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Austeridade econômica desanima gregos

15 de fevereiro de 2012

Clima entre os gregos é de desânimo diante das duras medidas adotadas pelo governo para apertar os cintos. Europeus querem garantias de que arrocho será mantido após eleições no país, em abril.

Foto: Reuters

Apesar de terem animado os mercados, os planos gregos de austeridade econômica não foram nada bem recebidos pela população, que é quem mais vem sofrendo os impactos do aperto em sua economia.

Os planos também parecem não terem convencido as principais economias do bloco da moeda comum. A Alemanha agora exige dos governantes gregos que as medidas austeras sejam mantidas mesmo após as eleições no país, marcadas para abril.

Além dos alemães, holandeses e finlandeses, que também participam do fundo de resgate do país altamente endividado, ameaçam com o adiamento da liberação dos recursos da segunda rodada do pacote de ajuda financeira à Grécia.

"Quem autorizou estes políticos a concordarem com estas medidas?", reclama um comerciante de 45 anos, proprietário de uma pequena loja de cosméticos no centro de Atenas. Ele conta que votou no Partido Socialista à época porque o então candidato Papandreou – ex-primeiro-ministro grego – afirmara que a Grécia tinha recursos.

"Eles nos apresentaram outro programa, e não estas medidas radicais de austeridade. Estamos quebrados. Recebemos 600 euros e pagamos 500 de imposto na conta de energia", afirma.

Vândalos deixaram rastro de destruição e prejuízoFoto: Reuters

O homem está visivelmente nervoso. Ele aponta para o outro lado da rua. "Olhem aquilo, o que se pode dizer diante disso?". No local, duas lojas incendiadas por vândalos. Funcionários tentam retirar das janelas o que restou dos vidros quebrados. O comerciantes permanecem por lá perplexos e confusos. Eles culpam os políticos pelo caos.

Vandalismo

Nos conflitos no sábado passado – considerados os piores distúrbios desde 2008, quando um policial atirou em um rapaz de 15 anos – 45 prédios foram incendiados. O clima na Grécia, afirma a população, está pesado.

"É claro que precisamos pagar de volta o que os europeus nos emprestaram. Mas não há mais democracia por aqui. Fazemos apenas o que a Alemanha e a França querem que a gente faça", diz, demotivado, um grego de 50 anos. Ele acredita que seu país precisaria de mais tempo, para realizar as devidas reformas, e de menos pressão dos países vizinhos.

Da mesma maneira pensa uma advogada de 40 anos. Parada à frente do prédio incendiado, ela aparenta estar tocada com a situação. Policiais e bombeiros isolaram a área afetada – apesar de o fogo já ter sido totalmente apagado, ainda há riscos de o prédio desmoronar.

"Estamos quebrados", constata a jurista ao observar os restos do muro caído. "Isto é um crime! As pessoas vão perder seus empregos. Os protestos eram pacíficos, isso foi uma provocação". Indignada, ela se pergunta o que mais pode acontecer. "Os bancos podem tomar nossos apartamentos. E aí?", questiona.

Medo do futuro

"O pior ainda está por vir", profetiza um jovem romeno que ouve a conversa. Ele diz não querer fazer mais comentários, por não ser grego. A advogada fala mais alto: "Esperamos um milagre. De preferência, gostaríamos de voltar atrás no tempo, para antes da crise. Mas isso não é possível. Por isso eu acredito que o melhor seria se nós não ficássemos mais na zona do euro". Para ela, a Grécia deveria voltar a adotar a dracma. Isso faria, acredita, que os gregos se ajudassem mais mutuamente pois, agora, há muita insegurança.

Parte dos gregos defende que o país deixe a zona do euroFoto: picture-alliance/dpa

Um desempregado de 55 anos tenta não se resignar, apesar da falta de esperança. "A única coisa que ainda podemos defender é a nossa dignidade. Porque todo o resto pode nos ser tirado: nossa aposentadoria, nossos salários, nosso futuro".

Autora: Maria Rigoutsou (msb)
Revisão: Carlos Albuquerque

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