Autor do ataque de Nice tinha histórico de violência
15 de julho de 2016
Tunisiano era conhecido da polícia por roubo, violência armada e conjugal, mas não tinha registros de ligação com o terrorismo. Segundo vizinhos, ele era solitário, depressivo, instável e agressivo.
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O autor do ataque em Nice, no sul da França, que matou ao menos 84 pessoas com um caminhão nesta quinta-feira (14/07) foi identificado por autoridades como sendo o tunisiano Mohamed Lahouaiej Bouhlel, de 31 anos.
Nascido em 1985 na Tunísia, Bouhlel tinha permissão de residência na França e morava em Nice. Ele foi identificado por meio das impressões digitais. Apesar de não estar na lista de vigilância dos serviços de inteligência franceses, era conhecido pela polícia por "violência com arma, violência conjugal, ameaças de roubo, mas com nenhuma ligação com o terrorismo", segundo veículos da imprensa local.
Bouhlel era casado, tinha três filhos e estava em processo de divórcio e desempregado. De acordo com testemunhos de vizinhos recolhidos pela emissora BFM TV, a religiosidade dele "não era evidente", e ele foi descrito como depressivo, instável e agressivo nos últimos tempos, em meio a dificuldades financeiras.
Ainda segundo vizinhos, Bouhlel era uma pessoa "discreta e silenciosa", que costumava vestir bermuda e se locomover de bicicleta e num pequeno furgão que estacionava perto de seu apartamento. Ele seria um solitário, que nunca respondia aos cumprimentos dos vizinhos.
Acidente de trabalho
Bouhlel obteve permissão para conduzir veículos pesados há alguns meses e trabalhava como entregador para uma empresa em Nice. Há cerca de um mês ele sofreu um acidente após dormir ao volante e ficou, então, sob controle judicial.
Ele havia alugado o caminhão usado no ataque da noite desta quinta-feira três dias antes, segundo a emissora France 2. Uma empresa de Saint Laurent du Var, a poucos quilômetros de Nice, alugou o veículo ao suposto terrorista, que atuou, segundo apontam todos os indícios, de maneira premeditada.
No momento do ataque, Bouhlel portava uma arma de calibre 7.65, que ele usou antes de ser abatido pela polícia. No caminhão também foram encontradas armas automáticas e munição, além de um cartão de crédito e um celular, que podem ajudar nas investigações.
De acordo com a BFM TV, uma unidade da polícia especial francesa fortemente armada e investigadores forenses iniciaram buscas no apartamento de Bouhlel, no bairro de Nice Nord, na manhã desta sexta-feira. A esposa dele foi detida para ser interrogada.
As chocantes imagens do atentado em Nice
01:05
Lobo-solitário?
Investigadores tentam agora descobrir se se trata de um chamado lobo-solitário ou se o agressor tinha cúmplices em Nice, conhecida por sua ligação com a militância islâmica. Nenhum grupo terrorista reivindicou o ataque.
Segundo fontes de segurança da Tunísia citadas pela agência de notícias Reuters, Bouhlel era natural da cidade tunisiana de Msaken, que ele visitou pela última vez há quatro anos. As autoridades não especificaram quando o homem viveu no país pela última vez.
No ataque desta quinta-feira, Bouhlel avançou com um caminhão contra milhares de pessoas que estavam reunidas na famosa avenida à beira-mar Promenade des Anglais para acompanhar a queima de fogos de artifício por ocasião do Dia da Bastilha, feriado nacional francês.
"Nem o local nem a data são coincidência", disse Claude Moniquet, ex-agente da inteligência francesa e consultor de segurança, ressaltando a presença jihadista em Nice e o fato de que o 14 de Julho marca a Revolução Francesa.
LPF/efe/lusa/rtr/afp
Luto e tristeza após atentado em Nice
Cidade turística do sul da França amanhece de luto, enquanto investigadores tentam esclarecer os motivos do homem que matou 84 pessoas e feriu mais de 200.
