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Austrália adota tom conciliatório com a Indonésia

26 de fevereiro de 2015

Após telefonema, primeiro-ministro Tony Abbott diz que presidente Widodo "considera cuidadosamente" a posição da Indonésia sobre as próximas execuções no país. Dois australianos estão no corredor da morte.

Foto: Daniel Kalisz/Getty Images

O primeiro-ministro da Austrália, Tony Abbott, deu um fio de esperança aos dois australianos que aguardam a execução de suas penas na Indonésia ao afirmar que o presidente indonésio, Joko Widodo, está "considerando cuidadosamente" a posição da Indonésia sobre o caso.

Até agora, Widodo sempre defendeu com firmeza a execução por fuzilamento dos dois condenados, bem como de todos os demais que aguardam no corredor da morte, estrangeiros ou não.

Em tom conciliatório, Abbott disse nesta quinta-feira (26/02) ter conversado com seu "amigo" Widodo na noite anterior, ressaltando que o presidente indonésio "compreende completamente" a posição da Austrália. "E eu acredito que ele está analisando cuidadosamente a posição da Indonésia."

Mas Abbott se recusou a dar mais detalhes sobre o telefonema, alegando não querer despertar esperanças que podem acabar não se concretizando. "A conversa ter acontecido foi um sinal positivo", disse Abbott em Camberra. "É um sinal de profundidade da amizade entre Austrália e Indonésia."

Abbott despertou a ira dos indonésios ao relacionar seus pedidos de clemência dos dois australianos à ajuda de 1 bilhão de dólares concedida pela Austrália à Indonésia após o tsunami de 2004, que arrasou o arquipélago. O governo indonésio respondeu que ameaças não fazem parte do idioma diplomático.

Recursos negados

Nesta terça-feira, um tribunal indonésio rejeitou os recursos de Myuran Sukumaran, de 33 anos, e Andrew Chan, de 31, para tentar evitar a execução, que poderá ser realizada nos próximos dias. Membros da gangue Bali Nine, os dois foram presos em 2005 ao tentar entrar na Indonésia com heroína. A pena de morte foi sentenciada no ano seguinte.

Joko Widodo (e) vem negando insistentemente pedidos internacionais de clemência a estrangeiros condenados à morteFoto: Reuters/Antara Foto/Y. Mahatma

O presidente da Indonésia já afirmou que nenhuma intervenção internacional vai barrar as execuções dos dois australianos nem de nenhum outro estrangeiro. Insistentes apelos enviados por Austrália, Brasil e França – países com cidadãos inscritos na lista de próximos fuzilamentos – vêm sendo negados.

A execução do brasileiro Marco Archer Cardoso Moreira, de 53 anos, no mês passado, e a inclusão de Rodrigo Gularte, 42 anos, na lista de próximos a ser fuzilados, vem gerando atrito diplomático entre o Brasil e Indonésia. Como consequência, o governo indonésio estaria até mesmo reavaliando a compra de 16 aviões de combate Super Tucano da Embraer e de lança-foguetes brasileiros, segundo afirmou o jornal The Jakarta Post nesta semana.

O porta-voz do Ministério do Exterior, Armanatha Nasir, afirmou que seu país compreende os esforços dos representantes dos países dos estrangeiros condenados. E ressaltou que o canal de diálogo "continua aberto com o Brasil", assim como prevê "apenas boas coisas nas relações com outros países".

Onda nacionalista

As rusgas diplomáticas entre a Indonésia e outros países, por conta da pena de morte a cidadãos estrangeiros, vêm despertando uma onda nacionalista no país do sudeste asiático. Indignada após o primeiro-ministro australiano ter mencionado a ajuda financeira ao país vizinho após o tsunami, a população da Indonésia começou uma campanha de coleta de moedas em todo o país chamada "Trocados para Abbott".

A pena de morte a traficantes de drogas no país é popular entre os indonésio. No país, o problema das drogas é visto como uma grande ameaça social. Políticos de todos os partidos têm discursado a favor da pena capital.

MSB/afp/rtr

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