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Autópsia em espião russo foi a mais perigosa já feita

28 de janeiro de 2015

Segundo patologistas que examinaram corpo de Alexander Litvinenko, envenenado com polônio-210 em 2006, ação ofereceu risco elevado. Crítico do Kremlin, ele acusava Putin de ordenar sua morte.

Alexander Litwinenko im Krankenhaus in London Freies Format
Foto: AP

A autópsia realizada no corpo do ex-espião russo Alexander Litvinenko, envenenado com polônio há nove anos em Londres, foi a mais perigosa realizada no mundo. A afirmação foi feita nesta quarta-feira (28/01), segundo dia de audiências no processo que investiga sua morte.

Patologistas que conduziram a autópsia disseram ainda que provavelmente eles nunca descobririam a maneira como Litnivenko foi morto se testes incomuns não tivessem sido feitos pouco depois de sua morte.

"Um palpite inspirado" da polícia teria sido determinante para que cientistas nucleares fossem chamados para avaliar o caso. Dois dias antes da morte de Litvinenko, que durante 22 dias sofreu com as consequências da substância em seu organismo, testes para envenenamento por radiação alfa deram positivo.

O patologista que coordenou a autópsia, Nat Cary, afirmou desconhecer qualquer outra pessoa que tenha sido envenenada com radiação alfa tanto no Reino Unido quanto no mundo. "Esta foi provavelmente a autópsia mais perigosa já foi conduzida até hoje", afirmou Cary.

Os envolvidos no procedimento precisaram usar duas vestimentas brancas de proteção, luvas e máscaras especiais.

Chá envenenado

De acordo com a polícia britânica, Litnivenko morreu três semanas após tomar chá envenenado com polônio-210 em um hotel de luxo no distrito londrino de Mayfair – o Millennium Hotel. Acredita-se que o estabelecimento era administrado por dois russos: Andrei Lugovoy e Dimitri Kovtun.

Após tomar o chá, no dia 1 de novembro de 2006, o crítico do Kremlin passou a se sentir mal e teve dores no estômago. Ele perdeu todo o cabelo e morreu aos 43 anos em um hospital de Londres no dia 23 de novembro, por falência múltipla de órgãos.

Na abertura das audiências no Tribunal Superior de Londres, na terça-feira, os investigadores lembraram que Litvinenko disse à polícia que o presidente russo, Vladimir Putin, havia ordenado pessoalmente sua morte.

Segundo a viúva do ex-espião, a ordem seria, em parte, uma maneira de tentar encobrir as ligações do Kremlin com a máfia, as quais Litvinenko iria ajudar a agência de inteligência espanhola a revelar.

O governo russo e os dois suspeitos sempre negaram envolvimento na morte de Litvinenko.

MSB/rtr/afp

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