Auschwitz lança site de pesquisa de vítimas do Holocausto
28 de novembro de 2024
Ferramenta online permite buscar informações sobre as vítimas do campo de concentração nazista, assim como detalhes sobre o transporte de prisioneiros para o lugar.
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O Memorial e Museu de Auschwitz-Birkenau, na Polônia, anunciou o lançamento de uma nova ferramenta online que permite pesquisar informações sobre as vítimas do campo de concentração nazista, assim como detalhes sobre o transporte de prisioneiros para o lugar.
Segundo um comunicado da instituição – sediada onde era o antigo campo de extermínio nazista de mesmo nome –, o novo site victims.auschwitz.org contém dados sobre 1.187 transportes de prisioneiros e 265.702 pessoas que podem ser consultados gratuitamente, sendo o resultado de "anos de trabalho" e da análise de "cerca de um milhão de documentos".
O diretor do museu, Piotr Cywinski, apresentou nesta terça-feira (26/11), a ferramenta "destinada a historiadores e a todos os interessados em história, tanto familiares das vítimas ou sobreviventes, como pessoas que queiram saber um pouco mais sobre este negro capítulo do passado".
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"Recuperar e mostrar a identidade de certas vítimas de Auschwitz é uma parte muito importante de nossa missão", lembrou Cywinski. "Porque os soldados da SS (corpo militar que dirigia os campos de extermínio nazistas) despojaram as vítimas da sua humanidade. ao destruir provas dos seus crimes, tentaram eliminar as suas identidades", acrescentou.
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Não são números, "têm nome, rosto e história"
"Para as autoridades do campo, as vítimas eram apenas números. Para nós, cada uma destas pessoas tem o seu nome, rosto e história", ressaltou o diretor do museu.
A ferramenta digital é o resultado de anos de trabalho da equipe de arquivistas e inclui uma cronologia dos transportes para Auschwitz, com informação sobre o número de pessoas deportadas, a gama de números atribuídos a homens e mulheres e o número de pessoas assassinadas nas câmaras de gás, entre outros dados.
O mecanismo de busca contém informações detalhadas sobre as deportações para o campo e o destino das vítimas. Os transportes individuais estão vinculados ao nome e sobrenome dos presos, permitindo aos usuários encontrar informações sobre pessoas específicas.
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Os usuários podem realizar suas próprias pesquisas por sobrenome, data de encarceramento no campo e local de deportação marcado em um mapa interativo. Além disso, os dados sobre o transporte de prisioneiros também são apresentados no mapa interativo, que mostra os locais de origem das deportações.
O site também usa dados de diversas fontes, como listas de transporte alemãs, memórias de poloneses deportados para Auschwitz e trabalhos acadêmicos.
No entanto, esclarecem, "a pequena percentagem de documentos de arquivo preservados significa que nem todas as vítimas são conhecidas pelo nome e sobrenome".
md (EFE, ots)
A arte e os horrores de Auschwitz
Exposição em Berlim mostra a obra de artistas que sobreviveram aos campos de concentração nazistas. Além de documentar atrocidades, eles fizeram arte.
Foto: Staatliches Museum Auschwitz-Birkenau in Oœwiêcim
Os artistas esquecidos
Enquanto a chamada "arte degenerada" dos artistas perseguidos pelo nazismo desperta atenção, quase ninguém conhece o trabalho dos artistas que estavam em campos de concentração. Pintores como Waldemar Nowakowski (foto) estão quase esquecidos. Por isso a importância do livro e da exposição "A morte não tem a última palavra", a ser aberta no prédio do Bundestag em Berlim, a partir de 27 de janeiro.
Foto: Staatliches Museum Auschwitz-Birkenau in Oœwiêcim
Horrores de Theresienstadt em gravura
Por mais de 15 anos, o autor, curador e historiador de arte Jürgen Kaumkötter se dedicou à arte dos perseguidos entre 1933 e 1945. Para isso, não considerou apenas quadros que surgiram nessa época, mas também aqueles que tematizaram os acontecimentos em retrospecto. Leo Haas executou esta gravura sobre Theresienstadt em 1947. Mas há também obras feitas no campo de concentração.
