerentes de asilo veio da Turquia, país que nos últimos sete anos recebeu bilhões de euros em financiamentos europeus para ajudar a impedir a entrada de migrantes através das fronteiras da UE. Em agosto, foram 4,6 mil pedidos de asilo feitos por cidadãos turcos.
Anúncio
Ecos da crise de 2015
A EUAA diz que os números de agosto representam em torno da metade do registrado no final de 2015, quando os registros mensais chegavam a 170 mil.
A chegada em massa de refugiados sírios, na maioria dos casos, através das ilhas gregas, exacerbou a capacidade dos centros de acolhimento europeus e deu início a uma das maiores crises políticas da Europa. Os Estados-membros discutiram extensivamente quais países teriam maiores responsabilidades sobre os migrantes e de que forma os demais deveriam ajudar.
Mas, apesar das discussões, não foram encontradas soluções concretas, e as tentativas de reformar o sistema de asilo da UE não obtiveram progressos significativos, esbarrando na resistência de países como Hungria e Polônia.
Ainda persistem os desentendimentos entre os políticos europeus, com alguns países – como Itália e Holanda – sob forte pressão das entidades de direitos humanos em razão dos maus tratos dados aos migrantes em busca de asilo.
rc (AP, DW)
Mundo em fuga
Cerca de 68 milhões de pessoas se encontram atualmente em fuga: pelo mar, pelas montanhas, pelas estradas. A migração afeta todos os continentes. As rotas de fuga são as mais diversas. E todas são desoladoras.
Foto: Imago/ZUMA Press/G. So
Fuga por caminhão
O mais recente movimento migratório tem origem na América Central. Violência e fome levam milhares de pessoas a fugir de Honduras, Nicarágua, El Salvador e Guatemala. O destino: os Estados Unidos da América. Mas lá, o presidente Trump se mobiliza contra os imigrantes indesejados. A maioria dos refugiados permanece na fronteira mexicano-americana.
Foto: Reuters/C. Garcia Rawlins
Refugiados terceirizados
O governo conservador em Camberra não quer ter refugiados no país. Aqueles que conseguem chegar ao quinto continente são rigorosamente deportados. A Austrália assinou acordos com vários países do Pacífico, incluindo Papua Nova Guiné e Nauru, para alocar ali os refugiados em campos, cujas condições são descritas por observadores como catastróficas.
Foto: picture alliance/AP Photo/Hass Hassaballa
Os refugiados esquecidos
Hussein Abo Shanan tem 80 anos. Ele vive há décadas como refugiado palestino na Jordânia. O reino tem apenas dez milhões de habitantes. Entre eles, estão 2,3 milhões de refugiados palestinos registrados. Eles vivem, em parte, desde 1948 no país – após o fim da guerra árabe-israelense. Além disso, existem atualmente cerca de 500 mil imigrantes sírios.
Foto: Getty Images/AFP/A. Abdo
Tolerado pelo vizinho
A Colômbia é a última chance para muitos venezuelanos. Ali, eles vivem em acampamentos como El Camino, nos arredores da capital, Bogotá. As políticas do presidente Nicolás Maduro levaram a Venezuela a não conseguir mais suprir seus cidadãos, por exemplo, com alimentos e medicamentos. As perspectivas de volta a seu país de origem são ruins.
Foto: DW/F. Abondano
Fuga no frio
Pessoas em fuga, como estes homens na foto, tentam repetidamente atravessar a fronteira da Bósnia-Herzegovina para a Croácia. Como membro da União Europeia, a Croácia é o destino dos migrantes. Especialmente no inverno, essa rota nos Bálcãs é perigosa. Neve, gelo e tempestades dificultam a caminhada.
Foto: picture-alliance/A. Emric
Última parada Bangladesh?
Tempo de chuva no campo de refugiados de Kutupalong em Bangladesh. Mulheres da etnia rohingya, que fugiram de Myanmar, protegem-se com seus guarda-chuvas. Mais de um milhão de muçulmanos rohingya fugiram da violência das tropas de Myanmar para o vizinho Bangladesh, um dos países mais pobres do mundo e que está sobrecarregado com a situação. Este é atualmente o maior campo de refugiados do planeta.
Foto: Jibon Ahmed
Vida sem perspectiva
Muitos recursos minerais, solos férteis: a República Centro-Africana tem tudo para estabelecer uma sociedade estável. Mas a guerra no próprio país, os conflitos nos países vizinhos e governos corruptos alimentam a violência na região. Isso faz com que muitas pessoas, como aqui na capital, Bangui, tenham que viver em abrigos.
Foto: picture-alliance/dpa/R. Blackwell
Chegada à Espanha
Refugiados envoltos em cobertores vermelhos são atendidos pela Cruz Vermelha após sua chegada ao porto de Málaga. 246 imigrantes foram retirados do mar pelo navio de resgate Guadamar Polimnia. Cada vez mais africanos evitam agora a Líbia. Em vez disso, eles tomam a rota do Mediterrâneo Ocidental, a partir da Argélia ou Marrocos.
Foto: picture-alliance/ZUMA Wire/J. Merida
Refugiados sudaneses no Uganda
Por muito tempo, Uganda foi um país dilacerado pela guerra civil. Atualmente, a situação se estabilizou em comparação com outros países africanos. Para esses refugiados do Sudão do Sul, a chegada a Kuluba significa, sobretudo, segurança. Centenas de milhares de sul-sudaneses encontraram refúgio no Uganda.