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Austrália vai matar 10 mil camelos selvagens

9 de janeiro de 2020

Autoridades afirmam que manadas sedentas têm invadido comunidades em busca de água em meio à seca prolongada, colocando grupos aborígenes em risco. Plano para eliminar animais prevê atiradores em helicópteros.

Wilde Kamele in Australien
Os camelos foram introduzidos na Austrália na década de 1840 por colonos britânicosFoto: Imago Images/UIG/N. Rains

Autoridades australianas anunciaram que vão abater até 10 mil camelos e dromedários selvagens que vêm se aproximando de comunidades no interior em busca de água em meio à seca prolongada que atinge o país.

De acordo com as autoridades, as manadas de camelos e dromedários em busca de água estão colocando em risco comunidades aborígenes nessas áreas. As cáfilas também estão competindo com animais nativos, como cangurus, pelas fontes de água cada vez mais escassas.

O plano para eliminar os animais prevê o uso de atiradores posicionados em helicópteros. Na Austrália, tanto os camelos como os dromedários selvagens são chamados de "camelos ferais australianos".

A Austrália sofreu com o ano mais quente e seco de sua história em 2019, o que causou incêndios florestais devastadores que continuam a consumir regiões do país e a ocasionar escassez de água em muitas comunidades. Pelo menos 2 mil casas foram destruídas e 25 pessoas morreram em incêndios desde setembro.

A matança de camelos e dromedários vai durar cinco dias e ocorrerá nos territórios de Anangu Pitjantjatjara Yankunytjatjara (APY), uma extensa área administrada por um governo local aborígene (AGL) e localizada no extremo noroeste do sul da Austrália. É a primeira operação desse tipo no estado.

Camelos estão competindo com animais pelas fontes de água Foto: picture-alliance/blickwinkel/U. Preuss

"Essas manadas em busca de água colocam em risco as comunidades aborígines dos territórios e animais da APY", explicou o comitê-executivo dos territórios da APY em um comunicado. De acordo com Marita Baker, membro do conselho executivo da APY, camelos estão derrubando cercas e invadindo casas para tentar obter água de aparelhos de ar-condicionado.

O Ministério do Meio Ambiente estadual, que defende o sacrifício dos camelos e dromedários, explicou que a seca também causou "sérios problemas ao bem-estar dos animais", pois muitos deles morreram de sede, ou ficaram feridos em confrontos ao competir por fontes de água.

"Em alguns casos, as carcaças de animais mortos contaminaram importantes fontes de água", disse uma porta-voz do Ministério.

Os camelos foram introduzidos na Austrália na década de 1840 por colonos britânicos para explorar ou transportar mercadorias antes da construção de ferrovias.

Cerca de 20.000 camelos e dromedários foram importados da Índia em aproximadamente 60 anos. Uma vez lançados no interior do país (Outback), onde não há predadores naturais, os camelos se reproduziram e se tornaram uma praga que contamina as fontes de água e ameaça áreas vulneráveis, a flora e a fauna.

Segundo estimativas oficiais, a Austrália tem mais de um milhão desses animais nas áreas centrais do deserto, a maior população de camelos selvagens do mundo.

Nos territórios do APY, os habitantes domam e vendem esses animais selvagens. Essa atividade econômica se tornou impossível, porém, devido ao número de camelos que se agrupam nas escassas fontes de água.

Essa situação motivou a decisão de eliminar 10 mil camelos e dromedários.

O canal público do ABC informou que os camelos serão abatidos e seus corpos queimados longe das aldeias.

O número de animais oscilou ao longo das décadas. Calcula-se que havia um milhão na década de 2000, mas a população diminuiu 25% no final dessa década devido à outra seca que causou escassez de água.

Em 2009, as autoridades implementaram um programa para controlar as cáfilas, e a população foi reduzida para 300.000 em 2013, após um massacre de helicópteros em uma área de mais de três milhões de quilômetros quadrados.

JPS/afp/ots

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