Foto: Bürgerstiftung für verfolgte Künste – Else-Lasker-Schüler- Zentrum – Kunstsammlung Gerhard Schneider
Pinturas no "museu do campo"
É sabido que artistas pintaram em Theresienstadt. Mas também em Auschwitz 1 houve um "museu do campo". Lá havia lápis, papel, pincéis à disposição dos artistas, para que executassem encomendas para a SS. Outros motivos surgiram secretamente. Em contrapartida, praticamente não há obras de arte oriundas de Auschwitz 2. Na foto: "Autorretrado de Marian Ruzamski", de 1943/44.
Foto: Staatliches Museum Auschwitz-Birkenau in Oœwiêcim
Imagem de sonhos em Auschwitz
O artista Jan Markiel criou esse retrato, em 1944, sem os materiais que tinha oficialmente à disposição em Auschwitz 1. A filha do padeiro do vilarejo próximo de Jawiszowice ajudou o prisioneiro trazendo pão e intermediando mensagens para a resistência. A têmpera utilizada pelo artista veio de pigmentos raspados da parede. O tecido grosso dos colchões de palha serviu como tela.
Foto: Staatliches Museum Auschwitz-Birkenau in Oœwiêcim
Testemunha dos crematórios
Em 1942, aos 13 anos, Yehuda Bacon (na foto, à dir.) veio para Theresienstadt e, em dezembro de 1943, para Auschwitz-Birkenau. Ele foi utilizado como mensageiro – podendo se aquecer nos fornos dos crematórios no inverno. O que testemunhou, ele relatou não somente durante o célebre Julgamento de Auschwitz em Frankfurt, mas também expressou nos desenhos que executou após a guerra.
Foto: Bürgerstiftung für verfolgte Künste – Else- Lasker-Schüler-Zentrum – Kunstsammlung Gerhard Schneider
Símbolo da morte
Yehuda Bacon mostrou esse desenho aos juízes em Frankfurt, como prova dos crimes cometidos em Auschwitz: chaminés retangulares dos crematórios, um chuveiro, pessoas que são apenas esboços. Para o historiador da arte Kaumkötter, esse desenho é um símbolo da morte nas câmaras de gás e da sepultura nos céus. Trata-se não somente de um testemunho, mas também de uma grande obra de arte.
Foto: Yehuda Bacon
A segunda geração
Michel Kichka é um dos cartunistas mais influentes de Israel. Em 2014, ele publicou a novela gráfica "Segunda geração – o que o meu pai nunca me contou", sobre o menino Kichka e o seu pai, sobrevivente de Auschwitz. Os traumas do pai passaram para o filho. Somente quanto ouve o pai contar piadas sobre o campo, Kichka consegue superar seus pesadelos.
Foto: Egmont Graphic Novel
Metáforas do Holocausto
Também os pais da artista israelense Sigalit Landau são sobreviventes do Holocausto, e o professor de desenho dela foi Yehuda Bacon, que trabalha até hoje como artista e professor de arte em Israel. Os trabalhos de Landau são repletos de alusões metafóricas ao Holocausto, como estes sapatos, que logo lembram a montanha de calçados que ainda hoje pode ser vista na exposição permanente de Auschwitz.
Foto: Sigalit Landau
A morte não tem a última palavra
Sigalit Landau coletou cem pares de sapatos em Israel e os afundou no Mar Morto. O mar os envolveu com uma camada de sal curativa – eles se tornaram símbolo da vida, em vez da morte. O desejo da artista era mostrá-los em Berlim, como sinal de que a esperança derrota o desespero. A mostra "A morte não tem a última palavra" está em cartaz até o dia 27 de fevereiro no prédio do Bundestag, em Berlim.