Foto: DW/B. Riegert
Nice em luto
A cidade de Nice amanheceu em luto após o ataque, com sangue e destroços na avenida à beira-mar. Um pequeno memorial foi montado no local onde um caminhão avançou sobre a multidão que assistia à queima de fogos e comemorava o Dia da Bastilha, data nacional da França, na noite de 14 de julho. Mais de 80 pessoas morreram, entre elas dez crianças e adolescentes, e cerca de 200 ficaram feridas.
Foto: DW/B. Riegert
Homenagens ao redor do mundo
As homenagens às vítimas de Nice se estenderam mundo afora. Embaixadas francesas em várias capitais se tornaram locais de luto, recebendo flores e velas em suas portas. Franceses que moram em outros países também se reuniram para lamentar o ataque em sua terra natal. A foto mostra uma vigília em Sydney, na Austrália, nesta sexta-feira (15/07).
Foto: Reuters/D. Gray
Líderes condenam ataque
Líderes mundiais também lamentaram o ataque na cidade francesa. O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, declarou em comunicado que seu país se mantém firme na "solidariedade e parceria com a França, nosso mais antigo aliado". A chanceler federal alemã, Angela Merkel, e outros líderes presentes na cúpula do Diálogo Ásia-Europa, na Mongólia, dedicaram um minuto de silêncio às vítimas (foto).
Foto: picture-alliance/AP Images/D. Sagolj
Investigadores tentam entender
Na sexta-feira seguinta ao ataque, o motorista do caminhão foi identificado por autoridades como sendo o tunisiano Mohamed Lahouaiej Bouhlel, de 31 anos, que foi morto a tiros pelos policiais. Ele era casado, tinha três filhos e estava desempregado. Ainda não se sabe se se trata de um chamado lobo-solitário ou se o agressor tinha cúmplices em Nice. Nenhum grupo terrorista reivindicou o ataque.
Foto: Reuters/E. Gaillard
Veículo contra multidão
O caminhão de 19 toneladas percorreu a famosa avenida à beira-mar Promenade des Anglais logo após o fim da queima de fogos, por volta das 22h30. Segundo autoridades, o veículo andou dois quilômetros, avançando contra a multidão que acompanhava a festa. Na altura do hotel Negresco, o motorista do caminhão disparou contra três policiais, que revidaram e o "neutralizaram", disseram autoridades.
Foto: picture-alliance/AP Photo/S. Goldsmith
Momentos de pânico
Testemunhas em Nice relataram momentos de caos e terror durante o ataque. "Um enorme caminhão branco avançou a uma grande velocidade. Vi corpos voando como se fossem pinos de boliche", disse o jornalista Damien Allemand. "As pessoas tropeçavam e tentavam entrar nos hotéis, restaurantes, estacionamentos ou em qualquer lugar onde pudessem fugir da rua", contou a australiana Emily Watkins.
Foto: Getty Images/AFP/V. Hache
O caos que durou horas
As ruas de Nice, cidade turística na costa francesa, ficaram caóticas nas horas que se seguiram ao ataque. Equipes de resgates tentavam localizar sobreviventes e socorriam os feridos – entre eles crianças e idosos –, enquanto os hospitais ficaram sobrecarregados.
Foto: Getty Images/AFP/V. Hache
De braços erguidos
Em meio ao caos, sobreviventes levantavam seus braços para mostrar que não representavam ameaça. Até então, os investigadores não sabiam se o motorista havia agido sozinho, ou mesmo se novos ataques poderiam ocorrer na cidade.
Foto: Getty Images/AFP/V. Hache
"Estamos em guerra"
Após o atentando, a polícia tomou as ruas de Nice, depois chegaram os soldados. O presidente francês, François Hollande, anunciou que estenderia o estado de emergência no país por mais três meses. Já o ministro do Interior, Bernard Cazeneuve, que se deslocou para Nice, disse que a França está "em guerra contra os terroristas que querem nos atacar a todo custo e que são extremamente violentos".