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SaúdeSérvia

Austrália investiga se Djokovic mentiu em formulário

11 de janeiro de 2022

Tenista declarou em documento para ingressar na Austrália que não havia viajado a outros países pouco antes de ir para Melbourne. Mas afirmação é contestada pelas próprias publicações do atleta nas redes sociais.

O tenista sérvio Novak Djokovic
Número 1 do mundo, tenista sérvio venceu a primeira batalha judicial, mas decisão final deve sair nesta quarta-feiraFoto: WILLIAM WEST/AFP

O tenista sérvio Novak Djokovic passou a ser investigado pelas autoridades australianas de fronteira por supostamente ter mentido em sua declaração de entrada no país, no dia 5 de janeiro. Publicações em mídias sociais indicam que o atleta estava em Belgrado no Natal e, depois, na Espanha, dia 4, antes de voar para a Austrália. Na Sérvia, sem máscara, ele teria participado de um evento com jovens tenistas um dia após ter supostamente testado positivo para covid-19.

Pelas regras australianas, Djokovic não poderia ter saído da Espanha a partir de 22 de dezembro e passado por outro país ao menos duas semanas antes de voar para a Oceania. Ele teria ido para a Sérvia e depois retornado para a Espanha. Sem comprovação de vacina contra a covid-19, o tenista disse que havia obtido uma isenção para entrar no país e jogar o Aberto da Austrália.

Conforme informações publicadas pelo jornal britânico The Guardian, Djokovic assinalou "não" quando questionado se havia viajado ou se viajaria ao menos duas semanas antes de ir para a Austrália, no formulário de imigração. No documento, consta que fornecer informações falsas é uma infração grave, passível de sanções civis, inclusive detenção.

Um dia após ter sido barrado no aeroporto e ter seu visto cancelado, Djokovic foi levado para um hotel junto a outros viajantes retidos na imigração australiana. Em entrevista a autoridades locais, ele disse que quem preencheu o formulário de imigração foi o seu agente, baseado em uma isenção médica que teria sido aprovada pela Federação Australiana de Tênis.

A decisão agora está nas mãos do ministro da Imigração, Cidadania, Serviços Migratórios e Relações Multiculturais da Austrália, Alex Hawke, que deve divulgar um parecer final sobre o caso nesta quarta-feira (12/01). Conforme um porta-voz do governo, "em relação ao processo, o Ministro Hawke analisará minuciosamente o assunto. Como a questão está em andamento, é inapropriado, por razões legais, tecer mais comentários sobre o assunto”.

Se Djokovic tiver o visto cancelado pelas autoridades australianas, ele terá de deixar o país imediatamente e deverá ser proibido de entrar na Austrália pelos próximos três anos.

Fachada do Park Hotel, em Melbourne, para onde Djokovic foi levado e ficou quatro dias junto a outros imigrantes barradosFoto: Hamish Blair/AP/picture alliance

Busca por título em meio a polêmica

Novak Djokovic lidera o ranking mundial masculino e busca o seu 21º título de Grand Slam na carreira. Ele venceu as últimas três edições e um total de nove vezes no Aberto da Austrália, que começa no dia 17 de janeiro. Uma liminar concedida pela justiça australiana na segunda-feira (10/01) liberou Djokovic para entrar no país.

Via Twitter, ele agradeceu ao apoio dos fãs e também ao juiz que concedeu sua liberação. "Apesar de tudo o que aconteceu, eu quero ficar e tentar competir. Sigo focado nisso. Voei para cá para jogar em um dos mais importantes eventos que temos, diante de torcedores incríveis”, escreveu o tenista na rede social.

A Austrália tem uma política que não permite o ingresso de quem não é cidadão australiano ou não mora no país e que não esteja totalmente vacinado contra a covid-19. Isenções médicas - como a que Djokovic argumentou ter apresentado - são aceitas, mas o governo australiano disse que o tenista não forneceu justificativa adequada para tal isenção.

Fotos e vídeos mostram Djokovic sem máscara atendendo a eventos públicos como uma cerimônia de premiação de tênis juvenil em Belgrado, depois de ter testado positivo. Conforme o protocolo sérvio, ele deveria ter ficado isolado por pelo menos 11 dias.

Caso virou questão diplomática

O gabinete do primeiro-ministro Scott Morrison informou que o líder australiano conversou com a primeira-ministra sérvia Ana Brnabic na segunda-feira e explicou a política de fronteiras não discriminatórias da Austrália. A mídia sérvia disse que Brnabic enfatizou a importância de Djokovic ser capaz de se preparar para o torneio.

Entre atletas e ex-atletas, as opiniões seguem divididas. O espanhol Rafael Nadal, que, tal qual Djokovic e o suíço Roger Federer, também tem 20 títulos de Grand Slams, classificou o episódio como "um circo” e disse que "a decisão mais justa” foi tomada.

Nick Kyrgios, que é a favor da vacinação contra o coronavírus, declarou que "sente-se envergonhado como atleta australiano devido ao que esse cara (Djokovic) fez por nós e pelo esporte”.

A ex-tenista americana Pam Shriver, no entanto, alertou no Twitter que a controvérsia pode sair do cunho jurídico e governamental e ir direto para as quadras do Aberto da Austrália: "Se ele jogar, as vaias serão ensurdecedoras”.

A opinião pública da Austrália, que enfrenta uma onda de infecções com a nova variante ômicron e tem mais de 90% da população adulta totalmente vacinada, tem se posicionado contra o jogador.

gb/AP/Reuters/EFE/ots

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